#AparelhandoAQuarentena: conteúdo original para conhecer, revisar e colocar em prática

Olá, quarenteners!

Giovanna aqui.

Bem, como vocês sabem: coronavírus, pandemia, quarentena, isolamento social e todo mundo em casa procurando o que fazer para não enlouquecer pensando no quanto estamos ferrados.

Esta semana, o Henrique e eu conversamos e decidimos dar uma pausa na produção de reportagens especiais. Como o rolê da pandemia está muito latente e mexendo com as nossas vidas de todas as maneiras imagináveis, achamos melhor guardar as histórias que queremos contar para um momento menos turbulento.

Ao mesmo tempo, queríamos que o Aparelho estivesse presente para vocês de alguma forma nesse período de inúmeras incertezas. Então, dei uma vasculhada em tudo o que já foi publicado por aqui e criei esta lista para que vocês possam conhecer, revisar e/ou colocar em prática algo que acabou ficando sem a devida atenção quando foi ao ar.

Eu sei que está cheio de live e cursos da hora pela internet esses dias (e isso é muito, muito legal), mas tem muita coisa boa por aqui também. Ah, marquei com uma ⭐ os materiais que considero especialmente valiosos nesse cenário que estamos vivendo. Esperamos que a listinha seja útil.

Se cuidem, lavem as mãos e fiquem em casa. 😉

Especiais

Audiopost: Como fazer um podcast – Definindo o formato [exclusivo para apoiadores]

“Não tema os números!” Encarar as finanças e a contabilidade é determinante para crescer como freelancer

Trabalho remoto contribui para a produtividade e qualidade de vida dos colaboradores

Moda no Instagram: como os brechós usam a plataforma para vender online

Colunas

A ascensão e a queda de Marcela (no BBB e no Instagram) [exclusivo para apoiadores]

Como não ser atropelado em um mundo que parece andar cada vez mais rápido [exclusivo para apoiadores]

Vida de influencer é amor ou cilada?

O que Beyoncé, Anitta, Izabella Camargo e 1/3 dos trabalhadores no Brasil tem em comum

O freelancer que aceita mais trabalho do que pode entregar queima o filme de toda a classe

Podcasts

Podcast: Burnout e a glorificação do excesso de trabalho

Podcast: Como iniciar um projeto criativo sem grana [exclusivo para apoiadores]

Podcast: O papel do otimismo na vida do microempreendedor criativo

Podcast: Como não fazer negócios – Fyre Festival

Podcast: Infoprodutos [exclusivo para apoiadores]

Podcast: Aprendizado Contínuo

Podcast: O conceito Menos é Mais aplicado à rotina do Microempreendedor Criativo

Podcast: Como definir prioridades [exclusivo para apoiadores]

Podcast: Gerenciando um Brainstorm Individual

Podcast: LinkedIn

Podcast: Como ter disciplina pra trabalhar sozinho

Podcast: Newsletters [exclusivo para apoiadores]

Podcast: Mantendo o Home Office organizado

Podcast: Rotina Matinal

Podcast: O mito de ser multitarefa

Podcast: Livro Físico vs Livro Digital

Podcast: Imediatismo e Superficialidade. Onde vamos com tanta pressa?

Podcast: Economia Colaborativa

Podcast: Legitimidade. Você faz parte do público que pretende atingir?

Podcast: Gerenciando o emocional em uma negociação

Podcast: Autossabotagem

Podcast: Dar ou não dar desconto? Eis a questão.

Podcast: Produção de conteúdo para blogs

Podcast: Precisamos falar sobre workaholismo

Podcast: Marketing para freelancers

Podcast: Aditivando a Criatividade

Podcast: Home Office. Os desafios de trabalhar em casa

Podcast: Saúde para dar e vender

Podcast: O amor na era do Home Office

Podcast: Como lidar bem com dinheiro? 

Podcast: Meditação

Podcast: criando uma rotina de trabalho produtiva

Podcast: como parar de procrastinar?

Podcast: Tem criança no home office. E agora?

Podcast: Ansiedade

Podcast: O impacto do isolamento na vida do Freelancer

Podcast: Relacionamento com o Cliente

Podcast: Como o freelancer faz networking?

Artigos

Como evitar retrabalho e desperdício de dinheiro no início do seu projeto [publieditorial]

O que te fez chegar aqui não vai te fazer chegar lá

Como ser o herói do seu cliente — A primeira proclamação

Troquei o café pela power nap. O gosto não é o mesmo, mas faz bem para o bolso e para a produtividade.

Como ganhar clientes através do silêncio

Como ser um freelancer mais eficiente

Como Steve Jobs me influenciou

Decoração para um ambiente de trabalho produtivo

Como coloquei meu site na primeira página do Google

Como lidar com o isolamento causado pelo ideal de carreira?

Não julgue um job pela capa

É possível ficar rico trabalhando como freelancer?

Como escrever me faz uma profissional melhor

WordPress: descubra por que você deve colocar ele no seu site ainda hoje

Pessoas disciplinadas: onde vivem e do que se alimentam

Freelancer: guia aberto para ter um site competitivo

7 pontos positivos da técnica pomodoro no meu dia-a-dia

Como a meditação pode ajudar na rotina do freelancer

Como planejar sua pauta e ter uma semana produtiva de trabalho

Como a economia colaborativa está revolucionando a vida de freelancers

Como aprender inglês sozinho para começar a faturar em dólar

Trabalhar como freelancer: como começar, onde encontrar trabalho e muito mais

É branding o que falta no seu business

Técnica Pomodoro: turbine sua produtividade com um método simples

Fluxo de caixa simples para profissionais descomplicados

A ascensão e a queda de Marcela (no BBB e no Instagram)

Quando o BBB 20 começou, em meados de janeiro, muitos de nós fomos instigados a assistir por causa da dinâmica inusitada apresentada por Boninho, Tiago Leifert e cia. para esta edição comemorativa do programa. A ideia de juntar anônimos e influencers na “casa mais vigiada do Brasil” não só atiçou as expectativas dos fãs do reality como alavancou o fluxo de seguidores dos convidados pra frente da TV.

E o novo formato também se mostrou interessante para quem trabalha com conteúdo, visto que estratégias de marketing elaboradíssimas começaram a ganhar a internet. Manu Gavassi, Bianca Andrade e Pyong Lee — que já tinham audiências parrudas no Twitter, Instagram e YouTube — deixaram vídeos, clipes musicais, ensaios fotográficos de looks usados na casa, posts patrocinados, anúncio de turnê e narrativas inteiras prontas aqui fora.

Mas foi o posicionamento de marca de uma das participantes — até então — anônimas que mais me chamou a atenção: o da médica Marcela McGowan. Ao que me parece, ela foi a única entre os desconhecidos a entrar no programa com algum planejamento prévio mais estratégico, tanto para o jogo quanto para as redes sociais.

No momento de sua entrada, ela afirmou ter (em uma conversa dentro da casa) 26 mil seguidores no Instagram. Isso indica que a sister já tinha certa influência na rede, enquadrando-se na categoria dos microinfluenciadores (aqueles que têm entre 10 mil e 100 mil seguidores).

 
 
 
 
 
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O fato de já ter uma considerável audiência explica o perfil de Marcela já contar com uma identidade visual definida, slogan próprio com hashtag (#DraUnicornio) e algumas séries de conteúdo. Analisando o perfil, nota-se que essa guinada é recente, iniciada no segundo semestre do ano passado (possivelmente em meio ao processo de seleção do BBB), e é justificada pelo lançamento de seu curso online “O Prazer é Todo Meu”, voltado para sexualidade feminina — uma de suas áreas de especialização.

Até esse ponto, os posts eram de cunho mais pessoal (apesar de ter fotos muito bem produzidas), porém, já com algumas reflexões sobre a bandeira que impulsionou sua ascensão meteórica nas primeiras semanas e, agora, catalisa a queda de sua popularidade no programa e, também, nas redes: o feminismo.

