Como a pandemia influencia o marketing de influência?

Eu não sei vocês, mas desde que o distanciamento social começou no Brasil, meu consumo de redes sociais aumentou bastante. Entre procurar informações, ter algum contato com pessoas queridas e, simplesmente, me entreter pra tentar escapar um pouco dessa realidade distópica que estamos vivendo, cheguei a passar umas boas 30 horas por semana entre o Instagram e o Twitter (ainda não me rendi ao TikTok, porque me acho um pouco velha e antissocial demais praquela rede, mas… daqui até tudo isso passar, tudo pode acontecer).

Com o passar das semanas (e o fim da alienação mor conhecida como BBB), fui dosando melhor meu tempo online e tentando focar em outras atividades. Mas uma coisa não dá pra negar: a internet se tornou o point de todos nós. Agora, tudo acontece aqui. E é natural que a gente queira estar presente para deixar aquele #EuFuiEuTava no checklist de acontecimentos da quarentena.

Obviamente, não ter a opção de sair de casa e sermos obrigados a concentrar a grande maioria das nossas interações numa tela traz à tona novos olhares e demandas para o conteúdo que é produzido, especialmente nas redes. Marcas e influenciadores digitais tiveram que se adaptar a uma realidade inteiramente inédita. Afinal, é a primeira vez que nós (que estamos vivos) lidamos com uma pandemia de alcance mundial. E é a primeira vez na história que isso acontece com todos conectados à internet.

Então, nesta coluna, resolvi escrever sobre o que eu notei de diferente na produção de conteúdo para as redes sociais nesse momento histórico. Entre propostas muito boas, uma infinidade de lives para assistir todos os dias e algumas grandes cagadas, a ideia é refletir um pouco sobre como a pandemia do coronavírus está influenciando o marketing de influência.

Bora?

O conteúdo agora é outro

Mais especificamente, a demanda de conteúdo agora é outra. Adaptar a linha editorial foi o primeiro passo a ser dado por quem tivesse o mínimo interesse em se manter relevante para um mundo quarentenado. Influencers de viagem e estilo de vida foram os primeiros a perceber que não daria pra continuar produzindo como antes.

Uma matéria da Wired do mês de abril retratou isso muito bem. A reportagem começa citando um microinfluenciador de São Francisco, na California. Na segunda semana daquele mês, Justin C. Blomgren publicou uma foto dele mesmo contemplando uma vista com a seguinte legenda: “Pra ser sincero, eu meio que não tenho mais nada pra dizer… Mas aqui está uma foto para mostrar que estou vivo e saudável”.

 
 
 
 
 
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Tbh, I’ve sort of run out of things to say… but here’s a photo showing I’m alive and healthy 👦🏼👋🏻 Comment a fun emoji to let me know you’re makin it 🤪⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ #highway1 #californiadreaming #californication #beachvibes #socialdistancing #sunsetlover #stayhome #washyourhands #quarantine #covid19 #findinghappiness #gaysofinstagram #selfquarantine #coronavirus #sanfrancisco #optimistic

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O post do rapaz é um bom exemplo do que o coronavírus provocou no mercado da influência. Como “influenciar” sem ter algo de relevante a dizer sobre o momento? A situação não se resume a não poder viajar ou frequentar bares, restaurantes e áreas VIPs de festas e festivais. E o marketing de influência é largamente pautado por uma comunicação que — cedo ou tarde — será focada em vendas. Logo, num período de instabilidade econômica e incertezas das mais variadas, sugerir que as pessoas gastem dinheiro com algum produto ou serviço tem um ‘peso’ ético ainda maior.

No início do isolamento, em março, a BRUNCH e a YOUPIX fizeram uma pesquisa com 164 marcas e 554 creators para entender como essas duas partes estavam pensando em lidar com a pandemia. As respostas resultaram no relatório Marketing de Influência em tempos de pandemia de Covid-19. E outra empresa, a Social Miner, lançou o material O que mudou no comportamento do consumidor, focando na relação de quem compra com o e-commerce.

O relatório da YOUPIX mostra que 70,3% das marcas pausaram ou cancelaram campanhas para reajustar a estratégia, que passou a priorizar posicionamento e awareness. Na outra ponta, 52,4% dos influenciadores tiveram trabalhos cancelados por causa da Covid-19. Ainda assim, o marketing de influência é uma das principais apostas das marcas para o momento, visto que 78,5% delas afirmaram que devem manter o investimento.

Muito do que é abordado nos relatórios, já podemos ver acontecendo na prática. Diversas marcas têm usado influencers e celebridades para campanhas e produção de conteúdo voltados à pandemia e suas implicações diretas e indiretas na vida e na rotina das pessoas. Ana Paula Passarelli, que é cofundadora e COO da BRUNCH, avaliou no material: “Criadores de conteúdo podem ser os maiores aliados das marcas em momentos de crise, em especial por terem laços de confiança bem estabelecidos com suas comunidades”. E é realmente nisso que as marcas estão apostando.

62% dos influenciadores que responderam à pesquisa afirmaram que iriam mudar o foco da criação e falar sobre a Covid-19 e seus efeitos nos seus nichos de trabalho. 49,4% deles apontaram que iriam produzir mais conteúdo do que o normal nesse período. Ainda: 42,7% disseram ter sofrido com as notícias e perdido o foco na criação e 51,5% não têm reservas emergenciais e teriam impacto direto nas finanças.

Conscientização e rede solidária

O levantamento da YOUPIX sugere um plano de ação que foca em três pilares de conteúdo: conscientização, consumo consciente e comunidade. Logo no início da quarentena, mais de 2 mil influenciadores participaram das campanhas #VamosPararOBrasil e #RendaBásicaJá, que visavam alertar sobre a importância de ficar em casa e tentar garantir que quem não pudesse trabalhar tivesse apoio do governo (o que culminou na aprovação do Auxílio Emergencial). Mais recentemente, muitos se engajaram na iniciativa #AdiaEnem, que também teve resultado positivo.

Informações sobre como lidar com o vírus e o isolamento, saúde mental, segurança e como doar para instituições que atendem pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade também entraram nas linhas editoriais. Rapidamente, o Instagram se tornou a Netflix das lives. Todos os dias, em vários horários, há uma grande quantidade de opções de entretenimento por ali. Tanto que uma atualização recente do aplicativo permite que os usuários postem as transmissões diretamente no IGTV assim que elas são encerradas. Muitos perfis, inclusive, vêm sendo liberados para lives mais longas que o limite de 60 minutos estipulado pela plataforma.

E o formato não parou por aí. Em março e abril, alguns artistas e profissionais da música organizaram festivais online pelo próprio Instagram, com shows caseiros e com pouquíssima produção. Quando ficou evidente que o isolamento seguiria por mais algum tempo, as lives começaram a migrar para o YouTube (com aplicativos para televisão, a experiência ficou mais grandiosa), com uma produção mais avantajada, patrocínios e a criação de uma rede solidária.

Com isso, marcas de bebidas, lojas de departamento e outros segmentos de empresas têm a oportunidade de manterem frescas na memória das pessoas — assim como os artistas —, quem está em casa se diverte (mesmo sem sair) e todos podem contribuir para que diversas instituições recebam doações e recursos para ajudar quem precisa.

F*da-se a vida!

Evidentemente, a gente não passaria por essa pandemia sem algumas bolas fora. A começar pelas performances cheias de “boas intenções” de celebridades gringas cantando Imagine e brasileiras cantando Trem Bala em vídeos caseiros e com edição simplista. As mensagens de “somos todos iguais” e “estamos no mesmo barco” foram amplamente criticadas e muita gente também se incomodou com os discursos de positividade feitos em mansões e casas de praia enquanto, para a maioria das pessoas, ficar em casa é um grande sacrifício, inclusive financeiro.

Aqui no Brasil, tivemos o caso vergonhoso da influencer fitness Gabriela Pugliesi, que deu uma festa durante a quarentena e, não satisfeita, registrou a reunião clandestina em uma sequência de Stories cheios de deboche, chegando ao cúmulo de gritar “f*oda-se a vida!” para a câmera. O fato foi comentado a fundo num episódio do Braincast que, inclusive, contou com a participação da Bia Granja, da YOUPIX.

Cancelada por causa da festinha, Pugliesi (que teve Covid-19 em março) perdeu vários contratos, assim como outras influenciadoras que estiveram no evento. A repercussão negativa fez com que mais de 100 mil pessoas parassem de segui-la. E só não foi mais porque ela desativou a conta quando percebeu que o número estava caindo — um truque já conhecido por influenciadores que são frequentemente cancelados na internet.

Essa não foi a única cagada dos influenciadores nessa pandemia. Teve uma moça que mandou um “covid-se” numa legenda de um publipost, teve microinfluenciador mostrando nos Stories que estava se cadastrando para receber o Auxílio Emergencial, teve outro que disse ter se candidatado ao Auxílio para comprar cestas básicas para doação com o dinheiro (???), enfim… Não dá pra esperar maturidade e bom senso de todo mundo, né?

E os ex-BBB, hein?

Outra turma que precisou se reinventar e, certamente, (a maioria deles) terá grandes desfalques no faturamento é a dos ex-BBBs. Geralmente, quem sai primeiro do programa já tem mais dificuldade de se manter na mídia. Dessa vez, quem saiu depois também vai ter que se esforçar muito pra conseguir se consolidar como influenciador. Isso porque, com o cancelamento ou adiamento dos eventos, eles perderam a chance de garantir os cachês de presença VIP típicos de quem participa do reality.

Alguns deles já saíram da casa com a imagem um pouco negativa e, por não poderem ter um contato mais direto com o público, podem perder o timing para reverter o cenário. Sem os eventos presenciais, os influenciadores de primeira viagem estão se virando nas redes sociais, fazendo e participando de lives e publicando posts patrocinados. No entanto, nem todos estão conseguindo fechar contratos com grandes marcas. 

Uma estratégia usada por alguns ex-BBBs que vi sendo criticada é a dos sorteios de iPhones e outros produtos. Basicamente, para participar, a pessoa tem que seguir mais 50 perfis (identificados como patrocinadores do sorteio). Para quem trabalha com marketing de conteúdo e redes sociais pensando em criar resultados sólidos a longo prazo, isso é quase um crime. Afinal, essas contas ganharão vários seguidores sem nenhuma qualificação para se tornarem consumidores — agora ou no futuro —, pois não estarão interessados no que esses perfis têm a dizer e, sim, no prêmio. O Felipe Pacheco comentou sobre isso em detalhes.

Entre os participantes que entraram anônimos, quem se deu bem mesmo foi a Marcela McGowan, que vendeu mais de R$ 1 milhão em acessos ao seu curso online sobre sexualidade feminina enquanto ainda estava na casa e parece estar conseguindo reconstruir a imagem do início do programa; e a Thelminha Assis, que além de vencer a temporada, está produzindo e sendo convidada para diversas lives, fechou boas parcerias publicitárias e, ainda, ganhou um quadro no programa É de Casa, na Globo.

O que, pra mim, deu certo

Tem gente que gosta de falar que “crises são oportunidades disfarçadas” e que “é nesses momentos que a gente mostra a nossa criatividade” etc. Não concordo 100% com essas afirmações porque acho que, às vezes, crises são só crises mesmo. Você pode aprender com elas, claro, mas tem hora que coisas ruins acontecem simplesmente porque acontecem. Tá no contrato da vida.

Dito isso, vi muita coisa legal surgir nas redes sociais nesses mais de dois meses e sei que essas ideias só viraram alguma coisa porque alguém pensou que elas seriam boas formas de lidar com a pandemia e tudo o que ela causa na gente. Se o coronavírus impactou o mercado, alguns creators souberam se virar muito bem. Além disso, muitos artistas e pessoas anônimas, que nem tinham a pretensão de influenciar alguém, começaram a fazer parte das nossas rotinas de isolamento.

Uma iniciativa que deu muito certo foi o programa Some Good News, do ator e cineasta John Krasinski. Como boa fã de The Office e do Jim Halpert, eu soube da ideia desde o começo, quando ele foi ao Twitter pedir que seus seguidores o enviassem algo de positivo que tivesse acontecido em suas vidas desde o início da quarentena. Com o intuito de focar em boas notícias, ele fez um canal no YouTube e criou uma paródia respeitosa de telejornal em seu escritório.

Com periodicidade semanal, o canal ganhou mais de 2,5 milhões de inscritos em apenas dois meses. O ponto alto foi o episódio em que John reuniu o elenco do seriado no Zoom para oficializar o casamento de dois fãs. No vídeo, os atores reproduziram a cena do flash mob da música Forever, do cantor Chris Brown, que marcou a cerimônia de Jim (John Krasinski) e Pam (Jenna Fischer). O enredo foi inspirado em um viral de 2009. Jenna foi a madrinha do casório virtual.

O ator encerrou o noticiário na semana passada, mas, logo depois, conseguiu vender o formato para a emissora CBS. Krasinski vai atuar como produtor executivo, mas não será o apresentador nessa nova fase.

Outra ideia interessante é a dos microinfluenciadores Jeska Grecco e Leandro Neko. Ela é conhecida por ser coautora da série O Livro do Bem e por integrar o trio do podcast Imagina Juntas, ele é músico e os dois são casados há um ano. Desde que entraram em quarentena, eles começaram a fazer o podcast Diário de Bordo, no qual, todos os dias falam (em episódios de 20 a 30 minutos) sobre as dores e as delícias de conviverem um com outro 24 horas por dia. Os tópicos já variaram entre tudo que se possa imaginar dentro de um universo de confinamento em casal e, mesmo para quem está passando a “carentena” solteiro(a), dá pra se reconhecer em várias das situações.

Voltando um pouco às lives, vários artistas continuam fazendo transmissões não patrocinadas pelo Instagram, como é o caso da sambista Teresa Cristina. Diariamente, às 22 horas, ela entra na rede do Tio Zuck para papear com o público e cantar, sem acompanhamento, músicas de seu repertório e de outros artistas. Algumas chegam a ter mais de 5 horas de duração e contam com a participação de diversos amigos da cantora. De uns tempos pra cá, elas começaram a ser temáticas, com músicas de novelas, sambas-enredos, homenagens a Rita Lee, Cazuza, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, entre outros.

Outras lives que têm valido muito a pena para quem “frequenta” o Instagram são a Isso não é Noronha, da atriz Maria Ribeiro, que acontece  todos os dias, às 19h30; o festival de aprendizagem Tamo Junto, da Perestroika; e (para quem foi adolescente no início dos anos 2000, como eu, e curte conteúdos nostálgicos), a atriz Samara Felippo está promovendo uma série de conversas com atores do elenco de Malhação, das temporadas de 1999 a 2001.

Pra finalizar, uma ideia que começou como uma brincadeira, mas já conta com 185 mil seguidores: o perfil Chefs na Quarentena. Um grupo de amigas resolveu aprender a cozinhar durante o isolamento e, quando as receitas não deram certo, elas criaram a conta para compartilhar os desastres e dar algumas risadas. Agora, vários chefs aventureiros mandam as evidências de suas tentativas frustradas no mundo da gastronomia e as administradoras fazem uma curadoria bastante divertida.

Não tem receita, mas dá pra saber o que não fazer

Uma das principais moedas de troca do marketing — especialmente o de influência — é a atenção das pessoas. Com a atenção se conquista a confiança. E, da confiança, vem a venda. Nesses dois meses e meio, muita coisa mudou. Os interesses e as prioridades das pessoas estão sendo repensados a cada segundo e o conteúdo que não gerar valor (seja ele informação, conscientização ou puro entretenimento) pode não sobreviver ao unfollow.

É um território inexplorado, mas, como os relatórios e pesquisas comprovam, existe um norte; e cabe aos criadores de conteúdo fazer testes e desafiar a própria criatividade diante das limitações de recursos e cenários do momento. E vale também usar e abusar do bom senso. O objetivo mais latente, de imediato, deve ser tentar criar conexões genuínas com as suas audiências.

Minha aposta é que a era do essencialismo chegou ao marketing de influência e, agora, mais que ‘forçar’ um estilo de vida autêntico, é necessário, de fato, ser verdadeiro com o público, compartilhar — principalmente — as vulnerabilidades e se mostrar pronto para ouvir e ajudar. Se o nicho precisava de um ponto de ruptura, ele chegou sem mandar aviso. As pessoas estão mais atentas do que nunca ao que consomem. E isso vale para o conteúdo e para os produtos.

#AparelhandoAQuarentena: conteúdo original para conhecer, revisar e colocar em prática

Olá, quarenteners!

Giovanna aqui.

Bem, como vocês sabem: coronavírus, pandemia, quarentena, isolamento social e todo mundo em casa procurando o que fazer para não enlouquecer pensando no quanto estamos ferrados.

Esta semana, o Henrique e eu conversamos e decidimos dar uma pausa na produção de reportagens especiais. Como o rolê da pandemia está muito latente e mexendo com as nossas vidas de todas as maneiras imagináveis, achamos melhor guardar as histórias que queremos contar para um momento menos turbulento.

Ao mesmo tempo, queríamos que o Aparelho estivesse presente para vocês de alguma forma nesse período de inúmeras incertezas. Então, dei uma vasculhada em tudo o que já foi publicado por aqui e criei esta lista para que vocês possam conhecer, revisar e/ou colocar em prática algo que acabou ficando sem a devida atenção quando foi ao ar.

Eu sei que está cheio de live e cursos da hora pela internet esses dias (e isso é muito, muito legal), mas tem muita coisa boa por aqui também. Ah, marquei com uma ⭐ os materiais que considero especialmente valiosos nesse cenário que estamos vivendo. Esperamos que a listinha seja útil.

Se cuidem, lavem as mãos e fiquem em casa. 😉

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A ascensão e a queda de Marcela (no BBB e no Instagram)

Quando o BBB 20 começou, em meados de janeiro, muitos de nós fomos instigados a assistir por causa da dinâmica inusitada apresentada por Boninho, Tiago Leifert e cia. para esta edição comemorativa do programa. A ideia de juntar anônimos e influencers na “casa mais vigiada do Brasil” não só atiçou as expectativas dos fãs do reality como alavancou o fluxo de seguidores dos convidados pra frente da TV.

E o novo formato também se mostrou interessante para quem trabalha com conteúdo, visto que estratégias de marketing elaboradíssimas começaram a ganhar a internet. Manu Gavassi, Bianca Andrade e Pyong Lee — que já tinham audiências parrudas no Twitter, Instagram e YouTube — deixaram vídeos, clipes musicais, ensaios fotográficos de looks usados na casa, posts patrocinados, anúncio de turnê e narrativas inteiras prontas aqui fora.

Mas foi o posicionamento de marca de uma das participantes — até então — anônimas que mais me chamou a atenção: o da médica Marcela McGowan. Ao que me parece, ela foi a única entre os desconhecidos a entrar no programa com algum planejamento prévio mais estratégico, tanto para o jogo quanto para as redes sociais.

No momento de sua entrada, ela afirmou ter (em uma conversa dentro da casa) 26 mil seguidores no Instagram. Isso indica que a sister já tinha certa influência na rede, enquadrando-se na categoria dos microinfluenciadores (aqueles que têm entre 10 mil e 100 mil seguidores).

 
 
 
 
 
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O fato de já ter uma considerável audiência explica o perfil de Marcela já contar com uma identidade visual definida, slogan próprio com hashtag (#DraUnicornio) e algumas séries de conteúdo. Analisando o perfil, nota-se que essa guinada é recente, iniciada no segundo semestre do ano passado (possivelmente em meio ao processo de seleção do BBB), e é justificada pelo lançamento de seu curso online “O Prazer é Todo Meu”, voltado para sexualidade feminina — uma de suas áreas de especialização.

Até esse ponto, os posts eram de cunho mais pessoal (apesar de ter fotos muito bem produzidas), porém, já com algumas reflexões sobre a bandeira que impulsionou sua ascensão meteórica nas primeiras semanas e, agora, catalisa a queda de sua popularidade no programa e, também, nas redes: o feminismo.

[Antes de continuar, quero destacar que não é meu papel, e nem a intenção do texto, julgar a conduta da Marcela ou de qualquer outro participante do BBB. Muitas coisas aconteceram por lá — inclusive, casos de polícia —, mas o objetivo aqui não é “cancelar” ninguém (essa tarefa deixo pro pessoal do Twitter e, em algumas situações, pra justiça). O BBB tem sido a alienação que tem salvado a sanidade de muita gente nesse início de ano kamikaze (oi, coronavírus e dólar a R$ 5,00). Então, acho que vale tentar interpretar alguns comportamentos e tirar algum conhecimento ou aprendizado dessa loucura toda 😉]

O famigerado teste de fidelidade

Marcela entrou na casa com um personagem montado. Não digo isso como algo ruim, pois ela sabia muito bem quais de suas características e habilidades queria mostrar no programa e projetar em suas redes. Já em sua chamada, antes do reality começar, rotulou-se como feminista e destacou seus focos profissionais, deixando claro que não hesitaria em tretar com os “héteros top”. Ela também se apresentou ao público como bissexual.

 
 
 
 
 
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Logo na primeira semana, já assumiu alguma notoriedade, sendo responsável — junto com suas aliadas Gizelly e Thelma — pela ida de Lucas Chumbo (primeiro eliminado) ao paredão. Na semana seguinte, ao buscar (novamente com Gizelly) outros aliados para o jogo, se viu presenteada pelos “machos” da casa com uma narrativa que parece ter sido desenhada a mão para sua estratégia: o teste de fidelidade com as “famosas comprometidas”.

Graças a esta tática falida, a médica foi acolhida pelo público e se tornou a participante anônima de BBB a chegar em menos tempo à marca de 1 milhão de seguidores. Feito alcançado com 13 dias de programa. No dia seguinte, ela ultrapassou a contagem dos 2 milhões. E continuou crescendo, passando dos 4 milhões em outras poucas semanas.

O cavalo-de-troia da Casa de Vidro

Como era de se esperar, o plano dos homens gerou conflitos. Mas, devido às acusações atribuídas ao ginasta Petrix (segundo eliminado), a saída de Hadson (participante responsabilizado pelo teste) acabou sendo adiada. Assim, o público encontrou uma maneira de avisar as mulheres que a estratégia machista realmente existiu: enviar as informações para dentro da casa com a ajuda dos participantes na Casa de Vidro.

Daniel e Ivy entraram, passaram a resenha da eliminação de Petrix — entre outras coisas — e o plano maligno foi desmascarado. O que o público não esperava — e Marcela e sua equipe de marketing também não — era que ali seria o ponto de virada da popularidade da “fada sensata” (expressão que, inclusive, tem que acabar!). Isso porque as informações de fora começaram o desfecho de narrativa mais longo (creio eu) da história do programa.

O grupo de meninas que acreditaram na história do teste de fidelidade desde o começo se aliou a Pyong e aos mensageiros recém-chegados para fazer uma fila de eliminação dos “machos escrotos”; uma jornada de ao menos um mês de programa, considerando que ainda faltavam quatro deles para darem adeus ao jogo.

Ironicamente, foi nesse momento que Marcela atingiu o ápice de seu favoritismo. Com a história devidamente corroborada, o caminho estava aberto para que ela fosse a “cabeça” da pauta feminista. Suas falas começaram a ser divulgadas à exaustão por sua crescente torcida, e logo foram reproduzidas por influenciadores, artistas e até mesmo políticos aqui no mundo real. Não demorou para ela ser considerada a campeã antecipada da edição.

Na web, sua equipe cuidava de enaltecer suas atitudes na casa, levantar hashtags no Twitter, interagir com o público, comemorar as metas de seguidores, vender cópias do curso online e até mesmo agendar a presença dela em eventos marcados para depois que o programa terminasse. Isso, vale destacar, sempre utilizando conteúdo previamente planejado e produzido, intercalado às oportunidades de postagens engatilhadas pelo roteiro do BBB.

Só que o tombo veio para Marcela — e mais rápido do que todo mundo esperava. Não precisa ser um(a) grande contador(a) de histórias pra perceber que a linha de raciocínio do grupão ia dar errado: narrativa nenhuma — considerando a estrutura de um reality como o BBB — dura tanto tempo para ser resolvida após o clímax. O conflito foi desvendado, os vilões foram desmascarados e, mesmo que nem todos tivessem “pagado pelo crime” ainda, os produtores precisavam manter o público entretido. Ou seja, novas narrativas surgiram e/ou foram criadas.

De fada a falsa sensata

Depois de descobrir que já havia conquistado mais de 2 milhões de seguidores no Instagram e que o público confiava em sua versão dos fatos, a participante engatou um romance com o mesmo Daniel que lhe trouxe as boas novas. O relacionamento não agradou por dois motivos: muita gente esperava que Marcela e Gizelly formassem um casal (#Gicela) e, além disso, o novo habitante da “nave louca” acabou decepcionando o público em vários outros aspectos.

Segura de que é adorada aqui fora, acreditando na estratégia — convenhamos, super batida — de “formar casal” e crente de que não vai para o paredão tão cedo pois os demais competidores a consideram forte no jogo, a médica mudou de postura e acabou trocando o repertório didático que colocou o feminismo no centro das atenções no início do programa por outro que não foi bem recebido por quem assiste.

“No momento em que termino esse texto, ela já perdeu quase um milhão dos seguidores…”

Nas últimas semanas, sua popularidade tem caído quase que com a mesma força e velocidade que a levaram ao topo no passado. E as acusações sobre sua conduta ficaram ainda mais sérias: comentários racistas e gordofóbicos direcionados a Babu Santana foram atribuídos a ela, assim como falar mal de aliados pelas costas e não repreender as infrações que Daniel comete diariamente no jogo.

A última gota foi na semana passada, quando contradisse toda sua jornada ao “passar pano” para uma fala machista do namorado e, ainda, colocar em xeque os sentimentos de outra mulher, a Flayslane, que se sentiu ofendida pela frase. Não é de hoje que Marcela é chamada de “feminista de Taubaté”, “militante de telão” e hipócrita nas redes sociais. No momento em que termino esse texto, ela já perdeu quase um milhão dos seguidores que conquistou e amarga as últimas posições em todas as enquetes que tentam estimar o pódio do BBB 20.

Finalmente, os refrescos!

Ok, agora que a fofoca está mais ou menos explicada (rs), o que dá pra aprender com tudo isso? A meu ver, Marcela teve uma grande sacada ao entrar no BBB com uma estratégia de marketing e isso deve ser reconhecido. Vale lembrar, inclusive, que ela não sabia que estaria competindo com pessoas famosas. Isso mostra que ela já estava pensando além da notoriedade passageira do programa. Hoje em dia, o BBB é jogado também na internet e é importante planejar estrategicamente como conquistar esse espaço e se manter nele depois que o reality acaba.

Mas isso também tem seu lado negativo: os participantes não estão mais à mercê apenas da edição e do público seleto que acompanhava o pay per view anos atrás. Com as redes e o próprio Globoplay (serviço de streaming da emissora que é mais barato e acessível que TV por assinatura), há pessoas que ficam acompanhando milimetricamente tudo o que acontece na casa.

Em tempos de ostentação da lacração, todas (sem exagero, TODAS) as falas e atitudes dos participantes — positivas e negativas — são inflamadas na web e viram munição na guerra entre as torcidas. Em sete semanas, todos eles já foram “cancelados” pelo menos uma vez. Se não me engano, a única exceção é a Thelma.

Enquanto Marcela comprou a ideia de que venceu o programa na segunda semana, outras histórias foram criadas e exploradas pelos demais participantes. Felipe Prior (o último dos “machos escrotos”), por exemplo, assumiu uma narrativa de justiceiro solitário, perseguido pelo grande grupo, e iniciou seu arco de redenção. Junto com Babu, seu único aliado no jogo (também isolado e excluído na casa), o arquiteto que tinha seu destino traçado quando os “vidraceiros” entraram na competição é o novo favorito ao prêmio, assumindo o posto que um dia foi da ginecologista.