[Antes de continuar, quero destacar que não é meu papel, e nem a intenção do texto, julgar a conduta da Marcela ou de qualquer outro participante do BBB. Muitas coisas aconteceram por lá — inclusive, casos de polícia —, mas o objetivo aqui não é “cancelar” ninguém (essa tarefa deixo pro pessoal do Twitter e, em algumas situações, pra justiça). O BBB tem sido a alienação que tem salvado a sanidade de muita gente nesse início de ano kamikaze (oi, coronavírus e dólar a R$ 5,00). Então, acho que vale tentar interpretar alguns comportamentos e tirar algum conhecimento ou aprendizado dessa loucura toda 😉]

O famigerado teste de fidelidade

Marcela entrou na casa com um personagem montado. Não digo isso como algo ruim, pois ela sabia muito bem quais de suas características e habilidades queria mostrar no programa e projetar em suas redes. Já em sua chamada, antes do reality começar, rotulou-se como feminista e destacou seus focos profissionais, deixando claro que não hesitaria em tretar com os “héteros top”. Ela também se apresentou ao público como bissexual.

 
 
 
 
 
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Logo na primeira semana, já assumiu alguma notoriedade, sendo responsável — junto com suas aliadas Gizelly e Thelma — pela ida de Lucas Chumbo (primeiro eliminado) ao paredão. Na semana seguinte, ao buscar (novamente com Gizelly) outros aliados para o jogo, se viu presenteada pelos “machos” da casa com uma narrativa que parece ter sido desenhada a mão para sua estratégia: o teste de fidelidade com as “famosas comprometidas”.

Graças a esta tática falida, a médica foi acolhida pelo público e se tornou a participante anônima de BBB a chegar em menos tempo à marca de 1 milhão de seguidores. Feito alcançado com 13 dias de programa. No dia seguinte, ela ultrapassou a contagem dos 2 milhões. E continuou crescendo, passando dos 4 milhões em outras poucas semanas.

O cavalo-de-troia da Casa de Vidro

Como era de se esperar, o plano dos homens gerou conflitos. Mas, devido às acusações atribuídas ao ginasta Petrix (segundo eliminado), a saída de Hadson (participante responsabilizado pelo teste) acabou sendo adiada. Assim, o público encontrou uma maneira de avisar as mulheres que a estratégia machista realmente existiu: enviar as informações para dentro da casa com a ajuda dos participantes na Casa de Vidro.

Daniel e Ivy entraram, passaram a resenha da eliminação de Petrix — entre outras coisas — e o plano maligno foi desmascarado. O que o público não esperava — e Marcela e sua equipe de marketing também não — era que ali seria o ponto de virada da popularidade da “fada sensata” (expressão que, inclusive, tem que acabar!). Isso porque as informações de fora começaram o desfecho de narrativa mais longo (creio eu) da história do programa.

O grupo de meninas que acreditaram na história do teste de fidelidade desde o começo se aliou a Pyong e aos mensageiros recém-chegados para fazer uma fila de eliminação dos “machos escrotos”; uma jornada de ao menos um mês de programa, considerando que ainda faltavam quatro deles para darem adeus ao jogo.

Ironicamente, foi nesse momento que Marcela atingiu o ápice de seu favoritismo. Com a história devidamente corroborada, o caminho estava aberto para que ela fosse a “cabeça” da pauta feminista. Suas falas começaram a ser divulgadas à exaustão por sua crescente torcida, e logo foram reproduzidas por influenciadores, artistas e até mesmo políticos aqui no mundo real. Não demorou para ela ser considerada a campeã antecipada da edição.

Na web, sua equipe cuidava de enaltecer suas atitudes na casa, levantar hashtags no Twitter, interagir com o público, comemorar as metas de seguidores, vender cópias do curso online e até mesmo agendar a presença dela em eventos marcados para depois que o programa terminasse. Isso, vale destacar, sempre utilizando conteúdo previamente planejado e produzido, intercalado às oportunidades de postagens engatilhadas pelo roteiro do BBB.

Só que o tombo veio para Marcela — e mais rápido do que todo mundo esperava. Não precisa ser um(a) grande contador(a) de histórias pra perceber que a linha de raciocínio do grupão ia dar errado: narrativa nenhuma — considerando a estrutura de um reality como o BBB — dura tanto tempo para ser resolvida após o clímax. O conflito foi desvendado, os vilões foram desmascarados e, mesmo que nem todos tivessem “pagado pelo crime” ainda, os produtores precisavam manter o público entretido. Ou seja, novas narrativas surgiram e/ou foram criadas.

De fada a falsa sensata

Depois de descobrir que já havia conquistado mais de 2 milhões de seguidores no Instagram e que o público confiava em sua versão dos fatos, a participante engatou um romance com o mesmo Daniel que lhe trouxe as boas novas. O relacionamento não agradou por dois motivos: muita gente esperava que Marcela e Gizelly formassem um casal (#Gicela) e, além disso, o novo habitante da “nave louca” acabou decepcionando o público em vários outros aspectos.

Segura de que é adorada aqui fora, acreditando na estratégia — convenhamos, super batida — de “formar casal” e crente de que não vai para o paredão tão cedo pois os demais competidores a consideram forte no jogo, a médica mudou de postura e acabou trocando o repertório didático que colocou o feminismo no centro das atenções no início do programa por outro que não foi bem recebido por quem assiste.

“No momento em que termino esse texto, ela já perdeu quase um milhão dos seguidores…”

Nas últimas semanas, sua popularidade tem caído quase que com a mesma força e velocidade que a levaram ao topo no passado. E as acusações sobre sua conduta ficaram ainda mais sérias: comentários racistas e gordofóbicos direcionados a Babu Santana foram atribuídos a ela, assim como falar mal de aliados pelas costas e não repreender as infrações que Daniel comete diariamente no jogo.

A última gota foi na semana passada, quando contradisse toda sua jornada ao “passar pano” para uma fala machista do namorado e, ainda, colocar em xeque os sentimentos de outra mulher, a Flayslane, que se sentiu ofendida pela frase. Não é de hoje que Marcela é chamada de “feminista de Taubaté”, “militante de telão” e hipócrita nas redes sociais. No momento em que termino esse texto, ela já perdeu quase um milhão dos seguidores que conquistou e amarga as últimas posições em todas as enquetes que tentam estimar o pódio do BBB 20.

Finalmente, os refrescos!

Ok, agora que a fofoca está mais ou menos explicada (rs), o que dá pra aprender com tudo isso? A meu ver, Marcela teve uma grande sacada ao entrar no BBB com uma estratégia de marketing e isso deve ser reconhecido. Vale lembrar, inclusive, que ela não sabia que estaria competindo com pessoas famosas. Isso mostra que ela já estava pensando além da notoriedade passageira do programa. Hoje em dia, o BBB é jogado também na internet e é importante planejar estrategicamente como conquistar esse espaço e se manter nele depois que o reality acaba.

Mas isso também tem seu lado negativo: os participantes não estão mais à mercê apenas da edição e do público seleto que acompanhava o pay per view anos atrás. Com as redes e o próprio Globoplay (serviço de streaming da emissora que é mais barato e acessível que TV por assinatura), há pessoas que ficam acompanhando milimetricamente tudo o que acontece na casa.

Em tempos de ostentação da lacração, todas (sem exagero, TODAS) as falas e atitudes dos participantes — positivas e negativas — são inflamadas na web e viram munição na guerra entre as torcidas. Em sete semanas, todos eles já foram “cancelados” pelo menos uma vez. Se não me engano, a única exceção é a Thelma.