Creio que ela entrou com a carta do feminismo da manga, mas não pensava que esse arco entraria no roteiro (e se resolveria) tão cedo no jogo — apesar de que era óbvio que esse embate ocorreria, considerando os perfis da maioria dos homens selecionados. O rótulo da “fada-sensata-perfeita-sem-defeitos-que-não-erra-nunca” foi atribuído a ela com o aval do público. Disso, em si, ela não tem culpa. Mas deveria ter assumido a responsabilidade de se manter coerente com o discurso que planejou priorizar em sua passagem pelo reality.

Me arrisco a dizer que nenhum envolvido no desenvolvimento da estratégia dela esperava uma ascensão tão grande; e nem uma queda tão forte. Depois que tudo desandou, a equipe de Marcela não soube gerenciar a crise: tentam sempre amenizar ou reinterpretar seus deslizes. A parte mais difícil, acredito, é alinhar o que está acontecendo lá dentro com o que foi planejado aqui fora e ainda tomar todas essas decisões sem que ela tenha voz ativa, por estar confinada. Tem muita coisa que realmente não dá pra prever, mas o público — de maneira geral — não gosta de quem se esquiva dos erros que cometeu.

No final das contas, o BBB é um jogo de convivência e um programa de entretenimento. E seu público não quer apenas ser entretido, ele quer coerência, uma bela trajetória, conteúdo fresco e autenticidade todos os dias, por três meses. Assim como o público das redes sociais. No médio prazo, mesmo com planejamento, Marcela não conseguiu cumprir bem nenhum desses requisitos porque fez uma leitura equivocada da intenção do público com os recados da Casa de Vidro.

Assim, deu o jogo por vencido e, sem perceber, deixou seus defeitos e contradições guiarem a maior parte de sua jornada e dominarem seu discurso. É aquela história: quem tem muitas certezas, na verdade não sabe de nada. Como diria Dona Silvana, “o calado vence”.

“Não tema os números!” Encarar as finanças e a contabilidade é determinante para crescer como freelancer

Lidar com a contabilidade e as finanças – pessoais ou do negócio – é uma das curvas de aprendizado mais acentuadas de quem começa a trabalhar como freelancer. Seja por falta de traquejo com números e planilhas ou devido à burocracia (que acaba intimidando muita gente), administrar as partes financeiras e tributária é um desafio comum entre profissionais, autônomos ou não.

No caso do freelancer, que é — em si — uma empresa; a administração financeira e contábil do “negócio de uma pessoa só” é essencial para que ele possa se desenvolver, ganhar estabilidade no mercado e, também, se proteger nos momentos de crise econômica.

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Baixe a Kiwi, a planilha de inteligência financeira do Aparelho Elétrico;
É possível ficar rico trabalhando como freelancer?;

Se analisarmos o cenário contemporâneo, notamos que os modelos de trabalho distribuído e remoto estão ganhando popularidade — o que, inevitavelmente, abre o caminho para que o mercado freelancer cresça. Mas, a questão administrativa ainda parece ser um grande obstáculo para os profissionais. Na pesquisa Perfil do Freelancer no Brasil, realizada pelo Aparelho Elétrico em 2018, alguns dados chamam a atenção para esse gap entre o trabalho autônomo e a organização financeira:

  • 74,4% dos entrevistados afirmou não possuir outra fonte de renda além dos freelas;
  • 34,5% têm renda entre R$ 1.000,00 e R$ 2.500,00; e
  • 29,9% afirmaram receber menos de R$ 1.000,00 por mês.

Ao mesmo tempo, 68% não pagam plano de saúde e 68,3% não têm plano de aposentadoria. E, curiosamente, apenas 29,3% dos entrevistados apontaram a renda variável como a maior dificuldade encontrada no modelo de trabalho.

Então, como o profissional freelancer ou autônomo pode se organizar financeiramente? Como lidar com as questões tributárias? E como otimizar o orçamento para, não só, conseguir pagar as contas, mas crescer e ter estabilidade?

O Aparelho Elétrico conversou com pesquisadores e profissionais das áreas de administração, finanças e contabilidade para responder a essas perguntas e mapear o caminho da organização financeira e tributária para quem trabalha por conta própria.

O “eu-profissional” e o “eu-empresa”

“A principal barreira [em relação ao planejamento financeiro] para os autônomos é se perceberem como uma empresa. E quando essa barreira é vencida, muita coisa muda, inclusive, os resultados. Quando se entende que o ‘eu-empresa’ e o ‘eu-profissional’ são pessoas diferentes, que ambos têm receitas, despesas e precisam se organizar minimamente, já ajuda muito no processo de acompanhamento e planejamento das finanças. Dá para se organizar bem melhor”, afirmou a consultora financeira empresarial Larissa Brito.

Larissa Brito

Ela é formada em Engenharia Civil e acabou migrando para as finanças depois de ter trabalhado com acompanhamento financeiro de obras para investidores. “É uma área incrível que existe dentro da engenharia, mas poucas pessoas conhecem. E, trabalhando nessa área, percebi que não é algo que aprendemos na faculdade. Estudamos muito e aprendemos mais ainda, mas ninguém nos ensina a efetivamente ganhar dinheiro com isso [esse conhecimento] — como precificar, controlar, saber se o resultado foi positivo ou não”, contou.

Para Ricardo Limongi, doutor em Administração e professor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE), da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, o controle das finanças de um profissional autônomo parte de dois aspectos: fazer um planejamento financeiro e entender a responsabilidade de ser uma empresa.

O planejamento é essencial exatamente em razão da incerteza e/ou da variação da renda. Ter um controle das finanças, nesse sentido, será de grande importância para que o freelancer possa se manter em tempos de contração do mercado. Já no segundo aspecto, o pesquisador — que atua, principalmente, nas áreas de Marketing e Comportamento do Consumidor — argumenta que:

“A liberdade de escolher as atividades que irão gerar renda num primeiro momento pode ser desafiador. Em geral, o trabalho assalariado remete a uma escala de trabalho e agenda de atividades impostas por terceiros. Já para o autônomo, o que será feito, e quando será feito, caberá exclusivamente a ele. Logo, organização e foco serão cruciais para garantir uma renda suficiente para pagamento das despesas e investimentos”.

Esta responsabilidade deve ser estendida, também, para a parte fiscal e tributária do negócio. A contadora Mari Salles, que atua na Love Accounting — que foca seu atendimento em empreendedores criativos, visando descomplicar as burocracias do sistema tributário brasileiro—, define a sua profissão como “alguém que resolve um problema que você não sabe que tem, de um jeito que você não entende”.

 

 
 
 
 
 
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Fala a verdade: se identificou né?! Marca aqui aquele @ que tá precisando colocar as contas em dia 💕💕💕💕

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Ela falou ao Aparelho Elétrico sobre como começou a atuar com profissionais da área criativa e a importância de autônomos e microempreendedores darem atenção à contabilidade:

De acordo com sua experiência trabalhando com freelancers da área criativa, Mari afirmou que muitos realmente percebem o financeiro e a contabilidade como um “buraco-negro”. “Eu gosto de colocar para os meus clientes que a gente tem medo de tudo aquilo que a gente não conhece. Quando passamos a conhecer o nosso próprio resultado, entendemos que não é tão difícil assim andar de acordo com a legislação fiscal e tributária no Brasil. Basta que a gente olhe para isso”, sugeriu.

“O principal conselho [que eu dou] é não ter medo dos números. [É preciso] conhecer os seus números e os seus resultados e, a partir daí, entender se está na hora de ter um profissional de contabilidade te ajudando a decifrá-los”. Para ela, começar a fazer o controle de entradas e saídas – seja num caderninho, planilha ou aplicativo é o primeiro passo. É isso que vai trazer clareza para que o profissional não tenha mais medo dos números.

MEI: ser ou não ser?

Para muitos freelancers, especialmente os criativos, o registro de Microempreendedor Individual, o chamado MEI, é a modalidade de formalização mais indicada no começo da atuação autônoma; sendo seguida pelo Simples Nacional. Sobre os possíveis enquadramentos, Mari explicou as vantagens do MEI, as principais diferenças em relação ao Simples Nacional e como o freelancer pode inserir o controle fiscal em sua rotina de trabalho:

O MEI não requer, necessariamente, a contratação de um contador. Mas, quando o negócio começa a se solidificar, é comum que o profissional procure um especialista capaz de ajudá-lo para que o crescimento seja estruturado e sustentável. Em relação à nota fiscal, Mari explica que há algumas particularidades quando se está enquadrado como Microempreendedor Individual.

Mari Salles

Quando o trabalho é feito para uma pessoa física, por exemplo, não existe nenhuma implicação em não emitir a nota. É possível registrar o serviço com um recibo simples. Ao fazer negócio com outra pessoa jurídica, no entanto, a emissão da nota é obrigatória. Já no caso do Simples Nacional, o registro fiscal deve ser feito tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas. E o tipo da nota vai depender dos produtos ou serviços ofertados pelo freelancer.

Segundo a contadora, pendências fiscais não relacionadas ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do MEI não devem, a princípio, atrapalhar o processo de formalização do profissional. “O que pode interferir é se a pessoa que hoje é freelancer tiver alguma participação ou CNPJ ativo no seu nome. Aí, é preciso buscar esta informação e, se necessário, cancelar esse registro ou sair da sociedade. Porque a figura do MEI não permite que você seja sócio de outro empreendimento. No Simples Nacional, não. Você pode ter participação em diversas empresas sem prejudicar nenhuma delas”.

À frente da Love Accounting, Mari mantém um perfil no Instagram onde compartilha bastante conteúdo sobre contabilidade e tira dúvidas do público. Ela falou um pouco sobre o impacto da plataforma para desmistificar a dificuldade dos serviços contábeis e aproximar pequenos negócios criativos do universo dos números:

Planejamento financeiro na prática

Como dito anteriormente, não é só a contabilidade que costuma “assustar” os freelancers. Muitas pessoas — não só quem decide trabalhar por conta própria — se sentem intimidadas ao lidar com as finanças, especialmente quando há histórico de dívidas e maus investimentos. Para a professora Daiana Pimenta, também da FACE/UFG, cometer erros no financeiro é comum em nosso país devido a uma série de motivos que foge ao controle do indivíduo.

“A educação financeira até hoje não foi alvo de políticas públicas eficientes. A maioria de nós cresceu sem ter o mínimo de educação financeira na escola.  O nosso sistema financeiro é praticamente uma forma de institucionalização da usura. Os juros são absurdos e abusivos. Então, não há motivo para se intimidar ou envergonhar de ter tomado decisões erradas. O fato é que, felizmente, cada vez mais as finanças pessoais vêm sendo debatidas. Hoje, temos diversos blogs, sites e cursos que podem ajudar desde os mais leigos até aqueles que querem se aprofundar em investimento mais arriscados”, argumentou.

Doutora em Administração e pesquisadora das áreas de Finanças Corporativas e Pessoais, a acadêmica sugere que quem vem de experiências ruins no departamento financeiro leia, estude o assunto e procure ajuda. “Faça um fluxo de caixa e descubra quanto você pode gastar. Levante suas dívidas e as renegocie buscando taxas de juros mais baixas e passíveis de serem cumpridas. É o começo para se organizar, pagar as dívidas e começar uma nova vida financeira”, completou.

Partindo para o planejamento financeiro propriamente dito, Larissa Brito — que integra o time de consultoras da empresa Papo de Valor e também compartilha muito conteúdo pelo seu perfil no Instagram — explica que quando o freelancer separa as despesas pessoais das do negócio, é possível entender o desempenho financeiro efetivo: “Dá pra ter mais clareza sobre as finanças como um todo e se organizar. Assim, um desempenho ruim em um mês isolado interfere diretamente menos nas finanças pessoais e aquela sensação de viver uma eterna montanha-russa diminui”.

Esta separação, no entanto, é um processo. Ou seja, não é algo engessado. “O primeiro passo é entender as receitas e despesas pessoais e do negócio dentro da estrutura praticada no momento. Se está tudo em uma conta bancária só, e o empreendedor consegue separar usando papel e caneta, é um início. O ideal é ter duas contas e separar absolutamente tudo. Normalmente, isso simplifica o controle, mas — para algumas pessoas — esse processo traz mais ansiedade do que melhorias. É preciso entender o momento e o que funciona para cada pessoa, sendo a meta conseguir entender quais são as receitas e despesas de cada um”, detalhou a consultora.

A partir desta distinção, é hora de analisar o resultado financeiro final das atividades: Elas geram lucro? Trazem prejuízo? Quais têm mais retorno? Quais meses têm mais demanda? Esse aumento de demanda reflete em um aumento do lucro do negócio?

Segundo Larissa, qualquer resposta sem clareza sobre essa separação mínima das finanças é puro chute. “O foco é sempre esse: ter clareza. Porque, entendendo como o negócio funciona e quais resultados ele traz, a próxima etapa é se organizar enquanto pessoa para viver dentro desse valor. Parece óbvio, mas esses dois passos são os mais cruciais. E [também] os que as pessoas mais têm dificuldade de colocar em prática”, arrematou.

Pague um salário a si mesmo

Assim como o freelancer precisa de renda para suprir as suas despesas pessoais, o seu negócio, empresa ou meio de obtenção de renda precisa de recursos para se manter financeiramente saudável. “[Neste sentido], alguns pontos são primordiais”, aponta a professora Daiana.

“O primeiro deles é ter um controle rígido das finanças pessoais e nunca misturar esses gastos com os profissionais. É preciso estabelecer uma renda mensal, quinzenal ou semanal, a partir do que a atividade profissional permitir, e não extrapolar. Além disso, é preciso gastar menos do que recebe e sempre poupar uma parcela. Quando falo poupar, não me refiro a grandes quantias”.

Ela exemplifica: uma pessoa que ganha R$300,00 por semana poderia poupar 10% desse montante (ou seja, R$ 30,00 semanalmente). Em um mês, teria poupado R$120,00. Essa quantia, se aplicada mensalmente a uma taxa de 0,5% ao mês (letras do tesouro), acumularia, ao final de um ano, o total de R$ 1.480,27 e, ao final de 10 anos, R$ 19.665,52. “Em investimentos, consideramos juros sobre juros, o que gera uma grande diferença no final”, concluiu a acadêmica.