Enquanto Marcela comprou a ideia de que venceu o programa na segunda semana, outras histórias foram criadas e exploradas pelos demais participantes. Felipe Prior (o último dos “machos escrotos”), por exemplo, assumiu uma narrativa de justiceiro solitário, perseguido pelo grande grupo, e iniciou seu arco de redenção. Junto com Babu, seu único aliado no jogo (também isolado e excluído na casa), o arquiteto que tinha seu destino traçado quando os “vidraceiros” entraram na competição é o novo favorito ao prêmio, assumindo o posto que um dia foi da ginecologista.

Creio que ela entrou com a carta do feminismo da manga, mas não pensava que esse arco entraria no roteiro (e se resolveria) tão cedo no jogo — apesar de que era óbvio que esse embate ocorreria, considerando os perfis da maioria dos homens selecionados. O rótulo da “fada-sensata-perfeita-sem-defeitos-que-não-erra-nunca” foi atribuído a ela com o aval do público. Disso, em si, ela não tem culpa. Mas deveria ter assumido a responsabilidade de se manter coerente com o discurso que planejou priorizar em sua passagem pelo reality.

Me arrisco a dizer que nenhum envolvido no desenvolvimento da estratégia dela esperava uma ascensão tão grande; e nem uma queda tão forte. Depois que tudo desandou, a equipe de Marcela não soube gerenciar a crise: tentam sempre amenizar ou reinterpretar seus deslizes. A parte mais difícil, acredito, é alinhar o que está acontecendo lá dentro com o que foi planejado aqui fora e ainda tomar todas essas decisões sem que ela tenha voz ativa, por estar confinada. Tem muita coisa que realmente não dá pra prever, mas o público — de maneira geral — não gosta de quem se esquiva dos erros que cometeu.

No final das contas, o BBB é um jogo de convivência e um programa de entretenimento. E seu público não quer apenas ser entretido, ele quer coerência, uma bela trajetória, conteúdo fresco e autenticidade todos os dias, por três meses. Assim como o público das redes sociais. No médio prazo, mesmo com planejamento, Marcela não conseguiu cumprir bem nenhum desses requisitos porque fez uma leitura equivocada da intenção do público com os recados da Casa de Vidro.

Assim, deu o jogo por vencido e, sem perceber, deixou seus defeitos e contradições guiarem a maior parte de sua jornada e dominarem seu discurso. É aquela história: quem tem muitas certezas, na verdade não sabe de nada. Como diria Dona Silvana, “o calado vence”.

Audiopost: Como fazer um podcast – Definindo o formato


© 2020 | Todos os direitos deste material são reservados ao Aparelho Elétrico, conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.

Tópicos

  • Introdução – Ver;
  • Os formatos de podcast mais populares – Ver;
    • Mesa Redonda – Ver;
    • Dividido em Quadros e Seções – Ver;
    • Entrevista – Ver;
    • Narrativo – Ver;
    • Coluna – Ver;
  • Cuidado com as variações de formato – Ver;
  • Outros itens que compõem o formato – Ver;
    • O tom – Ver;
    • O propósito – Ver;
    • A duração – Ver;
    • A periodicidade – Ver;
    • A validade do seu conteúdo – Ver;
  • Conclusão – Ver.

Introdução

/* Esta é a primeira publicação de uma série de AudioPosts do Aparelho Elétrico chamada “Como fazer um podcast”. O Acesso é exclusivo para assinantes. */

Hoje a gente vai falar sobre a estrutura, o tom, a dinâmica e o estilo do podcast que você pretende criar.

É importante refletir sobre o formato, principalmente, porque ele é diretamente responsável por cativar a audiência. Além disso, o formato que você escolher vai determinar o volume de esforço necessário para a produção de cada episódio, o que, por sua vez, pode influenciar na periodicidade do seu podcast.

Ter consciência das dificuldades e características de cada formato é fundamental para se preparar para os desafios que cada um dos estilos apresenta e assim manter a qualidade e a longevidade do seu programa.

Para não haver confusão, é melhor começarmos pela definição. “Podcast” é simplesmente áudio sob demanda, só isso. É um conteúdo que está sempre disponível e você pode consumir na hora em que bem entender.

É importante deixar isso claro, porque muita gente pensa que “podcast” é um formato específico que, por exemplo, obrigatoriamente precisa ser engraçadinho e informal. Na verdade, o termo “podcast” não tem ligação alguma com o estilo. Cada um faz o seu programa de áudio do jeito que quiser.

Vejo o podcast como uma evolução dos programas de rádio. Para não perder sua atração favorita no rádio, você precisa sintonizar exatamente na hora anunciada pela emissora. No caso do podcast, você pode escutar quando for conveniente para você, seja no mesmo dia da publicação, seja na próxima semana, meses depois, etc. O momento oportuno para ouvir fica a seu critério.

Preciso dizer também que organizei as categorias a seguir conforme o meu próprio ponto de vista. Não obedeci um padrão oficial universal de categorização de áudio sob demanda. Imagino que nem mesmo exista tal regra. O universo dos podcasts, como o do rádio, é amplo, existe toda sorte de formatos e muitos ainda estão por ser inventados. Os estilos vão até onde a criatividade dos produtores permitir.

Os formatos de podcast mais populares

Vou falar um pouco sobre os estilos mais comuns que figuram atualmente nos rankings de podcasts mais escutados. Espero que essas informações te ajudem a decidir qual é a estrutura que melhor se encaixa à sua realidade.

Mesa Redonda

Esse talvez seja o formato mais popular no Brasil. Basicamente, são duas ou mais pessoas conversando em torno de um tópico pré-determinado. Rolam muitos improvisos e até algumas escapadas da pauta.

Este formato tem um belo apelo com a audiência, porque transmite uma forte sensação de pertencimento. Os ouvintes deste formato se sentem parte de um grupo com o qual eles se identificam.

Me sinto muito à vontade para falar desse modelo porque até hoje foi o mais utilizado aqui no podcast do Aparelho Elétrico. Eu confirmo a força que esse formato tem. Várias vezes o nosso podcast recebeu mensagens de pessoas que estavam fora do nosso público alvo que diziam ouvir o programa simplesmente porque achavam divertido. Para esse tipo de ouvinte, curiosamente, a pauta é o que menos importa. Ele busca companhia e gosta do sentimento de grupo que a conversa traz.

O estilo Mesa Redonda é um dos preferidos por boa parte dos produtores, porque a responsabilidade de gerar um bom conteúdo não fica totalmente na mão do produtor, o compromisso fica dividido entre todos os participantes.

Por isso, é importante que a mesa seja formada por pessoas que dominem o assunto escolhido e se expressem adequadamente. Optar por integrantes que falem bem, que sejam claros e objetivos, poupa esforço extra na hora da edição.

Atente também para a personalidade dos seus convidados. Carisma é fundamental para construir uma audiência fiel. Pessoas monotônicas e de pouca expressão podem acabar entediando os ouvintes.

Este formato também esconde outros desafios. Conciliar as agendas dos integrantes pode ser um dos maiores pepinos. De forma geral, as pessoas adoram participar das gravações e fazem o possível para encontrar um horário confortável para todos.

Porém, via de regra, as participações não são remuneradas. Logo, entre uma atividade da agenda que traz um retorno financeiro imediato e outra que soa como um hobby ou como um retorno a longo prazo, a gravação de um podcast acaba não sendo (ou não podendo ser) prioridade para muita gente.

Gravar sempre com os mesmos integrantes, ou com uma pequena variação deles, é uma maneira de reduzir as dificuldades de agenda. A dica é encontrar um bom momento comum a todos e fixar esse horário na agenda de todo mundo. Assim, você poupa a energia e evita o estresse de — em toda gravação — ter de verificar a disponibilidade de cada um dos convidados.

Neste tipo de formato é comum também a gente pensar que com mais pessoas participando, melhor será o episódio, já que a pluralidade de pontos de vista gera um conteúdo mais rico. Ok, isso até é verdade. Mas pode ter uma armadilha aí.

Se o seu podcast, por exemplo, tem 1h de duração e você convidar cinco pessoas, é possível que o tempo não seja suficiente para que cada integrante aprofunde seu ponto de vista, principalmente se o tema em debate for um tanto complexo ou espinhoso.

Neste cenário, o apresentador precisa ser bastante ativo para evitar digressões e manter a conversa dentro dos pontos que interessam. Ou então deixar essa responsabilidade nas mãos do editor. Até pode dar certo, mas arrisco dizer que há grandes chances da dinâmica não funcionar bem e o resultado soar pra lá de artificial.

E tem mais. Imagine uma gravação via internet, onde todos estão em locais diferentes, cada participante à mesa traz consigo também riscos de equipamento não adequado, de internet falhando e de ruídos externos.

Então gravar com muitas pessoas pode significar um aumento considerável de risco para o seu podcast. É importante manter isso em mente.

Gravar em um estúdio profissional, com todos os participantes reunidos, é uma ótima saída para reduzir estes riscos.

Eu nunca gravei podcast em estúdio. De forma geral, as pessoas com quem gravei sempre estavam em outra cidade e tudo aconteceu via internet. Em alguns episódios é possível perceber o delay do Skype, a diferença entre a qualidade dos áudios dos participantes, dá para ouvir cachorro latindo, pessoas digitando, crianças brincando, enfim: toda sorte de interferências externas.

Por isso, reconheço que gravar em um local apropriado, com privacidade, com todo o equipamento necessário e com ajuda profissional, é um avanço em termos de produtividade e qualidade para o seu programa. A audiência agradece.

Outra vantagem do estúdio é a boa dinâmica que o podcast ganha quando os participantes estão reunidos no mesmo ambiente. A interação fica mais fácil com o olho no olho. As expressões faciais e a linguagem corporal auxiliam muito a comunicação. O podcast gravado presencialmente oferece um nível de conexão entre os participantes que a gravação remota não é capaz de alcançar. O resultado é uma conversa mais fluida, natural e que requer menos esforço de edição.

Apesar de ser a solução ideal, os custos podem ser altos para um podcast que está apenas começando. Mas, caso você esteja em um projeto com uma boa verba, vale a pena considerar a gravação em um estúdio profissional.

Claro, a gravação remota é ótima. Minha intenção não é, de forma alguma, tirar o mérito dela. Mesmo com todos os entraves mencionados acima, ela possibilita o acesso — ainda que à distância — às pessoas que detêm o conhecimento que você como produtor precisa.

Entre uma gravação presencial com alguém que tem pouco conhecimento e uma gravação à distância com alguém que tem muito conhecimento, eu sempre vou escolher a segunda opção. Priorizar os participantes mais instruídos é fundamental, mesmo que isso sacrifique um pouco da qualidade do áudio.

Vale também mencionar que como o estilo Mesa Redonda é um dos formatos mais populares, a concorrência é grande e a audiência pode estar um pouco saturada do modelo. Você e seus convidados vão precisar se esforçar para construir uma base fiel de ouvintes. Hoje a oferta de podcasts é grande, se o seu conteúdo não for bom o suficiente ou a produção estiver muito rústica, talvez os ouvintes não voltem.

Para finalizar esse modelo, aqui vai uma última dica que usamos muito nos nossos podcasts aqui no Aparelho Elétrico: reserve entre 20 e 30 minutos para uma conversa pré-gravação entre os convidados. Esses minutos de conversa informal, antes de apertar o REC, são fundamentais para promover a integração entre os participantes, principalmente entre aqueles que ainda não se conhecem. Quando a gravação começa com a conversa já aquecida, o processo flui mais leve, a troca entre os integrantes soa mais natural, e o resultado é um conteúdo mais rico e mais gostoso de ouvir.

Exemplos de podcasts do tipo Mesa Redonda

Dividido em Quadros e Seções

Se você ouvir atentamente, vai identificar se um podcast tem divisões ou se é apenas um único bloco uniforme de conteúdo.

Geralmente as divisões são marcadas por simples efeitos sonoros ou pelo súbito aumento da trilha. Já os quadros têm um pouco mais de personalidade, são anunciados por suas respectivas vinhetas e possuem sua própria trilha sonora.

No Aparelho Elétrico, durante um bom tempo, o podcast foi formado por alguns quadros e pequenas divisões.

A anatomia dos programas era mais ou menos assim:

  • Introdução
    Sem qualquer vinheta ou trilha sonora, eu entrava sozinho me apresentando e explicava brevemente o propósito do veículo Aparelho Elétrico. Quando necessário, também passava algum recado de última hora. Então chamava o início do programa e começava a música de abertura.
  • Apresentação
    Com a trilha específica deste espaço, eu anunciava os participantes do episódio e eles davam um alô breve, para que a audiência já pudesse começar a identificar a voz de cada um, e informava também o tópico central da conversa que começaria após a leitura dos comentários.
  • Comentários
    Entrava uma vinheta especial e uma trilha específica para a leitura das reações da audiência sobre o episódio anterior. No início, a gravação era feita com os próprios convidados do programa, mas percebi que a conversa nos comentários se estendia muito. Para agilizar, e para poupar o tempo dos convidados, comecei a gravar este quadro sozinho. O que foi importante também para formar um vínculo mais forte entre eu, o apresentador, e os ouvintes.
  • Pauta Principal
    O som de uma bateria fazia a separação entre os comentários e a pauta principal. Começava uma trilha específica que identificava o início da conversa.
  • Encerramento
    Iniciava a música de fechamento. Eu passava alguns recados finais característicos do fim do programa e então me despedia.
  • Erros de gravação
    Depois que acabava a música de encerramento, começava a trilha sonora típica dos erros de gravação. Neste bloco, apareciam vários erros e situações curiosas que eram cortadas da edição final. Os recortes sonoros eram separados por um beep. Diga-se de passagem, os erros colocados no final são ótimos para manter a audiência atenta até o último segundo do programa.

Durante muito tempo, esta foi então a estrutura dos podcasts do Aparelho Elétrico. Por mais que a falta de recursos financeiros ficasse evidente em alguns pontos do nosso podcast, este conjunto de divisões e quadros era muito bem amarrado e resultava em um programa dinâmico e divertido de ouvir. Arrisco dizer que, em termos de qualidade, não ficava atrás de outros podcasts de grande audiência do Brasil.

Infelizmente, era uma quantidade descomunal de trabalho para que uma pessoa só desse conta. Produzir o podcast — com todos esses detalhes — era inviável para mim.

Depois de perceber isso, adotei uma versão mais enxuta. Somente introdução e pauta principal. O programa perdeu um pouco o brilho, mas simplificou consideravelmente o processo de produção e valorizou o que de fato era importante: a pauta principal.

Alguns ouvintes, na época da versão completa, reclamavam da demora para iniciar o assunto do título do programa. Inclusive, uma parcela deles costumava adiantar o áudio até o momento da pauta central.

Para facilitar a vida dessa fração da audiência, começamos a colocar um recado antes da leitura dos comentários: “Se você não quiser ouvir os comentários, pule para XX minutos e XX segundos.”, que aprendi ouvindo o podcast do Jovem Nerd. Além de ajudar a audiência a localizar o início da conversa principal, essa pequena mensagem evitava que os impacientes registrassem grosseiramente sua frustração nos comentários ou ainda atribuíssem uma nota baixa nas avaliações dos apps de podcasts. Com o podcast mais enxuto, os apressadinhos pararam de reclamar.

Com certa frequência, as pessoas vêm me contar que estão pensando em criar um podcast e então listam todas as ideias mirabolantes e sensacionais que seu programa vai ter, e simplesmente desconsideram o esforço que será exigido para dar vida a todas essas ideias.