A ideia de poupar para (re)investir também vale para as finanças do negócio, possibilitando que ele cresça ao longo do tempo. Além disso, é importante fazer um fluxo de caixa pessoal e um profissional, pois conhecer as entradas e saídas de caixa ajuda o freelancer a tomar as decisões iniciais e as primordiais para que a sua vida financeira entre e permaneça nos eixos.

Reserva de emergência e gastos cotidianos

Muitos freelancers iniciam suas carreiras no mercado tradicional e resolvem migrar para o modelo independente. Nesses casos, o professor Ricardo Limongi sugere que o profissional tenha uma reserva de emergência. Ele explica que uma média capaz de cobrir de 6 a 12 meses das principais despesas ajudaria nos critérios de escolha dos trabalhos que serão aceitos e, ainda, daria tranquilidade para eventuais dificuldades no início da nova fase.

Daiana reitera que, de maneira geral — considerando os diversos cenários que levam alguém a atuar como freelancer —, não existe uma resposta padrão para a reserva ideal. “Ter um fundo de emergência é primordial, mas quanto deve ser poupado é relativo. Posso dizer que o ideal é que 30% da receita líquida de um indivíduo seja poupada e investida. Todavia, sabemos que nem sempre isso é possível. Por isso, como mostrei no exemplo anterior, poupar 10% dos rendimentos pode ser um bom começo. O importante é começar e criar uma cultura financeira que inclua poupar e investir parte da renda para garantir um futuro mais tranquilo em termos financeiros”.

Limongi atenta, também, para as possibilidades de trabalho colaborativo, que reduzem o investimento inicial do freelancer para que ele possa começar a atuar no mercado: “Para aqueles profissionais que precisam de um espaço para atendimento ou desenvolvimento de projetos, uma boa alternativa seria buscar os espaços de co-working, e assim, otimizar o investimento na capacitação e não em estrutura física no início”.

E o pesquisador não deixou de bater na tecla da análise contínua do fluxo de caixa para que as finanças estejam sempre sob controle e as tomadas de decisão sejam o mais certeiras possíveis. “Sites gratuitos e aplicativos podem ajudar o freelancer a mensurar a lucratividade e rentabilidade do negócio, e claro, planejar os investimentos nos pontos que julgar mais relevantes para se manter competitivo no mercado. Por outro lado, plataformas como DataCamp, Udemy e outras, se tornam atrativas para se manterem atualizados com cursos e formações acessíveis e que possam contribuir para o negócio”, argumentou.

‘toda fortuna já foi tostão’

Categórica, Daiana Pimenta afirma que cada centavo gasto deve ser controlado: “Tem um antigo ditado árabe que gosto de usar para exemplificar a importância de se controlar todos os gastos, por menores que sejam: ‘toda fortuna já foi tostão’. […] Aplicativos gratuitos para controle das finanças pessoais e profissionais podem ser muito úteis. A maioria deles ajuda a distribuir a renda disponível de acordo com os gastos necessários, por exemplo, moradia, educação, alimentação, lazer etc. Dessa forma, o controle se torna mais fácil”.

Daiana Pimenta

Sobre o uso de cartões de crédito, tanto na esfera pessoal quanto na profissional, a pesquisadora defende que é preciso analisar cada situação para determinar o que é mais vantajoso. “A lógica financeira é clara: poupar no presente para gastar de forma melhor no futuro. Na maioria das vezes, conseguimos realizar aquisições de bens ou serviços mais baratos por pagarmos à vista.  Todavia, não é sempre. Nesse sentido, não vejo nenhum problema em usar o cartão de crédito de forma consciente — ou seja — usou, pagou”.

Quando a empresa onde se vai realizar a compra não der desconto à vista, o parcelamento no cartão de crédito pode vir a calhar, visto que o dinheiro “economizado” — diante do montante reduzido de cada parcela — pode ser investido e gerar uma renda enquanto a fatura do cartão não vence. Utilizar programas de pontos para atividades relacionadas ao lazer ou vestuário (disponibilizados por muitas operadoras) também podem trazer benefícios. Mas, segundo a acadêmica, é preciso tomar cuidado, pois usar o cartão de crédito de forma errada (não pagamento ou rotativo) pode gerar juros absurdos de, aproximadamente, 300% ao ano. “Nesses casos, é melhor ficar longe”, aconselhou.

Para decidir se um gasto é realmente necessário, ela sugere analisar os objetivos que se quer alcançar e as possibilidades envolvidas na compra. “Uma boa forma de decidir é sempre fazer as seguintes perguntas: ‘Eu realmente preciso disso? Se sim, existe alguma alternativa mais barata?’ Uma dica: se a dúvida persistir, é provável que você não precise [daquilo] realmente”.

Na hora da crise, mantenha-se relevante

Como abordado, uma preocupação constante do estilo de vida freelancer é a renda variável. E, no caso de quem trabalha com criatividade, isso ganha uma nova camada: serviços e produtos criativos não configuram como “necessidades essenciais”, como são as áreas da saúde e alimentação, por exemplo. Esta realidade não desenha um cenário favorável em momentos de crise econômica e o profissional criativo precisa estar preparado para isso.  

“Por um lado, é importante diversificar os serviços oferecidos. Quando sabemos exatamente o resultado financeiro final de cada um dos nossos serviços, conseguimos trabalhar mais estrategicamente nessas épocas de demanda mais baixa. Simultaneamente, trabalhamos formando uma reserva financeira para a empresa (que não é a mesma que a reserva de emergência pessoal). A ideia é a mesma das grandes empresas: é preciso ter um capital reservado que sustente o salário dos funcionários nos meses com desempenho ruim”, especificou Larissa.

Para Limongi, nesses momentos é fundamental saber a diferença entre “preço” e “valor” e utilizar isso a seu favor. “Valor é o que o contratante irá receber. Preço é o que será pago. Neste sentido, ter proatividade, compromisso e pontualidade serão diferenciais a serem negociados e justificarão o valor da hora-trabalho”, explicou.  A partir deste entendimento, o freelancer pode focar sua estratégia em escala e na dor do cliente:

“Mesmo em momentos de crise, as empresas sabem da necessidade de contar com a comunicação para divulgação dos produtos, por exemplo. Assim, durante a etapa de planejamento do negócio, bem como de posicionamento, é fundamental oferecer serviços que estejam ligados a pontos fundamentais à operação dos clientes. Um exemplo para ilustrar seria o das agências de publicidade, em geral: devido à alta oferta no mercado, os clientes têm diversas opiniões, porém, dificilmente irão cancelar o contrato com aqueles prestadores que estejam envolvidos na geração de valor e, claro, possam ajudar a rentabilizar o negócio”.

O pesquisador continua:

“Se manter relevante está alinhado à estratégia. Em geral, consultorias na área de negócios evitam colocar cláusulas que geram multas num eventual cancelamento. Assim, o alinhamento com a geração de valor se torna mais claro. Para se manter relevante, [então,] é fundamental mostrar de forma tangível — ou seja, mensurável —, como a parceria tem se tornado rentável. O foco deve ser na geração de valor e não apenas na entrega dos produtos. O contratante espera ser prioridade e que [seu negócio] seja levado a outro patamar”.

Investimentos e aposentadoria

Tendo controle sobre o fluxo de caixa e conseguindo poupar parte de sua renda, o freelancer pode começar a pensar em como — e onde — investir seu dinheiro. E, também, a se organizar a longo prazo, a fim de que tenha a possibilidade de se aposentar. Neste momento, o profissional independente entra em outra etapa de organização financeira: aprender a investir.

Larissa Brito explica que, assim como o processo de planejamento, não existe um padrão sobre qual é o melhor tipo de investimento. “A resposta sempre vai ser ‘depende’. Depende do momento de vida, de para que é esse investimento, para daqui quanto tempo, dentre outras variáveis”, ponderou.

No entanto, para quem está começando na área, a consultora financeira sugere iniciar pelas opções mais conservadoras: “Elas têm acompanhamento mais simples e algumas podem ser resgatadas assim que necessário [utilizar o dinheiro]. É um tipo de investimento que rende menos, mas, consequentemente, traz menos riscos”.

Algumas opções desse porte são do tipo renda fixa — Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e títulos do Tesouro. Para Larissa, no entanto, o mais importante nesta etapa não é necessariamente ganhar dinheiro com os investimentos, mas entender como eles funcionam. Assim, é possível ganhar segurança no processo e disciplina para investir com consistência. Ela também destaca que investir é um meio e não um fim:

“Investimos para conseguir pagar algo de grande valor e que precisamos, para realizar um sonho, para garantir uma aposentadoria. Guardar dinheiro no banco eternamente, sem que isso tenha uma finalidade, não faz o menor sentido. Entendendo isso, fica mais evidente que, no contexto do nosso país, isso não é uma realidade possível para toda a população”.

Ricardo Limongi

Sobre aposentadoria, Limongi argumenta que “previdência é todo o dinheiro guardado para o futuro”. Neste sentido, o pesquisador sugere que o freelancer considere reservas mensais visando emergências, necessidades de investimento do negócio e a aposentadoria. “Claro que os percentuais podem sofrer variações, devido à instabilidade do mercado, porém, o foco principal deve estar na consistência de investimentos mensais ao longo do tempo”.

Larissa aconselha encarar a aposentadoria como uma finalidade para investir.  “Isso pode ser feito através de investimentos a longo prazo (com melhores rentabilidades e maiores riscos que se justificam a longo prazo) ou previdências privadas. Esse segundo tipo é cheio de entrelinhas e detalhes, mas, se bem contratado, se mostra como uma ótima opção para esses casos”, finalizou.

Como você tem lidado com suas finanças?

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Vida de influencer é amor ou cilada?

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Como boa millennial, fui apresentada às redes sociais no início da adolescência (sdds, MSN e Orkut). Em poucos anos, as salinhas de bate-papo da UOL, os fotologs e os blogspots foram substituídos pelo Twitter, Facebook, LinkedIn, YouTube, Instagram, Snapchat, TikTok (se você é da geração Z) etc. E, claro, não demorou pra começarem a pensar em como monetizar o rolê.

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Até aí, nada de errado. Afinal, todo mundo tem boletinhos pra pagar no final de todo mês. Logo, as redes sociais — que eram o ponto de encontro de muita gente e um ótimo lugar para manter contato com pessoas (conhecidas ou não) —, se tornaram plataformas para que pudéssemos compartilhar histórias.

Nas redes tem conteúdo de todo tipo, de todo jeito, sobre qualquer tipo de assunto. Lá, todo mundo pode ser, ao mesmo tempo, criador de conteúdo e audiência. Alguns criam mais conteúdo que outros. E outros têm audiências maiores que — sejamos honestos — a grande maioria das pessoas. E foi nas redes que surgiu essa figura curiosa, que hoje tá em todo lugar: o digital influencer.

O influenciador digital é, por definição, a pessoa que constrói uma carreira por meio do marketing de sua personalidade ou habilidades (ou ambos) nas redes sociais.

Por não saírem de uma posição de destaque, como muitas celebridades que têm grandes audiências nas redes em razão de suas carreiras fora delas, influenciadores são vistos pelo público como pessoas acessíveis, ou até mesmo amigas, o que os torna excelentes aliados para que marcas possam alcançar maiores públicos e vender produtos.

O marketing de influência não está em evidência à toa. Todos os dias, somos bombardeados por posts e mais posts de pessoas saradas, sorridentes e viajantes. Lógico que a indústria não se resume a isso. Hoje em dia há influenciadores em praticamente todos os nichos de mercado.

No entanto, esse texto é sobre o “influencer raíz”, aquele que todo mundo olha e sente aquela pontinha de inveja porque a pessoa tá num resort, passeando de helicóptero ou foi convidada pra algum evento da hora que muito provavelmente não cabe no seu orçamento.

Pra quem olha de fora, tudo parece perfeito e, não por acaso, tem gente que investe muito tempo e dinheiro para transformar suas contas em espaços que agradem, simultaneamente, audiências e marcas.

Não vou me estender sobre os bastidores da profissão, mas, para o bem do argumento, precisamos saber que ser influencer envolve postar conteúdo autêntico e interessante para os seus seguidores, ter uma estética e identidade visual próprias e criar situações para que este público engaje com o que foi postado.

Pois bem, no final do ano passado rolou uma tour curiosa no Twitter. Resumidadmente, o rod, que é um roteirista de TV e tem, hoje, mais de 140 mil seguidores na rede fez este post:

Após muitas especulações e palpites da galera, foi revelado que a pessoa que deixou o moço constrangido foi a youtuber Dora Figueiredo, que tem um canal com quase 2 milhões de inscritos e mais de 160 mil seguidores no microblog. A própria se manifestou e pediu desculpas, dizendo que não estava num dia muito bom e estava correndo contra o tempo para fazer um post patrocinado:

No dia seguinte, me deparei com um texto no Medium, do escritor e podcaster Srinivas Rao. O título era este: Como o nascimento do influencer levou à morte dos hobbies. Basicamente, ele defende (utilizando, inclusive, algumas citações do Austin Kleon) que as redes sociais e a ascensão dos influencers fizeram com que tudo o que fazemos/criamos/realizamos se tornasse conteúdo. E, consequentemente, algo possível de se monetizar.

Estar bem, ou parecer que está bem, o tempo todo dá muito trabalho.

Com a história do Twitter na cabeça e a argumentação feita no artigo, fiquei pensando sobre algo que nem sempre a gente considera quando está rolando o feed do Instagram e se sentido mal vendo as vidas (quase) perfeitas dos influencers: estar bem — ou melhor, parecer que está bem — o tempo todo dá MUITO trabalho.

A influencer que vai ao Rock in Rio não está ali para se divertir, mas para trabalhar. Ao mesmo tempo, a profissão dela é mostrar para sua audiência uma vida divertida. Eu sei que não é tão simples assim, mas toda marca que leva alguém para um festival de música quer que a pessoa transmita a experiência da maneira mais positiva possível (e, claro, mostrando o seu produto). Mesmo que não esteja num dia lá muito bom, ela precisa incorporar a persona e entregar a mensagem.

Isso significa mostrar para a sua audiência como o evento é legal, fazer o #publi post perfeito (antes que os últimos raios de sol se ponham) e, de certa forma, perpetuar a ilusão que faz com que essa indústria cresça a passos tão gigantescos: a ideia de que “você também pode estar aqui”.

Eu sei que muitos influencers já abandonaram essa premissa de sempre mostrar o lado bom das coisas e vários utilizam suas plataformas para falar de assuntos sérios e importantes, como é o caso da própria Dora, que usa os seus canais de comunicação para falar de empoderamento, amor próprio e sexualidade. Inclusive, o TEDx dela sobre violência doméstica é um soco no estômago.

Mesmo assim, a nossa visão, como público, ainda é muito focada no que a vida de influencer aparenta ser: recebidinhos da semana, passeios e festas exclusivos, viagens com tudo pago, encontrar outros influenciadores em eventos e postar nas redes, fotos espontâneas em cafés, massagens etc. 

Mas, será que a soma disso tudo é amor ou cilada? Acho que a resposta é a que todo mundo esperava, mas ninguém queria ouvir: depende. Ser influenciador digital é trabalho. E, por ser trabalho, vai ter o dia que vai ser mais amor e o dia que vai ser mais cilada. A questão é determinar se o amor ultrapassa as ciladas ou vice-versa.

Por exemplo, uma das principais tarefas de um influencer  é criar conteúdo. Se você gosta desta parte, provavelmente vai superar ter que ir a um evento e produzir o que precisa ser produzido para a marca que te contratou, mesmo que você não esteja no clima. São os ossos do ofício e vida que segue. 

No entanto, vale a reflexão, também, pra quem está do outro lado: transformar um hobby em profissão (ou num projeto pessoal, o famoso side hustle), faz daquela atividade um trabalho e atribui a ela uma “carga” de expectativas, uma “aura” de obrigação que pode tirar toda a liberdade — ou diversão — de fazer aquilo.

Então, quando você pensar que a sua vida é um poço de tédio enquanto rola o feed do Instagram, lembre-se que a vida de influencer também tem seus perrengues e, talvez, não seja o fim do mundo ficar em casa assistindo Netflix no fim de semana do Rock in Rio ou, até mesmo, pagar o ingresso e ir pro festival se divertir, com toda a liberdade que só um hobby pode proporcionar.

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Trabalho remoto contribui para a produtividade e qualidade de vida dos colaboradores

No início do mês de outubro, a agência de publicidade ℓiⱴε inaugurou sua nova sede, em São Paulo: uma casa com cerca de 250 m², localizada na Vila Madalena. A novidade é que o espaço é totalmente modular — podendo ser transformado em um café —, possui quatro salas, laboratório para workshops e até mesmo um canvas em branco para receber eventos e exposições.

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Podcast: Mantendo o Home Office organizado;

A casa marca a nova etapa da transição da ℓiⱴε para o modelo remoto de trabalho. Segundo a comunicação oficial da empresa, “o espaço foi planejado de forma a materializar um novo momento na trajetória da agência, que completa 14 anos em dezembro, mirando o futuro do trabalho e da indústria da propaganda, que passa por grandes transformações”.

De acordo com o fundador e CEO, Lucas Mello, 100% dos colaboradores trabalham no formato distribuído e flexível desde o mês de março e a nova sede servirá como um hub de serviços aos clientes e de colaboração entre o time da agência e sua comunidade de talentos. O empresário falou com exclusividade ao Aparelho Elétrico sobre o processo de transição operacional da ℓiⱴε. Confira os detalhes no áudio abaixo:

Partindo do argumento “o quanto é fundamental estarmos todos sempre no mesmo lugar?”, Lucas Mello definiu três objetivos principais para a tomada de decisão que levou sua agência ao trabalho remoto: questionar a estrutura tradicional, reduzir custos operacionais e ampliar a rede de profissionais (podendo trabalhar com pessoas de outras cidades ou países).  

Flexível e distribuído

A Automattic, de Matt Mullenweg (conhecido por ser co-fundador do WordPress.org), talvez seja a empresa mais conhecida do mundo quando o assunto é trabalho distribuído. Especificamente, por já ter nascido, em 2005, dentro desse modelo operacional. Atualmente, ela conta com mais de 900 colaboradores, espalhados em mais de 60 países.

Um desses colaboradores é o brasileiro Rafael Funchal, que é Happiness Engineer (suporte) na Automattic desde o final de 2015. Antes de entrar para a empresa, o desenvolvedor trabalhou como freelancer, no modelo home office, por um ano. Depois, passou uma temporada na MailPoet, que desenvolve um plugin de newsletter para WordPress.

“Na Automattic, somos divididos em times menores, nos quais a interação ocorre diariamente pelo Slack. Minha equipe, Eshu (de “Exu”, mesmo), é composta por 12 pessoas, o que torna a comunicação mais rápida quando é preciso tirar alguma dúvida, mas há canais no Slack para diversos projetos e equipes diferentes. Lá, eu posso conversar com a empresa toda”, disse sobre sua rotina.

Rafael Funchal / Arquivo Pessoal

“Atualmente, na equipe de suporte, decidimos nossos horários com duas semanas de antecedência, e eu sempre tento estar online no horário comercial brasileiro, para melhorar nossa cobertura. O time de desenvolvimento possui um horário mais flexível e trabalha de forma mais assíncrona”. Recentemente, Mullenweg falou detalhadamente sobre o processo de criação e a rotina de trabalho da Automattic em seu novo podcast, Distributed.

Thiago Mobilon começou o site de tecnologia Tecnoblog em 2005, em Americana, no interior de São Paulo. Dois anos depois, o empreendimento se tornou uma empresa de mídia que operava remotamente e, então, passou para um escritório na capital paulista. No entanto, após algum tempo, o empresário resolveu voltar para sua cidade:   

“Foi uma decisão pessoal. Morei em São Paulo por quatro anos, mas não estava mais feliz na cidade. A qualidade de vida é bem inferior à que eu estava acostumado aqui em Americana. Antes de me mudar, eu já ia para São Paulo semanalmente para participar de eventos e lançamentos, então tomei a decisão de voltar a esse modelo”.

Thiago Mobilon / Arquivo Pessoal

Mobilon optou por morar no interior e ir à capital quando necessário, o que acontece quase toda semana. Segundo ele, o tempo de locomoção de Americana a São Paulo — de mais ou menos 1h30 — não é muito diferente do tempo que levava para se locomover dentro da cidade. No Tecnoblog, a operação é híbrida. “Temos uma sede administrativa no interior. Ela já serviu de estoque (para a antiga loja Tecnostore) e, hoje, é onde estão instalados os estúdios para o [podcast] Tecnocast e para os vídeos do YouTube”, explicou o empresário.

E a produtividade?

A flexibilidade de horários é um dos principais argumentos de empresas que têm buscado incorporar o trabalho remoto. E a quantidade de profissionais interessados no modelo vem crescendo consideravelmente. Na pesquisa Perfil do Freelancer no Brasil, realizada no ano passado pelo Aparelho Elétrico, 24,3% dos entrevistados elegeram a possiblidade de montar suas agendas de trabalho como principal motivação para abandonarem a estrutura tradicional.

Além disso, é possível ganhar algumas horas e economizar uma grana na alimentação. “Na última empresa em que trabalhei presencialmente, eu demorava cerca de 2h30 no trajeto, que envolvia ônibus, trem e metrô (eu morava em São Caetano do Sul e a empresa era próxima ao Aeroporto de Congonhas). Eram 5 horas diárias de deslocamento e ainda precisava comer algo para não passar mal no aperto dos vagões. Além disso, somava-se o preço de almoçar perto do escritório, que era sempre mais caro”, ponderou o funcionário da Automattic.

Trabalhando em casa / Pexels

Atualmente, o desenvolvedor consegue economizar bastante com alimentação, fazendo uma compra do mês e cozinhando em casa. Mesmo quando decide pedir comida em algum restaurante, o custo não é exagerado, pois ele mora em uma área não muito cara e os preços saem bem mais em conta.

As horas extras na rotina já foram utilizadas para a prática diária de esportes. Hoje, no entanto, ele diz estar focado em ler e estudar contrabaixo, além de sair para pedalar ou ir para a academia alguns dias da semana. Quanto à produtividade no trabalho, Funchal — que já é bem experiente no trabalho distribuído — conta que demorou um pouco a se acostumar com a ideia de fazer seus próprios horários.

“Depois que comecei a adicionar minhas tarefas do dia no calendário (uso o do Google mesmo), passei a ser mais produtivo. Assim, você para de depender de sua própria memória para gerenciar as tarefas e deixa a mente livre para resolver os problemas. Isso aumenta sua produtividade de uma forma sensacional”, revelou.

Rafael Funchal falou mais extensivamente sobre sua rotina de trabalho na Automattic no WordCamp 2018, em Porto Alegre:

A questão da produtividade — bem como do dia a dia operacional —, no entanto, varia de negócio para negócio. No caso do Tecnoblog, o trabalho é mensurado a partir de metas de produção, ou seja, cada pessoa controla seus próprios horários. “Cada um tem bastante consciência de suas responsabilidades e da sua importância, então, no geral, funciona muito bem”, comentou Thiago.

Observando o processo de adaptação de seus funcionários, Lucas Mello acredita que os resultados têm sido positivos: “Essa questão da vigilância, que é uma característica dos escritórios tradicionais, é pura ilusão. O que a gente percebeu é que o fato de a pessoa estar sentada ali dentro do escritório, não necessariamente significa que ela está produzindo. Então, essa visão industrial de que estar presente é sinônimo de produtividade vai totalmente contra o princípio de autogestão de tempo e de realização de trabalho ao invés de disponibilidade de tempo”, argumentou o CEO.

Para ele, é uma questão de as empresas aprenderem a dar mais autonomia e autorresponsabilidade para a equipe, principalmente na indústria criativa. “O controle acontece muito mais em cima de entregas. Toda a estrutura de gestão da empresa está focada em datas e entregas. E em qualidade. Através disso, a gente consegue medir a performance de cada colaborador, independentemente da quantidade de horas que ele trabalhou naquele dia, especificamente. Acreditamos que esse é um formato mais adequado ao mundo que a gente está vivendo hoje”, continuou.

Equipe trabalhando / Pexels

Na ℓiⱴε, foram estabelecidas algumas regras para engrenar a rotina de trabalho. Por exemplo, os colaboradores devem estar acessíveis para contato online durante o horário comercial (o que varia um pouco a depender do departamento), caso seja preciso trocar ideias ou tirar dúvidas sobre alguma tarefa ou projeto.

No Tecnoblog, por outro lado, a operação não é tão simultânea. “O que fazemos é combinar mais ou menos uma faixa de horário, assim temos certeza de que sempre tem duas ou três pessoas de olho nos acontecimentos. Mas isso muda o tempo todo. Vira e mexe, alguém pede para trabalhar num horário diferente, porque precisa fazer alguma coisa de ordem pessoal ou quer assistir uma palestra, dar uma aula, etc. Como a gente só se importa com a meta, a pessoa faz o que precisa fazer e depois compensa em outro horário”.

Comunicação interna e solidão

As estratégias e práticas de comunicação interna são fundamentais para que uma empresa consiga operar inteiramente de maneira remota, assim como é importante promover o entrosamento entre os membros da equipe. Além disso, outra discussão recorrente tanto no ambiente do trabalho remoto quanto no do trabalho freelancer, é a solidão do profissional, que pode acabar se privando de contato físico com outras pessoas.

Muitos optam por trabalhar em cafés ou espaços de coworking, enquanto outros seguem o estilo de vida nômade, mas o home office também é muito comum entre profissionais remotos. Neste caso, cabe à empresa criar uma cultura de comunicação interna eficiente e, até mesmo, promover encontros entre os colaboradores. A solução encontrada pela ℓiⱴε foi a criação da nova sede, que pode funcionar como um espaço de trabalho e reuniões para as equipes e seus clientes.

Para quem trabalha no Tecnoblog, a equipe se junta diariamente via Slack e as pautas e tarefas de design e desenvolvimento são organizadas no Trello. Uma vez por mês, os colaboradores se reúnem numa sala do Google Meet. A reunião ocorre com câmeras ligadas, para estimular a interação entre todos. Além disso, ocasionalmente, acontece o “Tecnoburger”, um encontro com quem estiver em São Paulo para botar o papo em dia, num cenário mais informal.

Pessoas reunidas / Pexels

Thiago acredita que essas medidas incentivam interações positivas e trocas de ideias, dando abertura para cada um se desenvolver. “É importante manter o diálogo e saber aproveitar as características de cada membro do grupo. A reunião que fazemos pelo Meet serve para isso. Ela dura mais ou menos uma hora e usamos metade para falar de algo sério e a outra metade para falar bobagem. O pessoal interage, dá risadas e cria vínculos. O mesmo vale para o Tecnoburger”, comentou.

O contato mais genérico, do dia a dia, fica por conta do Slack. Na sala Tecnochat, o tema é livre; enquanto as outras são destinadas a tópicos específicos da operação: Tecnosuporte, Tecnoeditoria, Tecnovídeo etc. “Outra coisa que ajuda é o Tecnocast. O podcast é apresentado por mim e pelo Paulo Higa, mas sempre selecionamos dois membros da equipe (às vezes são convidados de fora), de acordo com a pauta abordada”.

Menos gastos, mais sustentabilidade

Reduzir os gastos operacionais é outro dos grandes atrativos do modelo remoto de trabalho. Enquanto os funcionários podem dar mais atenção à própria qualidade de vida e aproveitar melhor as horas do dia, empresários podem economizar com aluguel, equipamentos, contas de utilidades (água e luz, por exemplo), entre outros.

Tomando São Paulo como base, os pontos de escritórios com melhor localização são pequenos e mais caros. “O nosso escritório ficava na porta do metrô Paraíso, que interliga a linha azul com a linha verde, na Avenida Paulista. Um aluguel ali é mais caro e o espaço é menor. Nosso escritório era próprio. Mas, para quem aluga, é preciso escolher entre um escritório caro e bem localizado (mais fácil para a equipe chegar todos os dias) ou um que fique mais distante. E aí o custo de transporte do funcionário é maior”, explicou Mobilon sobre seu período na capital.