É importante que você esteja ciente: cada detalhe extra que você insere representa um custo de energia que até pode parecer inofensivo em um primeiro momento. Mas, ao longo do tempo, essa pequena requisição contínua de esforço, somada às outras, pode resultar no seu esgotamento e, consequentemente, comprometer a longevidade do seu programa.

É comum a gente pensar que as pessoas vão valorizar mais o conteúdo se ele tiver mais quadros, mais atrações e mais detalhes. Nem sempre é assim.

Vale lembrar o caso do Porta dos Fundos, que não é um podcast, mas ilustra muito bem essa situação. A ideia inicial do canal era publicar programas completos, com várias esquetes reunidas. Não demorou para os produtores perceberem que o formato longo não fazia tanto sucesso quanto as esquetes publicadas sozinhas. Então desistiram da primeira ideia e mantiveram apenas o formato mais objetivo.

Se você estiver trabalhando só, ou com uma equipe muito pequena, recomendo que você deixe no seu podcast somente aquilo que é fundamental. Eu removeria — por menor que seja — tudo o que pode ser considerado um gasto extra de energia e que não contribui claramente para o sucesso do programa.

Para fechar o formato de divisão em blocos, quero deixar claro que você não precisa se ater exclusivamente aos quadros que eu citei. Se você está ciente do esforço necessário e tem condições de criar quadros incríveis para o seu podcast, vá em frente, deixe a sua criatividade fluir. Teste novos quadros e veja como a audiência responde. Em alguns casos, talvez você precise simplesmente fazer algum ajuste. Em outros, talvez até seja melhor remover totalmente o bloco. Tentativa e erro faz parte da rotina dos produtores de conteúdo. Se não deu certo, tente de novo. Se acertou, parabéns!

Exemplos de podcasts do tipo Quadros e Seções

Entrevista

Você já conhece a dinâmica: uma pessoa pergunta e a outra responde. Embora pareça simples, a produção de um podcast de entrevistas exige dedicação.

Mesmo que seja um número menor de pessoas no áudio, o esforço de produção é grande. É preciso procurar, contatar e agendar entrevistados. E ainda, pesquisar sobre eles para montar uma boa pauta de perguntas.

Alguns pontos que já mencionei no Mesa Redonda valem também no formato Entrevista: pode haver dificuldade de agendas, equipamentos inadequados, convidados sem carisma, etc. Se você tiver verba disponível, vale a pena considerar a gravação das suas entrevistas também em um estúdio profissional. Mas vale o alerta: se a pessoa a ser entrevistada tiver que se deslocar muito, talvez resista mais em aceitar seu convite.

Esse é um formato onde o sucesso depende muito da qualidade dos entrevistados. Se você ainda não é conhecido, não tem uma boa rede de contatos ou um número suficiente de ouvintes, pode ser complicado convencer as pessoas a participarem. Neste cenário, você tem mais interesse do que o convidado, então é você que precisa flexibilizar e facilitar o processo para que aceitem o seu convite.

Além disso, é comum ficar sem o retorno ou mesmo receber a negativa de uma solicitação de entrevista. Para uma pessoa que está iniciando um projeto e precisa ganhar confiança para continuar, isso pode ser um pouco frustrante. É preciso estar ciente dessas dificuldades iniciais para não se desmotivar.

O ideal é que você e seu convidado estejam igualmente interessados. Por isso, sugiro que você comece por pessoas mais acessíveis, que não sejam tão visadas e percebam o valor do seu programa.

Inclusive, analisando pela ótica do aprendizado, é mais sensato começar por pessoas com menor projeção, porque você precisa ganhar experiência primeiro para não desperdiçar grandes oportunidades depois.

Para manter seu podcast de entrevistas fluindo e não correr o risco de ficar sem entrevistados, uma boa dica é entrar em contato com as assessorias de imprensa. O papel das assessorias é fazer com que seus clientes apareçam na mídia, então podem ser boas aliadas para conseguir convidados e conteúdo para o seu programa.

Pessoas que estão em fase de lançamento de um projeto, produto ou serviço, geralmente estão mais inclinadas a aceitar convites para falar, já que o podcast é um bom pretexto para tocar no assunto. Tire proveito disso.

Outra dica legal é pedir para quem já participou fazer a ponte entre você e novos contatos. Com o relato positivo de alguém próximo, as pessoas se sentem mais confortáveis para participar também.

Para aumentar as chances de sucesso do seus convites via internet, sugiro que você use uma abordagem sucinta que inclua estas cinco informações:

  • Apresentação breve
    Diga quem você é, o que você faz, com qual intuito e para quem. Por exemplo: “Eu sou o Henrique do podcast do site Aparelho Elétrico. A gente produz conteúdo sobre trabalho, projetos e negócios na área criativa. Nossa audiência é formada por designers, publicitários, programadores, produtores de conteúdo e proprietários de startup.”
  • A razão do convite
    Explique porque gostaria de receber a pessoa no seu programa. O convite pode soar óbvio para você, mas nem sempre faz sentido para o convidado. Não custa deixar claro. Você pode escrever, por exemplo: “Gosto muito do seu trabalho e acredito que sua experiência com o Projeto X traria vários insights relevantes para os nossos ouvintes.” Simples assim.
  • Assuntos
    Mencionar brevemente alguns tópicos indica ao convidado o rumo da conversa e ajuda a despertar o interesse dele. Além disso, coloque-se à disposição para enviar as perguntas previamente. Por exemplo: “Poderíamos falar sobre os assuntos X, Y e Z. Posso inclusive enviar as perguntas alguns dias antes da gravação, se você preferir.”
  • Tempo de duração
    Respeitar o tempo dos outros é sempre um bom negócio. Uma estimativa de tempo ajuda o seu convidado a decidir se vale a pena, ou não, encaixar o seu podcast na agenda.
    Escreva por exemplo: “Seria necessário cerca de 1h30min do seu tempo.”
  • Links
    Forneça referências onde a pessoa pode saber mais sobre o seu podcast. Exemplo: “Caso queira saber mais sobre o Aparelho Elétrico e nosso podcast, os links são: aparelhoeletrico.com e aparelhoeletrico.com/podcasts”.

De novo, coloque todas essas informações em uma mensagem objetiva. Cerca de cem palavras deve ser o suficiente. Fale somente o necessário e respeite o tempo da pessoa. Uma mensagem longa demais pode ser um convite à não-leitura e, obviamente, à não-resposta.

Você pode também inverter o fluxo. Em vez de você correr atrás de entrevistados, você pode abrir um canal para que os interessados em participar façam o contato.

Um simples questionário no Google Forms já é uma poderosa ferramenta para te ajudar com isso. Lembrando que você não tem obrigação alguma de chamar todo mundo que se cadastrar.

Sugiro que seu formulário contenha os seguintes campos:

  • Nome;
  • E-mail;
  • Profissão;
  • Links;
  • E “Por que você gostaria de participar do podcast?” (resposta em áudio).

O campo “Por que você gostaria de participar do podcast?” deve ser respondido em áudio. É importante que você saiba como é a fala da pessoa e se ela se expressa bem. Isso é fundamental para um grande episódio. E claro, para não exigir demais da etapa de edição.

Não se empolgue muito, o formulário é uma mão na roda mas não faz mágica. No início, é possível que você tenha poucos formulários respondidos e a qualidade dos candidatos não seja lá muito boa. Mas vale a pena colocar a ideia em prática, vai te ajudar bastante na seleção.

Com uma audiência fiel, tudo fica mais fácil. Mais pessoas começam a demonstrar interesse em participar, as assessorias de imprensa passam a entrar em contato espontaneamente e você gradativamente fará menos esforço para conseguir entrevistados.

Uma última dica. Caso você não encontre material suficiente para estudar o seu entrevistado, considere uma conversa pré-gravação. Esse papo pode acontecer dias antes do registro oficial, ou mesmo no aquecimento antes de apertar o REC, como já mencionei no formato Mesa Redonda. Para montar uma boa pauta de perguntas, é fundamental que você conheça os pontos relevantes da história do seu entrevistado.