Isso não significa, no entanto, que não seja obrigação da empresa dar suporte aos seus colaboradores. Na Automattic, Rafael tem acesso a alguns benefícios criados para melhorar sua rotina e produtividade. “Os que mais utilizo são os diretamente relacionados às ferramentas de trabalho, como computador (recomendam que troquemos de computador a cada 18 meses) e ambiente de trabalho (gastos com monitores, mesa e cadeira são reembolsados). Além disso, posso pedir reembolso caso eu queira trabalhar de algum coworking alguns dias da semana”.

Computador / Pexels

Lucas Mello criou algo semelhante na ℓiⱴε, com as bolsas destinadas a cobrir gastos com internet e ergonomia. O CEO destaca, também, o impacto ambiental que o modelo remoto pode promover. “Pensar que é realmente possível que uma pessoa possa produzir e uma equipe inteira possa trabalhar de forma descentralizada, sem precisar fazer esse deslocamento todos os dias; e provar que esse modelo é possível, inspirando, de certa forma, que grandes players (que tenham até mais colaboradores do que a gente) possam fazer isso também… Pra gente, com certeza, [é uma motivação]”.

Thiago Mobilon, por sua vez, gosta da ideia de poder encontrar bons profissionais fora de Americana: “Hoje, temos um autor que trabalha de Piracicaba, que é uma cidade vizinha. Nosso especialista em telecomunicações mora em Belo Horizonte e nosso editor de vídeo é de Fortaleza!”.

Mas, nem tudo são flores…

Apesar de eficiente e promissor, o trabalho remoto também tem os seus percalços. Além do contato reduzido com outras pessoas de carne e osso, o que pode desencadear a referida solidão do profissional, o trabalho pode ficar menos espontâneo e perder na padronização. “No geral, esse modelo costuma agradar mais a quem tem um perfil mais introspectivo. A pessoa consegue se concentrar no trabalho e não fica se incomodando com o barulho constante do escritório, as regras sociais etc.”, defende o CEO do Tecnoblog.

Thiago acredita que o trabalho remoto não é para todos, e nem para todas as empresas. Há funcionários que são improdutivos em qualquer ambiente e outros que funcionam melhor no presencial. Além disso, o formato pode ser adotado de maneira complementar, ou seja, de forma híbrida, como acontece em sua empresa.

“De certa forma, [o modelo remoto] quebra um pouco a espontaneidade. Se eu estou empolgado e quero discutir uma ideia com o desenvolvedor ou o meu sócio, preciso marcar uma ligação. Não dá para chegar e pedir um minuto, rabiscar um papel etc. As chamadas de áudio/vídeo aproximam, mas não são a mesma coisa que [conversar] presencialmente. Eu não posso comprar umas coxinhas e falar ‘vamos ali tentar resolver esse problema’ enquanto rabisco uma lousa. Sem contar que falar por uma hora no telefone cansa muito mais”, argumenta.

Home office / Pexels

Outro ponto citado pelo empresário, especificamente no caso de seu nicho de mercado, é a falta de padronização do conteúdo audiovisual: “Em um escritório presencial, eu montaria uma bancada de podcasts e a qualidade [da gravação] seria a mesma para todos. No remoto, eu compro um microfone e envio para cada membro que participa com frequência, mas sempre tem uma moto, uma furadeira, uma panela de pressão… Sem falar no tratamento acústico, que é diferente em cada sala”.

Isso não inviabiliza o trabalho. Quando algo atrapalha bastante, a gravação é interrompida e retomada em seguida. No caso dos vídeos, no entanto, não é possível ter um cenário padrão. Assim, quem grava fora de Americana e não tem acesso ao estúdio, precisa usar a criatividade na hora da filmagem.

Daqui pra frente

Em seu podcast, Matt Mullenweg afirmou que acredita “que exista uma janela em que as empresas distribuídas tenham uma vantagem real de recrutamento, retenção e tudo mais. Essa janela é provavelmente de três a cinco anos antes que os operadores realmente adotem isso”. Isso quer dizer que o modelo de trabalho remoto e distribuído está se expandindo e empresas vêm aderindo a ele diariamente.

“Embora eu ainda tenha certeza de que algumas pessoas do meu condomínio pensem que eu esteja desempregado, por estar em casa durante o dia, de pijama e barbudo; muitas demonstram bastante interesse quando descobrem que há empresas totalmente remotas. É engraçado ver a cara das pessoas quando digo que minha empresa tem cerca de 1150 pessoas espalhadas pelo mundo, mas não tem um escritório central (é uma caixa postal, atualmente)”, brincou Rafael Funchal.

“Outro ponto legal é que já vejo várias empresas mais formais se adaptando a essa necessidade das pessoas e começando a oferecer dias no home office. Alguns prédios residenciais já contam com espaços de trabalho compartilhados, também. O futuro do home office é algo que me anima bastante”, continuou o desenvolvedor.

Espaço de trabalho compartilhado / Pexels

Mullenweg prevê, também, que os candidatos a empregos remotos vão aprender a fazer perguntas mais sofisticadas. Logo, não vai se tratar tanto de poder trabalhar em casa ou não, mas de saber onde está o centro de gravidade da organização, identificar como progredir profissionalmente não estando onde a sede da empresa está etc. Ou seja, os mecanismos do trabalho distribuído vão sair da superfície e atingir níveis mais profundos.

Lucas Mello entende que as mudanças adotadas pela ℓiⱴε propõem algumas alternativas necessárias para o mercado publicitário que, segundo ele, está em completa disrupção. “[As agências] estão tendo que se reinventar, e com uma pressão muito grande dos clientes por eficiência, flexibilidade e transparência, que são coisas que elas nunca conseguiram ter e ser nas décadas passadas. A gente acredita que essas mudanças podem reconfigurar o mercado publicitário. Essencialmente, o que significa ser um profissional dessa indústria e qual o melhor jeito de trabalhar, respeitando a vida e o tempo das pessoas e, também, os negócios e o dinheiro do cliente, que precisam ser respeitados mais do que nunca nesse momento”, concluiu.

Para quem está buscando uma posição remota no mercado, Rafael Funchal sugeriu focar no estudo do inglês, o que amplia consideravelmente o leque de oportunidades; e, ainda, ter um hobby para conseguir se desligar do trabalho depois do expediente, criando uma separação definitiva entre as atividades pessoais e as profissionais.

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Moda no Instagram: como os brechós usam a plataforma para vender online

Moda é um assunto que não cabe em uma única definição. Muito além do ato de se vestir, moda tem a ver com comportamento, com tempo e espaço, com história e estilo. Por um lado, é um fenômeno sociocultural que manifesta os valores de uma sociedade: seus costumes, hábitos e as maneiras como cada um usa as suas roupas. Por outro, é um sistema que agrega contextos políticos, sociológicos e sociais ao uso diário e rotineiro das vestimentas.

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A moda passou por muitas mudanças desses os seus primórdios e, também, por muitos momentos marcantes. Como vários outros aspectos da vida, ela está em constante mutação, tanto como uma manifestação de identidade cultural e personalidade quanto como indústria. E, mesmo com o surgimento de novas formas de produzir e comercializar roupas, essa dinâmica continua verdadeira.

Foto: reprodução Girlboss / Netflix

Um exemplo disso são os brechós online. Talvez, o caso de sucesso mais famoso do nicho seja o da empreendedora Sophia Amoruso, que começou a vender roupas usadas no site de leilões eBay, em 2007. Sua loja, a Nasty Gal, deslanchou, ganhou espaço físico e acabou dando origem a um império milionário que, hoje, é liderado pela marca Girlboss, que já rendeu um livro e uma série na Netflix.

Mas, nos últimos anos, outra plataforma despontou como principal ponto de divulgação e vendas para brechós online: o Instagram. Os perfis, de maneira geral, apresentam uma curadoria de roupas “garimpadas” em bazares de bairros, igrejas ou instituições de caridade, bem como de outras lojas. As peças são lavadas, reformadas (se necessário) ou utilizadas como base para uma nova criação. As fotos são criativas e bem produzidas. E os textos das legendas vão de descrições detalhadas da peça e de onde elas vieram a dicas de moda.

Modus operandi

A rotina de quem comanda um brechó online é atarefada. Entre procurar as peças em bazares e feiras, recuperá-las e/ou modificá-las, produzir as fotos e posts, interagir com público do Instagram, cuidar da logística de vendas e fazer o atendimento ao cliente, vão-se muitas horas de trabalho.

Ingrid Thainá, que comanda o perfil Melhores Panos (@melhorespanos), faz tudo isso sozinha, o que toma praticamente todas as horas do seu dia. “Garimpo as peças em bazares beneficentes da minha cidade e, dependendo do estado, faço modificações. Depois tem o processo de lavar a peça, tentar tirar possíveis manchas etc. Envio as roupas pelos Correios e, se a pessoa for da minha cidade, entrego em mãos. Faço tudo por conta própria, não tenho ajuda de ninguém. Porém, fico resolvendo coisas do brechó 24 horas por dia”, contou.

Foto: cortesia Ingrid Thainá / Melhores Panos

Ela mora em Marília, no interior de São Paulo, e afirma passar todas as medidas das peças e enviar fotos de todos os detalhes antes de fechar a venda, a fim de evitar a necessidade de trocas. Em Goiânia, o Empório Armário (@emporioarmario_) propõe uma parceria com a clientela, que também pode vender roupas para o brechó. Desde que começou, há sete anos, a loja possui um espaço físico no centro da cidade e trabalha tanto com roupas garimpadas — inclusive em outros países, como Portugal, Espanha e Estados Unidos — quanto com outlet, ou seja, roupas recuperadas.

“Geralmente, as marcas têm o hábito de queimar todo o seu excedente, o que não foi vendido ou tinha defeito de fabricação. Agora, algumas marcas estão tendo uma consciência ambiental [maior] e revendem essas peças. Antes elas incineravam porque a venda desse ‘subproduto’ acaba diminuindo o valor de mercado da roupa. […] Mas algumas marcas, como a Cantão e a Farm, têm revendido esse excedente pra gente”, explicou a proprietária Thaís Moreira.

Com essas peças, é feito um trabalho de recuperação. Há roupas que chegam no brechó rasgadas ou sem botões, outras estão desatualizadas ou fazem parte de uma proposta que não deu certo. Nestes casos, o tecido é aproveitado para produzir algo diferente: “O que era uma blusa vira uma saia, um vestido vira uma roupa infantil. Usamos a técnica do upcycling, que é dar um novo valor a um produto que estaria perdido”.

Photo by Leticia Ribeiro from Pexels

À frente do perfil É de retalho o meu brechó (@ederetalhoomeubrecho), Karina Soares também gere uma “operação de uma mulher só”. Ela divide seu negócio entre os achados e as suas próprias criações, abrigadas em sua segunda página, a Minha Costura Arteira (@minhacosturaarteira). “Desde o início foi uma relação entre costura e brechó. Eu fazia roupas à mão, para mim, com coisas que cortava da minha mãe e amava comprar em brechó. Assim, comecei o meu”, revelou.

Ela mora em Sorocaba, em São Paulo e, para otimizar sua rotina, não faz troca das roupas usadas: “Vendo-as passando as medidas para que cada cliente tenha mais noção do que está comprando. Faço trocas apenas das costuras artesanais. As pessoas depositam na minha conta o valor da peça e do frete ou pagam via PicPay, com cartão de crédito”.

Autenticidade é identidade

Um tema recorrente no nicho de mercado dos brechós de Instagram é a autenticidade de cada loja. Os perfis carregam muito da personalidade de suas donas — o que é, em si, uma característica do universo da moda. No entanto, a maneira como cada loja se mostra na plataforma parece oferecer um ambiente propício para que o público-alvo se sinta “em casa” e se identifique em um nível mais pessoal com as peças.

Ingrid, por exemplo, teve a ideia de criar o Melhores Panos para fazer o que via nos brechós de sua cidade chegar a outras pessoas. “Sempre frequentei muitos brechós e olhava peças legais que eu não usaria, porém pensava que alguém poderia usá-las”, contou. Já Karina, faz de sua loja uma fiel e completa representação de sua personalidade: “Muita gente comenta que pareço estar fantasiada [nas fotos] e coisas do tipo, [mas] essa sou eu. E uma porcentagem grande gosta do que eu trago. […] Quando eu visto a peça, à minha maneira, ela ganha um aspecto totalmente diferente. E sou grata por isso, e muito!”.

Foto: cortesia Karina Soares / É de retalho o meu brechó

No Empório Armário, Thaís investe na curadoria e na apresentação das peças, no relacionamento com a clientela e em promover eventos. “Tem uma seleção bem legal de peças. É um brechó limpo e organizado. Trabalhamos nas redes sociais e, também, transversalmente com o nosso cliente: em um momento ele compra da gente, em outro ele vende para a gente, em outro ele vende junto com a gente. Também promovemos eventos, como a nossa Feira de Trocas, que já vai completar 8 anos, o Encontro de Brechós, o Desapego Coletivo e o Mercado das Pulgas”, enumerou.

Instagram, pra que te quero?

Como não poderia deixar de ser, o Instagram é peça fundamental no modelo de negócio dos brechós online. Thaís e Karina começaram utilizando o Facebook, mas acabaram migrando quando perceberam que seus públicos não estavam mais lá. O fato da rede ser focada em fotografia é um dos diferenciais que provocaram essa debandada, além de ser um ambiente mais propício para conteúdos criativos e de consumo rápido, visto que a impossibilidade de colocar links nas legendas incentiva a criação de textos informativos, porém, curtos.

No caso de Thaís, que tem uma loja física, o Instagram continua sendo crucial, assim como o WhatsApp: “Nosso ponto comercial não é aquele que abre a porta e espera o cliente chegar. Captamos nossos clientes pelas redes sociais e pelo boca-a-boca”.

Foto: Pexels

Mas, nem tudo são flores dentro da plataforma. “O Instagram é tudo [para o meu brechó], apesar de ter uma relação de amor e ódio com ele por conta do engajamento. Se não tivesse ‘Insta’, não teria loja. Mas, às vezes penso em abrir um site por conta disso. Tenho medo de dar algum problema e estragar meu negócio. Por outro lado, ele é perfeito para vendas, com os Stories e tudo mais. Acho a plataforma legal para isso”, argumentou Ingrid.

Para lidar com o algoritmo, os perfis investem na produção e edição das fotos e, também, buscam manter a frequência das postagens e a qualidade que o público espera do conteúdo. Uma das principais causas dessa abordagem é a grande oscilação do engajamento quando não se injeta dinheiro na plataforma, impulsionando as postagens.

Foto: cortesia Thaís Moreira / Empório Armário

A ocultação das curtidas do Instagram, ocorrida há alguns meses, no entanto, não parece ser um problema para as lojas. Para Thaís, a baixa no engajamento já vinha ocorrendo desde antes da nova medida entrar em vigor. “Acho que diminuiu um pouco a vaidade, nesse ponto foi ótimo”, afirmou. Karina, por sua vez, não notou mudanças em sua página desde que começou a trabalhar com o Instagram. E Ingrid diz se sentir mais livre para postar as fotos sem se preocupar em ficar comparando a quantidade de curtidas com as de outros perfis do nicho.

E o mercado?

Apesar do boom de interesse pelos brechós, é comum que eles enfrentem dificuldades para se estabelecerem, especificamente em relação aos preços. “Fazer com que as pessoas percebam que o trabalho dos brechós não é um hobby é difícil. Ele sustenta pessoas, ele me sustenta. […] Assumir responsabilidades com as pessoas é algo enorme, gostaria que levassem isso um pouco mais a sério”, desabafou Karina.

“As pessoas acham que brechó tem que ser muito barato porque é ‘resto’, tem aquela ideia antiga e fixa de que a única maneira de um brechó existir é com um monte de entulho e com tudo até 10 reais. Mas, mesmo esses brechós [mais populares] estão se reformulando, até porque é um mercado que tem crescido e tido mais aceitação”, complementou Thaís.

Do ponto de vista da sustentabilidade, o trabalho dos brechós se encaixa no conceito da Economia Circular (vídeo acima), criando novos ciclos de uso para produtos que seriam, a priori, descartados. Além disso, o modelo de negócio gera uma maior distribuição de renda, contribuindo para um cenário menos consumista e mais autêntico na indústria da moda.

“Estamos colocando novamente na praça peças que talvez ficariam esquecidas e que estão em ótimo estado, além de serem super estilosas. Quando você compra no meu brechó (e acho que isso acontece na maioria dos brechós, na verdade) você não está só me ajudando a ter uma renda, está ajudando a instituição de caridade X ou o asilo Y, que foi onde eu comprei essas peças para revender. Você dá uma nova chance a uma peça e ninguém vai ter outra igual a sua, isso é tão legal que nem sei explicar”, relatou Ingrid.

Karina também se preocupa com a questão do consumismo, mas acredita que sua loja promove um consumo consciente, “de peças que não viraram lixo, não viraram entulho. Elas ganharam novas histórias, aumentando sua vida útil”. Para Thaís, trata-se da compreensão do ser humano de que o desperdício impacta o ambiente no qual ele vive: “Trabalhamos com empoderamento feminino, com a compra certa de um produto de qualidade e durável, que não vem só com modismos e comodismo. A gente quer que a pessoa identifique a sua peça, seu estilo e seja feliz”, finalizou.

Você já comprou em algum brechó online?

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Aplicativo chinês viraliza por criação de deepfakes, mas repercussão de segurança é negativa

O aplicativo chinês Zao viralizou no mundo todo no último final de semana. O programa permite que usuários coloquem suas faces em cenas famosas do cinema e da TV em apenas alguns segundos e usando somente algumas selfies. No entanto, o encanto logo foi substituído por uma preocupação: a política de privacidade.

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Sites mostram como a Inteligência Artificial atua na criação de “deepfakes”
Este aplicativo permite que você alugue a sala de um vizinho como seu coworking

A troca de rostos (ou face-swap) é feita por meio a criação de deepfakes. “Os usuários enviam uma foto de si mesmos para colocar sua imagem em cenas populares de centenas de filmes ou programas de TV. É uma chance de ser a estrela e trocar de lugar com Marilyn Monroe, Leonardo DiCaprio ou Sheldon Cooper do The Big Bang Theory em questão de momentos”, exemplifica matéria da Bloomberg.

Veja abaixo o vídeo publicado por um usuário no Twitter.

Sem privacidade

Mas, a alta popularidade logo evidenciou problemas com a segurança do aplicativo. No momento da viralização, o termo de uso do Zao afirmava a posse de direitos “gratuitos, irrevogáveis, permanentes, transferíveis e passíveis de relicenciamento” de todo conteúdo gerado por usuários. Muitas pessoas recorreram à App Store para manifestar a insatisfação e mais de 4000 avaliações negativas fizeram com que o aplicativo amargurasse 1.9 estrelas, entre as 5 possíveis.

Desde então, os termos de uso foram atualizados. “O aplicativo agora diz que não usará fotos ou vídeos enviados por usuários para outros fins que não o seu aprimoramento ou itens pré-acordados pelos usuários. Se os usuários excluírem o conteúdo da plataforma, o aplicativo também o apagará de seus servidores”, diz a reportagem.

“Entendemos a preocupação com a privacidade. Recebemos o feedback e corrigiremos os problemas que não levamos em consideração, o que levará um pouco de tempo “, afirmou um comunicado publicado na conta do Zao na rede social Weibo.   

Número de curtidas também deve ser ocultado no Facebook

Há alguns meses, o Facebook começou a testar a ocultação do número de curtidas e visualizações no Instagram. Segundo a empresa, o objetivo da medida é que “os seguidores se concentrem mais nas fotos e vídeos que são compartilhados, do que na quantidade de curtidas que recebem”. Esta semana, o site de tecnologia TechCrunch confirmou que testes devem ser feitos, também, na rede Facebook.

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Basecamp incentiva empresas a se distanciarem do Facebook;
Algoritmo do Facebook que monitora suicídios evidencia divergências entre empresas de tecnologia e especialistas em saúde;

No Instagram, que foi adquirido pelo Facebook em 2012, a quantidade de “likes” já não é mostrada para usuários na Austrália, Canadá, Irlanda, Itália, Nova Zelândia, Japão e Brasil. Quanto ao Facebook, no entanto, não foi informado quando ou onde o programa será inicialmente executado.

O protótipo foi descoberto pela desenvolvedora Jane Manchun Wong, conhecida por desvendar recursos que ainda não foram lançados: “Observei que o Facebook começou recentemente a prototipar esse recurso de ocultação da contagem de curtidas/reações em seu aplicativo Android, fazendo engenharia reversa do aplicativo e jogando com o código abaixo”, escreveu em seu blog.

“Atualmente, com esse recurso não lançado, a contagem de curtidas/reações fica oculta para qualquer pessoa que não seja o criador da postagem, assim como funciona no Instagram. A lista de pessoas que gostaram/reagiram ainda estará acessível, mas o número ficará oculto. Curiosamente, o número de curtidas/reações nos comentários ainda não está oculto. Mas isso pode ser devido à natureza desse recurso estar em um estágio inicial de desenvolvimento. Como sempre, as coisas serão polidas eventualmente”, continuou a engenheira.

Resultados

A empresa não chegou a fazer nenhum comentário sobre os resultados dos testes feitos no Instagram. Por exemplo, se os “likes” ocultos estão interferindo nas métricas ou realmente trazendo benefícios aos usuários. No entanto, como afirma O Globo, “replicar a iniciativa no Facebook sinaliza que os resultados devem ser positivos ou, ao menos, sem impactos negativos nos negócios”.

Revelada a interface do serviço de streaming Disney+

Há pouco mais de dois meses do lançamento oficial do Disney+, a plataforma de streaming da Disney — que começará a funcionar dia 12 de novembro, nos Estados Unidos —, a empresa revelou a interface do serviço durante a D23, convenção bienal que ocorreu entre os dias 23 e 25 deste mês em Anaheim, na Califórnia.

Alguns jornalistas de cultura já têm acesso à versão demo da plataforma e, como esperado, as comparações com a interface da Netflix são latentes. Julia Alexander, repórter do site The Verge, por exemplo, destacou o visual minimalista do novo serviço, com a ressalva de que o catálogo da Netflix possui muito mais conteúdo.

“Onde a Netflix está cheia de conteúdo tentando chamar a atenção dos assinantes, o Disney+ parece relativamente estéril. Como a biblioteca de aplicativos da Apple TV, o serviço da Disney é quase cirurgicamente limpo em sua precisão de design. Mas as maneiras específicas pelas quais seu conteúdo é compartimentado podem ser um divisor de águas”, escreveu.

Categorias

No momento de seu lançamento, o Disney+ terá aproximadamente 500 filmes e 7000 episódios de TV. Em contraste, em 2018, o catálogo da Netflix tinha cerca de 4000 filmes e 1570 séries. Ainda assim, a organização do serviço da Disney parece se distanciar da interface caótica de sua principal concorrente.

Segundo Michael Paull, presidente dos serviços de streaming da Disney, isso acontece porque, em parte, os objetivos do novo produto são diferentes: “De um nível técnico ou de interface do usuário, eu realmente não o comparei com a Netflix. […] Por princípio, queríamos uma experiência simples e elegante. […] Queremos facilitar as coisas. Não queremos que o produto atrapalhe o conteúdo”.

Experiência do usuário

Nesse sentido, a interface do Disney+ divide o conteúdo em linhas pelas quais as pessoas podem rolar com base em recomendações personalizadas, novos lançamentos e curadorias selecionadas. A linha superior tem um carrossel com títulos prioritários e originais do serviço. E há uma seleção de subseções das franquias: Star Wars, Disney, Pixar, Marvel e National Geographic.

Para a jornalista, além do preço e do conteúdo em si, a experiência do usuário parece ser um dos grandes fatores a determinar a recepção da plataforma. Já para Paull, a “interface do usuário é muito importante, […] ser capaz de criar um design adequado à marca e permitir que as pessoas encontrem a programação que desejam que não atrapalhe é incrivelmente importante”.

KFC testa “frango vegano” e estoque se esgota em 5 horas

Com o aumento frequente da procura por alimentos à base de plantas para substituir o consumo de carne, a rede de lanchonetes fast food KFC realizou um teste de mercado em parceria com a empresa vegana Beyond Meat. O evento, chamado Beyond Fried Chicken (ou “Além do Frango Frito”), ocorreu em uma franquia do restaurante em Atlanta, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (27). O estoque do “frango vegano” se esgotou em cerca de 5 horas.

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Segundo Jon Figas, do site Engadget, o “KFC planeja estudar os resultados do teste para decidir o que acontece a seguir, o que pode incluir um teste maior ou uma implementação completa. Embora não tenha dito quais critérios estariam envolvidos, não é necessariamente uma questão de analisar as escalações – o KFC provavelmente quer sinais de que as pessoas gostaram do Beyond Fried Chicken o suficiente para voltar, não apenas que estavam dispostas a testar”.

O teste foi realizado com versões veganas de nuggets e asas de frango. Se a iniciativa seguir em frente, pode ser uma representação de que substitutivos da carne à base de plantas têm um grande apelo com o público consumidor de fast foods, que, inclusive, extrapola as barreiras do hambúrguer. Consequentemente, isso fará com que outras empresas do ramo invistam em incluir opções veganas em seus cardápios.

Jornalismo da Globo entra na onda dos podcasts e estreia nove programas

Seguindo o ritmo de popularização dos podcasts no Brasil, o Jornalismo da Globo é o mais novo grupo de comunicação a investir pesado nesse tipo de mídia. Esta semana, a emissora estreia nove novos programas de rádio, com periodicidade diária ou semanal, que se juntam aos cinco já existentes na casa. A novidade foi anunciada no último domingo (25/08), no Fantástico.

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A primeira estreia da nova leva de podcasts é O Assunto, liderado pela jornalista Renata Lo Prete. O programa diário (de segunda a sexta) vai informar sobre os grandes temas do momento por meio de conversas com outros jornalistas e analistas do Grupo Globo, bem como via entrevistas com especialistas e personagens diretamente envolvidos nas notícias.

O Assunto é uma experiência nova. Para mim, para o G1 e espero que para você – ouvinte, leitor, telespectador, porque somos tudo ao mesmo tempo agora”, escreveu a apresentadora. Segundo ela, o programa “nasceu, como quase tudo, de uma necessidade: aprofundar um tema, em meio a tantos que nos bombardeiam todos os dias. Entendê-lo melhor e estabelecer as conexões. Num formato que cabe na vida, mesmo com a correria”.

Outras estreias

As demais estreias da semana são o podcast Isso é Fantástico, apresentado por Murilo Salviano, que vai ai ao ar às segundas-feiras; Hub GloboNews, às terças, abordando temas como tendências, inovação e tecnologia; Bem Estar, sobre saúde e qualidade de vida, às quartas; Papo de Política, com Natuza Nery, Maju Coutinho, Júlia Dualibi e Andréia Sadi, às quintas.

Também às quintas, vai ao ar o Desenrola, Rio, que busca respostas para os problemas do dia a dia carioca. Às sextas, o Resumão faz um apanhado das notícias da semana, com as jornalistas Mônica Mariotti e Carol Prado. No mesmo dia, o GloboNews Internacional traz um olhar brasileiro sobre o que acontece além das fronteiras. Finalmente, aos sábados, é dia do O Tema É, com a jornalista Sandra Annenberg.

Pratas da casa

Apesar das muitas estreias da semana, o Jornalismo da Globo já contava com alguns podcasts em sua programação, que continuam a ser produzidos. São eles: Educação Financeira, GloboNews em Movimento, Semana Pop, G1 Ouviu e Livro Falado.

Os podcasts do Jornalismo da Globo estão disponíveis no Spotify e demais agregadores, além do site do G1.