Exemplos de podcasts do tipo Entrevista

Narrativo

Em formatos como o de Mesa Redonda e de Entrevista, a condução é mais livre e aberta a improvisos. No formato Narrativo, também chamado de Storytelling, o roteiro é rigorosamente preparado e seguido à risca. Imagine você de olhos fechados diante de um documentário ou filme, é mais ou menos assim que soam os podcasts deste estilo.

Um podcast Narrativo bem construído capta a atenção, emociona e fica vivo na memória da audiência por mais tempo. É um formato com grande potencial.

Nas produções mais simplórias, a locução meramente lê o que foi escrito em cima de uma trilha sonora linear, que não se adapta ao texto. Se fosse possível remover a música de fundo, a experiência seria semelhante a de ouvir um audiobook ou um audiopost, como o que acompanha este texto e você pode estar ouvindo agora.

Um passo além deste modelo simplório, é o podcast Narrativo onde o locutor não só lê o texto, mas também o interpreta. Se o personagem está sussurrando, o locutor sussurra, se o personagem está gritando, o locutor grita. Além do narrador adaptar a voz ao texto, nesta configuração a trilha também se adapta à situação que está sendo narrada, o que proporciona mais imersão para o ouvinte.

Há também produções narrativas que assumem um caráter de encenação. Os participantes interpretam o texto em primeira pessoa, como atores em uma novela. A trilha acompanha as intenções das falas e há muitos efeitos sonoros. Tudo é cuidadosamente planejado para envolver o ouvinte na trama.

É comum neste formato que uma única história seja contada ao longo de vários episódios. Essa divisão em capítulos ajuda a manter a audiência, já que os ouvintes ficam curiosos para descobrir o que acontece a seguir.

Há também as superproduções. No jornalismo é fácil encontrar podcasts narrativos que colocam um esforço invejável na produção. O resultado é uma espécie de mix de formatos: o apresentador começa sozinho; depois chama uma entrevista; volta e lê algum artigo de jornal; entra o áudio de algum especialista no assunto; e então volta para o fechamento do episódio.

Em muitas dessas produções, as mudanças na dinâmica são precedidas por áudios extraídos do rádio, da televisão, do cinema ou da internet. Essas variações, além de adicionarem informações à história, dão ritmo ao episódio e quebram a monotonia da voz constante, solitária e imaculada de estúdio.

Essas mudanças na dinâmica lembram o formato Quadros e Seções. A diferença é que no formato Narrativo o conteúdo de todas as divisões pertence ao mesmo eixo. No modelo de blocos o conteúdo de cada espaço é independente e não está necessariamente conectado ao tema central do episódio.

Este formato não é para amadores, é fácil ver aventureiros batendo cabeça com esse modelo. Para chegar a um resultado satisfatório, você precisa reunir uma série de habilidades: pesquisa, análise, roteirização, redação, leitura, interpretação, produção de áudio, etc. É trabalho para uma equipe completa. É um formato bastante ambicioso para quem quer trabalhar só.

Mas claro, não deixe eu desmotivar você. Se esse é o formato que te interessa, vá em frente, coloque seu podcast Narrativo na rua. E, se necessário, vá aparando as arestas.

Exemplos de podcasts do tipo Narrativo

Coluna

Nos jornais, as colunas são reservadas a opiniões, análises, sugestões, comentários, reflexões e ou provocações. Há podcasts que se propõe a cumprir este mesmo papel. Diferentemente do formato Narrativo, em que uma história é reportada ou encenada. No tipo Coluna o tom é pessoal e o autor deixa evidente o seu posicionamento sobre o assunto.

Os podcasts do tipo Coluna tendem a conquistar um bom nível de engajamento da audiência. Não falo apenas em número de plays, mas em termos de reação também. Conteúdos opinativos tiram as pessoas do neutro. Elas vão comentar, compartilhar curtir ou descurtir este conteúdo mais do que uma publicação isenta.

Isso é ótimo para a divulgação do seu podcast, mas traz também o ônus de deixar a pessoa dona da Coluna mais vulnerável a reações negativas do que em outros formatos. Para comandar um podcast nesta configuração, é preciso saber lidar com contrapontos, críticas e até alguns comentários mal educados da audiência.

Outra característica das Colunas é a inclinação por abordar assuntos que já estão repercutindo na sociedade. Os colunistas contribuem fornecendo uma análise mais estruturada da situação. Esta função é importante para apresentar novos argumentos para as pessoas e enriquecer o debate público.

Tratar de assuntos quentes pode ser uma boa estratégia para construir audiência, principalmente com um podcast recém-lançado. Se o assunto está ecoando por aí, ele é comprovadamente do interesse das pessoas e é provável que elas queiram saber mais sobre o tema. No entanto, assim que a discussão perde força, se perde também o interesse pelo tópico. Logo, dificilmente seu podcast será escutado depois que a conversa esfriar. Para compensar a dificuldade de produzir um podcast independente, eu optaria por assuntos perenes ou que, pelo menos, não tenham uma vida útil tão efêmera.

Há quem grave suas Colunas apostando no improviso, sem ler e sem seguir um roteiro rígido. Para ajudar no desenvolvimento do assunto, alguns simplesmente fazem uma lista do que deve ser mencionado no decorrer da gravação e consultam os tópicos sempre que preciso. Outros, de forma mais descompromissada, simplesmente falam o que vier na cabeça.

No improviso e sem qualquer edição, o podcast tipo Coluna ganha ares de áudio de WhatsApp. O que soa estranho, já que não há o trabalho de um editor. Mas não é necessariamente ruim. Se a pessoa tem clareza no raciocínio e consegue se expressar adequadamente, a edição pode sim ser descartada. E o clima “mensagem de voz” agrega intimidade, verdade e transparência para o programa. Se esta é a sensação que você quer causar na sua audiência, vale a pena testar o modelo.

Alguns produtores deste formato seguem um estilo de produção bastante praticado no YouTube. Você já deve ter assistido a algum vídeo em que uma pessoa fala para a câmera e a imagem dá saltos repentinos. Nesse caso, o comunicador grava improvisando e as imperfeições são corrigidas na edição. São removidos trechos desconexos, silêncios e interferências. Nos vídeos as intervenções são perceptíveis, a inquietação da imagem denuncia o trabalho da edição. Ponto para o podcast! No áudio, os picotes passam despercebidos pelos ouvintes.

Claro, dentro deste formato também é possível encontrar produções mais caprichadas. Há produtores que roteirizam o podcast do início ao fim, investem um tempo considerável reunindo as informações e redigindo o texto.

Como registram uma única opinião, diferentemente do formato Mesa Redonda, as Colunas costumam ter entre 20 e 30 minutos de duração. A extensão depende da proposta do podcast e do quão rigoroso é o trabalho do editor. Sem qualquer edição, o episódio pode extrapolar facilmente a marca de meia hora. Depende do quanto o colunista quiser falar.

A título de curiosidade, no Aparelho Elétrico, durante a edição normalmente removemos cerca de 15 minutos a cada 1h de gravação. Removemos falhas, erros, gaguejos, ruídos, etc… tiramos tudo o que possa atrapalhar a experiência do ouvinte. Então 1h de bruta gera, em média, 45 minutos de podcast. Nosso estilo de edição é bastante minucioso, você não precisa fazer o mesmo. Estes números servem apenas como referência.

Falando em duração, vale um alerta: sem a alternância das vozes e sem qualquer trabalho de um editor, um episódio muito longo pode entediar a audiência. Não recomendo que você vá por esse caminho. Para melhorar a experiência dos ouvintes, sugiro que você faça alguma edição, ainda que mínima. Um episódio bem editado é fundamental para manter o público atento até o último segundo.

Indico o modelo Coluna para quem prefere trabalhar só, ou com uma equipe bastante reduzida. Em comparação a estilos mais populares, vejo esse formato como uma opção mais viável, é uma alternativa menos ambiciosa do que o modelo Narrativo, por exemplo. Além de não ter todos os entraves de agenda, riscos e trâmites típicos dos podcasts de Entrevista e Mesa Redonda.

Para finalizar este formato, vale repetir: no estilo Coluna, a vivência e o talento do autor são a base da estrutura. Bagagem e desenvoltura são fundamentais para entregar um bom podcast.

Exemplos de podcasts do tipo Coluna

Cuidado com as variações de formato

Seu podcast não precisa manter religiosamente o mesmo formato, você pode variar. Mas é importante fazer isso com responsabilidade. Para não decepcionar seu público, sempre informe sobre as mudanças. Informe se a alteração de formato é simplesmente pontual ou é uma mudança permanente.

Recomendo também que você mantenha sempre a mesma estrutura, organização de blocos e as mesmas vinhetas e trilhas sonoras. As pessoas gostam do que soa familiar. E, além disso, uma identidade sonora fixa é fundamental para solidificar a cara do seu podcast.

Manter um formato regular é importante também para criar ouvintes fiéis. Um ouvinte que recém descobriu o seu podcast e gostou, provavelmente vai voltar com a expectativa de ouvir algo parecido com o que já ouviu. Ele pode acabar frustrado se, a cada nova publicação, receber um tipo de conteúdo diferente.

De forma geral, as pessoas não gostam de mudanças. Passei por uma fase no nosso podcast onde não consegui agendar as participações dos convidados e resolvi gravar alguns episódios sozinho, como no estilo Coluna. A maior parte das reações dos ouvintes foi positiva, mas recebi também alguns feedbacks negativos pedindo a volta dos convidados.

É preciso ter em mente que há ouvintes bastante sensíveis a alterações. As pessoas gostam da sensação de familiaridade e da segurança de saber o que esperar do seu conteúdo. Se você quebrar o padrão, os ouvintes vão se manifestar. Esteja ciente disso.

Isso não significa que você nunca vá poder mexer no estilo do seu podcast. As ambições dos produtores mudam, os formatos gastam, as audiências amadurecem, a sociedade se transforma. Tudo depende de você e de onde você quer chegar com a sua criação. Ajustes e alterações ao longo do caminho fazem parte de todo programa que quer se manter relevante.

Outra coisa, a melhor forma de conquistar ouvintes novos é através dos ouvintes antigos. Quando uma pessoa gosta de verdade de um podcast, ela acaba divulgando ele naturalmente. Para facilitar essa divulgação, seu formato padrão precisa ser fácil de descrever. E, digo mais, precisa soar atraente.

Digamos que eu tivesse dois podcasts pra te apresentar. Um deles é de um cara que às vezes chama uns convidados para formar a mesa, às vezes entrevista alguém sozinho, às vezes lê uma história, às vezes comenta as notícias e às vezes fala da vida pessoal. O outro é de um motorista de aplicativo que grava anonimamente as conversas com os passageiros e, de um jeito engraçado, puxa assunto sobre temas espinhosos como política e religião. Qual dos dois formatos despertaria mais a sua atenção?

Pra mim, o primeiro soa desinteressante e bastante caótico. Eu certamente escolheria o segundo, tem uma certa tensão no ar e é fora do convencional. Então, um formato interessante — e fácil de descrever — faz toda diferença para gerar mídia espontânea, nem que seja o simples boca a boca dos ouvintes.

Enfim, opte por um formato bem amarrado e evite mudanças desnecessárias no padrão. Consistência é fundamental para reter audiência.

Outros itens que compõem o formato

Vamos dar uma olhada em outras variáveis que podem auxiliar na busca pelo formato ideal para o seu podcast.

O tom

Até aqui eu falei mais sobre a parte estrutural que está conectada ao roteiro. Mas formato também diz respeito ao tom do seu programa. Que tipo de reação você gostaria de despertar na sua audiência: alegria, indignação, medo, melancolia, motivação, reflexão, raiva, tristeza,…? Ou melhor, se o seu podcast fosse um filme, de que tipo seria: drama, comédia, terror, ação,…? É você quem define a direção para onde seu produto final deve apontar.

Além do texto e do roteiro, é possível provocar as mais variadas reações trabalhando também no timbre das vozes, no estilo das trilhas e efeitos sonoros, e na dinâmica do programa em si. Crie uma harmonia entre todas essas possibilidades para que o produto final alcance a percepção que você deseja.

O propósito

Um erro típico de podcasts iniciantes é prometer informação e, na verdade, entregar entretenimento; entretenimento ruim ainda por cima. Perdi as contas de quantas vezes tentei ouvir um programa novo e os participantes, a todo momento, se desviavam do título do episódio e se perdiam em constrangedoras piadas internas. Este é um comportamento equivocado clássico de podcasts do tipo Mesa Redonda. Os integrantes se deixam levar pela vontade de fazer humor e acabam frustrando os ouvintes que estão ali em busca de informação com um pouco mais de profundidade.

De forma alguma estou dizendo que você não pode misturar uma coisa com a outra. Claro que pode. Mas é importante atentar para a dose de cada coisa. Se você tem um podcast informativo e quer dar um tom mais despojado, tudo bem fazer alguma graça de vez em quando para descontrair um pouco. Porém, é preciso ter em mente que o papel preponderante do seu programa é o de informar e não o de fazer as pessoas rirem. É fundamental não confundir as duas coisas e não se deixar levar exclusivamente pela vontade de fazer graça.

Qual o objetivo do podcast que você pretende criar? É informar, é ensinar ou é entreter? Deixe sempre prevalecer o propósito pelo qual você optou. Com isso bem estabelecido na sua estratégia, sinta-se à vontade para adicionar um pouco mais dos outros elementos.

A duração

A produção de áudio sob demanda trouxe uma liberdade incrível para os produtores. Diferentemente da indústria da televisão, ou do rádio, que se desenvolveu dentro de uma grade de programação religiosamente respeitada, o podcast é livre. A duração dos episódios fica a cargo dos seus próprios produtores. Apesar disso soar como uma vantagem, não recomendo que cada episódio do seu podcast tenha uma extensão diferente.

É tentador tirar proveito de toda essa liberdade e simplesmente definir que cada episódio terá a duração que tiver que ter. Se o assunto render mais, será mais longo. Se o assunto render menos, será mais curto. Sob essa premissa, um episódio pode ter 15 minutos e outro 2 horas, por exemplo. Essa inconsistência é terrível.

Inconsistência é terrível principalmente para o seu ouvinte, que vai encontrar dificuldades para encaixar o seu podcast à rotina dele. Escutar podcasts geralmente é uma atividade secundária, dificilmente alguém para tudo o que está fazendo simplesmente para ouvir um episódio. As pessoas ouvem seus programas favoritos enquanto estão na academia, enquanto lavam a louça, enquanto passeiam com o cachorro, etc. Uma vez que a pessoa encaixou seu podcast como trilha de uma tarefa, ela provavelmente não vai querer ser surpreendida com um episódio muito mais curto, ou muito mais longo, do que o tempo padrão dessa atividade. Como eu já disse antes, de forma geral, o público é avesso a mudanças. O mero desconforto de não saber como encaixar seu programa na rotina, pode fazer com que os ouvintes não o favoritem. Obviamente, isso dificulta as chances de construir uma audiência fiel.

Fora o desconforto para o público, a duração indeterminada dos episódios, pode gerar estresse para você e para sua equipe. Para que toda a cadeia de produção de um podcast flua corretamente e cumpra com seus compromissos, as pessoas precisam saber quanto trabalho vão ter pela frente. Não preciso mencionar que um podcast de 15 minutos exige menos trabalho que um podcast de 2 horas, você sabe disso. Determinar um padrão de duração vai deixar o volume de trabalho mais previsível e, consequentemente, menos estressante para todos os envolvidos.