Spotify lança dashboard para podcasters

Seguindo com seu plano para “dominar o mundo” dos podcasts em 2019, o Spotify lançou mais uma novidade na semana passada: o Spotify para Podcasters. O novo dashboard permite que produtores de podcasts tenham acesso a dados demográficos e de engajamento de seus programas, coletando e organizando informações como tempo médio de escuta, episódios mais ouvidos e total de ouvintes.

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Spotify investirá pesado na categoria de podcasts em 2019

Segundo o canal oficial de comunicação da empresa de streaming, o blog For the Record, “em essência, o Spotify para Podcasters é um painel de descoberta e análise. Nele você pode enviar seu programa para o Spotify e se aprofundar nos dados demográficos e de engajamento […]. Com tantos podcasts por aí, é mais importante do que nunca que você tenha os dados necessários para te ajudar a entender e aumentar seu público. É exatamente isso que seu painel foi projetado para fornecer”.

O artigo explica, ainda, que a nova plataforma foi criada com o objetivo de ajudar criadores e produtores de podcasts a se engajarem e entenderem seus ouvintes, encontrar novos fãs, aprender insights com outros membros da indústria e fomentar o crescimento da carreira.

A nova plataforma ganhou, ainda, um perfil no Twitter, onde são compartilhados artigos e notícias sobre o universo dos podcasts.

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“Comprei minha casa graças ao meu bullet journal”, afirma jovem de 26 anos

Das várias tendências que surgem com a promessa de ajudar as pessoas com sua produtividade e organização, o bullet journal é uma das mais curiosas: são milhares de canais e vídeos de YouTube, painéis do Pinterest e perfis de Instagram dedicados ao método. E, para aumentar ainda mais o interesse em torno dos bullet journals, várias pessoas afirmam que a ferramenta é uma excelente maneira de se organizar financeiramente.

Veja também:
– Podcast: Criando uma rotina de trabalho produtiva
Como planejar sua pauta e ter uma semana produtiva de trabalho

Em uma matéria para a BBC, a jovem Rachel, de 26 anos, que mora em Lancaster, no Reino Unido, afirmou que seu #bujo (hashtag usada no Instagram por usuários de bullet journals) foi essencial para a compra de sua casa. “Eu e meu namorado compramos a nossa primeira casa no ano passado, em dezembro. […] Acompanhar minhas finanças por meio do meu bullet journal definitivamente contribuiu para que pudéssemos comprar a casa”, disse.

Tópicos

O bullet journal é um método desenvolvido pelo designer novaiorquino Ryder Carroll, que usa tópicos (bullet points) como sua estrutura principal. Para utilizá-lo, é preciso um caderno em branco e canetas. Adeptos mais empolgados também usam marcadores de texto e fitas adesivas coloridas.

“Algumas pessoas dizem que eles são listas de tarefas embelezadas. Um diário com desenhos bonitos”, diz a reportagem. Mas, um dos grandes diferenciais da ferramenta em relação a outros planners e listas de tarefas é que cada usuário pode adaptar a estrutura do seu bullet journal às suas próprias necessidades, deixando a experiência de uso o mais individualizada possível.

Quanto à eficiência do método no controle das finanças, a matéria argumenta que usuários do bullet journal se consideram mais conscientes em relação aos seus próprios gastos porque mantêm todas as suas finanças em um único lugar. Segundo eles, é mais fácil abrir a bolsa e anotar a transação no caderninho do que utilizar um aplicativo ou uma planilha.

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Apoia.se passará a cobrar apoios via cartão de crédito na hora

Muitos produtores de conteúdo brasileiros recorrem à plataforma de financiamento coletivo e recorrente Apoia.se para monetizarem seus projetos. No entanto, uma das características do site que incomodava muitos deles era o modelo de cobrança postecipada (ou seja, para o mês seguinte). Diante disso, a empresa anunciou recentemente que, a partir de setembro, os apoios realizados via cartão de crédito serão cobrados na hora.

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Podcast: Como iniciar um projeto criativo sem grana
Podcast: Projetos Paralelos

Com a cobrança postecipada, quando um novo apoio chegava ao projeto de um produtor, o apoiador era cobrado apenas na primeira semana do mês seguinte. Por exemplo, um apoio feito no dia 14 de agosto seria cobrado apenas na primeira semana de setembro, sendo que as recompensas só poderiam ser enviadas ao apoiador uma vez que o pagamento fosse confirmado.

Isso costumava gerar algumas dores de cabeça para os produtores, que precisavam explicar às suas audiências que o apoio era, na verdade, uma “inscrição” para ser cobrado — e efetivamente se tornar um apoiador — no início do mês seguinte. Além disso, isso deixava a administração e a compreensão dos relatórios do projeto um pouco complicadas.

Vantagens

Segundo a plataforma, a mudança não afetará as cobranças dos apoiadores existentes e os repasses seguirão sendo feitos normalmente. “O primeiro apoio sempre será cobrado na hora. Isso fará com que o repasse do dinheiro desse apoio seja feito antes para você”. Com isso, as recompensas poderão ser entregues com mais agilidade e apoiadores via boleto e cartão terão o mesmo mês competência. Além disso, “a suspensão dos apoios que não foram pagos será melhor compreendida, pois a suspensão sempre acontecerá pelo não pagamento do apoio do mês anterior”.

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Startup visa promover impacto social na saúde por meio de terapia online

A discussão em torno da saúde mental tem sido crescente nos últimos anos. No entanto, ao mesmo tempo em que as pessoas estão falando mais sobre o assunto, os problemas de estresse, depressão e ansiedade parecem ser cada vez mais comuns. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, apontam o Brasil como o país mais ansioso do mundo. E, recentemente, a mesma OMS reconheceu a síndrome de burnout como doença.

Veja também:
Podcast: Ansiedade
Síndrome de burnout é reconhecida como doença pela OMS

No meio deste cenário, outra questão se destaca como o principal obstáculo para a boa saúde mental: o custo da terapia. Isso porque, além dos estigmas atrelados ao tratamento psicológico, muitas pessoas não conseguem dispor do investimento necessário para custear um bom terapeuta.

Diante disso, os empresários Tatiana Pimenta e Everton Höpner criaram, em 2016, a plataforma Vittude. Segundo artigo da empreendedora Maure Pessanha para o Estadão, o “negócio de impacto social tem auxiliado os brasileiros a inserir a saúde mental entre as prioridades pessoais”. Até o mês passado, o banco de dados da empresa — que está presente em mais de 50 países — contava com mais de 13 mil usuários e 3 mil psicólogos cadastrados, realizando atendimentos presenciais e online.

“Levando em consideração que metade dos municípios do Brasil não tem psicólogos em suas cidades, a solução tem atuado para democratizar o acesso à terapia, levando a possibilidade de brasileiros e brasileiras serem atendidos por profissionais da plataforma”, ponderou Pessanha. O consultório virtual da Vittude é protegido por criptografia e segue os protocolos internacionais de privacidade.

Corporações

Com o mercado corporativo em mente, os empreendedores lançaram, também, a Vittude Corporate, que ajuda empresas e funcionários com apoio especializado para abordar o tema. “A proposta da Vittude Corporate – cujo objetivo é democratizar o acesso à terapia no ambiente corporativo – é permitir que as empresas protejam o capital intelectual com uma lógica de investir em promoção à saúde mental”, argumentou a empreendedora.

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Engenheiro de dados encontra a música mais triste do Radiohead

Fã do Radiohead, o engenheiro de dados americano Charlie Thompson desenvolveu um algoritmo para determinar a música mais triste de toda a discografia da banda inglesa, conhecida por abordar temas como depressão, términos e suicídio. Após a análise, o título ficou com a canção True Love Waits, composta pelo vocalista Thom Yorke em 1995 e lançada no álbum A Moon Shaped Pool (2016).

Segundo o jornal Nexo, “Thompson usou duas bases de dados para realizar sua pesquisa: o algoritmo do Spotify que analisa fatores como a dançabilidade, a energia e a positividade das músicas e estabelece um valor numérico para cada item; e um algoritmo do site Genius Lyrics, que agrega letras de músicas do mundo todo”.

Assim, foram analisadas a musicalidade e as letras de cada canção. Primeiro, o engenheiro reuniu as músicas menos dançantes, enérgicas e positivas. Em seguida, utilizou um código para avaliar as letras a partir de palavras-chave (como “quebrado”, “queda”, “abandonar”, “matar”, entre outras). Por fim, ele usou o conceito de densidade lírica desenvolvido pelo engenheiro Myles Harrison, que “analisa quantos versos cada canção tem espalhados no tempo total da música”.

A partir de todos esses dados, Thompson definiu a seguinte equação:

True Love Waits

O resultado matemático apontou a música True Love Waits, do álbum A Moon Shaped Pool (2016) como a mais triste da discografia da banda, seguida por Give Up The Ghost (do King of Limbs), Motion Picture Soundtrack (do Kid A) e Let Down (do OK Computer).

Charlie Thompson detalhou todo o processo em um artigo publicado em seu site.

Ouça o episódio do nosso podcast sobre o uso de dados na rotina do microempreendedor criativo.

Amazon lança novo Kindle Oasis, com ajuste de temperatura de luz, no Brasil

O novo Kindle Oasis (link afiliado) passou a integrar o inventário brasileiro da Amazon desde a última quarta-feira (31). O diferencial é que o dispositivo agora permite ao usuário ajustar a temperatura da luz da tela, sendo especialmente útil para quem é sensível à iluminação em tom azulado dos modelos anteriores. O leitor digital está disponível na cor grafite, com as opções de 8GB (R$ 1.149,00) e 32GB (R$ 1.299,00) de armazenamento.

Como as demais versões, a recém-lançada apresenta tela de 7 polegadas e 300ppi de resolução. Segundo o site Gizmodo, “o dispositivo promete ao usuário uma experiência de leitura mais agradável com o recurso de iluminação frontal que permite ajustar a temperatura de luz. Principalmente para quem gosta de ler à noite e se incomoda com aquela luz branca de tom azulado, a possibilidade de dar um descanso aos olhos com uma tela de tom âmbar pode valer o investimento”.

Premium

A linha Oasis é a mais cara entre os leitores da Amazon e é direcionada a fãs ferrenhos dos livros digitais. O design ergonômico e os botões físicos — para avançar ou voltar páginas — possibilita o uso confortável do aparelho com apenas uma mão. Além disso, ele é à prova d’água, com classificação IPX8, resistindo à imersão em até 2 metros de água doce por até 60 minutos.

Com o novo modelo, o usuário pode, ainda, programar os ajustes de luz para que aconteçam automaticamente, em horários pré-determinados. A tecnologia de tinta eletrônica — que agiliza a troca de páginas — é outro diferencial.

Será que vale a pena? Veja uma das primeiras análises do novo dispositivo no vídeo abaixo:

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Revista Época estreia coluna semanal sobre a indústria da cannabis

A indústria da cannabis está em franco crescimento ao redor do mundo, com muitos países ou estados legalizando o uso medicinal ou recreativo da planta. Com isso em mente, a revista Época estreou, na semana passada, uma coluna dedicada ao tema. Assinado por Denis Russo Burgierman, o espaço visa investigar as mudanças que esse novo mercado trará ao mundo.

No primeiro artigo, intitulado “Como a indústria da cannabis transformará o mundo”, o jornalista comentou as motivações que levaram à criação da coluna: “Quer apostar comigo sobre qual vai ser a próxima grande onda a balançar o mundo? Anota aí e pode vir me cobrar depois: nenhuma indústria crescerá tanto na próxima década ou nas próximas duas quanto a da maconha”, escreveu.

Segundo ele, “a indústria global de produtos legais feitos com as plantas do gênero cannabis, que praticamente não existia uma década atrás e ano passado movimentou 11 bilhões de dólares, segundo estimativas da consultoria especializada Arcview, superará os 40 bilhões ao ano em apenas cinco anos. Em mais uma década, estima-se que a maconha legalizada fará uns 130 bilhões de dólares girarem a cada ano. Há quem fale numa indústria trilionária no horizonte”.

Nesse sentido, o espaço visa investigar como esta movimentação financeira em torno da planta afetará o mundo em vários campos, como a medicina, a cultura, a sociedade, a geopolítica, o universo profissional e o comércio internacional.

Vários lados da moeda

Burgierman reitera que o caso da cannabis é excepcional, tanto por não ser uma grande descoberta tecnológica (logo, não é cara e inacessível), quanto por já vir carregada de vários estigmas.

Sobre isso, ele explica: “O objetivo desta coluna não é convencer você de nada. Não é ser contra nem a favor. É contar para você, semana após semana, a história fascinante dessa imensa onda que vai mudar tanta coisa no mundo a partir de agora, queiram os legisladores brasileiros ou não. E ajudá-lo a entender essas mudanças – e, quem sabe, a beneficiar-se delas. Que venha a onda então”.

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Cientista de alimentos cria café que não vem dos grãos do cafeeiro

Um café feito sem o uso dos grãos do cafeeiro. Esta é a proposta do Atomo, criado pelo cientista de alimentos Jarret Stopforth e pelo empreendedor Andy Kleitsch em uma garagem transformada em laboratório de fermentação em Seattle, nos Estados Unidos. Eles fizeram análises de grãos verdes e torrados e utilizaram a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência para separar os compostos da bebida, que são mais de mil.

Segundo o site da revista Galileu, a intenção da dupla era criar um produto com o mesmo aroma, cor e sabor da bebida tradicional. “À medida que nos aprofundamos no processo, aprendemos mais sobre as ameaças geradas pelo café como um todo, como o desmatamento, aquecimento global e o fungo devastador ferrugem. […] Estávamos ainda mais empenhados em fazer um ótimo café que também fosse melhor para o meio ambiente”, contou Stopforth.

Os pesquisadores não chegaram a revelar exatamente do que o café é feito, mas confirmaram que o Atomo é uma mistura de vários compostos alimentícios, como antioxidantes, flavonoides, ácidos de café e cafeína. Entre os meses de fevereiro e março, eles realizaram uma campanha no site de financiamento coletivo Kickstarter, a fim de chamar a atenção de investidores. O produto deve chegar ao mercado em 2020.

Confira no vídeo um teste cego de preferência entre o Atomo e o Starbucks, feito com estudantes universitários:

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