Além disso, manter uma duração predeterminada indica profissionalismo, esmero e compromisso com a audiência. A variação exagerada pode soar como descaso com os ouvintes. Se o público sentir que não é bem tratado, ele para de prestar atenção no seu projeto. A oferta de podcasts é crescente, todo dia surgem novas produções e o espaço na agenda dos ouvintes se torna mais concorrido. Podcasts mal planejados vão acabar perdendo preferência.

A periodicidade

Particularmente, acredito que podcasts diários e semanais são mais atraentes para os ouvintes, se comparados a produções com menor periodicidade. Digo isso considerando a questão da rotina dos ouvintes que já mencionei antes, e também porque uma maior periodicidade ajuda os ouvintes a formarem mais rápido o hábito de ouvir o seu conteúdo.

Obviamente, a frequência de publicações não é uma escolha meramente baseada na vontade do produtor. Antes de prometer ao público qualquer periodicidade, é preciso analisar com cuidado o grau de dificuldade de produção do seu podcast.

Se você não tem ideia de quanto tempo será investido na produção de cada episódio, faça um piloto. Um episódio piloto tem vários propósitos, entre eles: serve como demonstração para angariar patrocinadores, apoiadores ou participantes; serve como teste para validação de formato; e também serve para revelar os riscos que podem estar escondidos no processo de produção.

Muitos podcasts iniciantes começam com publicações eventuais, com um grande intervalo entre cada episódio lançado. Essa é uma boa forma de conhecer o terreno da produção de áudio, sentir a recepção do público e aprender com possíveis críticas. À medida que o processo de produção é azeitado, surge a segurança necessária para então aumentar a frequência das publicações.

O podcast do Aparelho Elétrico adotou essa linha. Fiz o primeiro episódio simplesmente para conhecer o processo e descobrir quais seriam as dificuldades. As publicações não eram muito frequentes, talvez mensais ou até mesmo bimestrais. Com o passar do tempo, adquiri experiência, ganhei mais agilidade e também encontrei ajuda para o processo de produção. Assim, por duas temporadas, conseguimos lançar episódios novos semanalmente. Para um veículo tão pequeno, isso é uma grande vitória.

A publicação por temporadas, que é um padrão característico das séries de TV, também acontece no mundo dos podcasts. Os produtores passam meses focados exclusivamente na produção. Depois, periodicamente, vão soltando os episódios um a um. Muitos podcasters independentes aproveitam feriados prolongados e períodos de férias dos seus empregos para produzirem novas temporadas dos seus projetos. Se para você soa impossível fazer um podcast por semana, talvez a produção por temporadas seja uma alternativa viável.

Se o padrão de temporadas não soa interessante, e o que você quer mesmo é apostar na publicação contínua, recomendo que você informe a audiência sobre o dia oficial de novas publicações. Você vai publicar novos episódios toda sexta? Toda segunda? Uma terça sim, uma terça não? Independente da sua escolha: informe o público! Manter um compromisso com a audiência indica que você está encarando o seu projeto com seriedade. Se você não levar o seu próprio projeto a sério, porque outras pessoas deveriam levar? A regularidade é fundamental para conquistar ouvintes, apoiadores e patrocinadores.

A validade do seu conteúdo

Já pincelei esse assunto rapidamente em um tópico anterior, mas vale a pena dar mais atenção a ele. Muitos podcasters iniciantes não percebem o quanto pautas sem durabilidade podem prejudicar o desempenho dos seus episódios e a divulgação do seu projeto.

Como eu falei anteriormente, falar de assuntos atuais pode ser uma boa estratégia para construir audiência mais rápido. Se as pessoas estão conversando sobre uma determinada pauta, entrar na discussão pode levar a atenção desse público para o seu podcast. Porém, tão logo o assunto perde destaque, o interesse da audiência pelo seu episódio também se desfaz. Assim, todo o esforço e tempo empregados naquela produção já não valem mais nada.

Força e agilidade de produção são pré-requisitos para entrar no universo das pautas quentes. Os assuntos do momento são cobertos com maestria por veículos grandes que contam com uma numerosa equipe e muita articulação para o levantamento das informações. Dificilmente um podcaster independente vai conseguir competir de igual para igual.

Se, apesar da falta de força e agilidade de produção, sua ideia ainda seja fazer um podcast que pega carona em assuntos atuais, minha sugestão é que você puxe uma ponta ligada ao assunto e faça dela um episódio perene. Por exemplo, se a pauta quente do momento é o novo filme do Homem-Aranha, você pode produzir um episódio sobre a história do Homem Aranha. A trajetória do super-herói não é sazonal, continua interessante ainda que o filme não esteja mais em cartaz. Com essa tática, você consegue embarcar no tópico do momento e ainda preservar a longevidade do seu conteúdo.

Outra sugestão ainda seria fazer ao vivo. Nas transmissões ao vivo, todo o trabalho de produção é feito antes de iniciar o programa e não tem necessidade de edição depois. É uma saída para ganhar agilidade. Alguns podcasters já transmitem a gravação de seus episódios em lives no YouTube. Não deve demorar a se popularizar alguma solução semelhante com o foco puramente no áudio, para atender quem não tem um cenário bonito ou realiza gravações com o time distribuído.

Apesar destas estratégias, acredito que a melhor solução para o podcaster iniciante ainda seja a produção tradicional e focada em pautas não sensíveis ao tempo. Se você não sabe se a pauta que você quer produzir é sensível ao tempo, simplesmente se pergunte: semana que vem, no mês que vem ou no ano que vem, as pessoas ainda vão querer ouvir sobre esse assunto? O conteúdo ainda vai ser válido ou vai precisar ser atualizado?

Inclusive, a perenidade do seu conteúdo pode servir de argumento de vendas na hora de captar anunciantes. Quando seu episódio trata de um assunto durável, ele continua sendo descoberto, ouvido e compartilhado meses (até anos) após seu lançamento. Mencione isso nas suas propostas para potenciais patrocinadores.

Enfim, reflita sobre a validade do conteúdo que você está prestes a produzir e como isso pode impactar no desempenho do seu podcast.

Conclusão

Reforçando, classifiquei todos estes formatos conforme minha própria visão de produtor e consumidor de podcasts. Não segui regra padrão alguma para isso. Este esforço em categorizar os programas serve meramente para facilitar a transmissão do conhecimento.

É difícil colocar programas de áudio em caixinhas. Os formatos, em muitos casos, se misturam conforme a necessidade da mensagem a ser transmitida. O potencial do áudio é imenso e os melhores produtores sabem tirar proveito disso. O importante é deixar a criatividade fluir e trabalhar em prol da ideia que você quer comunicar.

Isso significa que você não precisa se prender a algum dos formatos que mencionei. Crie o seu podcast do seu jeito. Identifique uma oportunidade, crie uma solução e coloque ela à prova. Faça um episódio piloto, se julgar necessário. Publique, analise os resultados e aprimore a produção.

Se por acaso você descobriu nesta publicação que o formato da sua preferência é um formato batido, não desista. Com criatividade e sabedoria você pode criar algo único a partir de uma fórmula gasta. Explore as lacunas deixadas por outros podcasts, identifique melhorias neles, faça o que eles não fazem, ofereça algo melhor. Você não precisa reinventar a roda, ou criar um formato inédito para ser relevante. Opte por um formato confortável e ofereça o melhor que você puder dentro disso. Assim, certamente vai conquistar o seu próprio público e o seu lugar no mundo da produção de podcasts.

Qualquer dúvida, crítica ou elogio, use a caixa de comentários.

Nos vemos na próxima postagem. Grande abraço e até mais!

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