Como evitar retrabalho e desperdício de dinheiro no início do seu projeto

Como evitar retrabalho e desperdício de dinheiro no início do seu projeto

Para garantir a longevidade da sua iniciativa, é fundamental encontrar o limite entre o essencial e o supérfluo desde o começo
  Por Henrique Pochmann

A fase inicial de qualquer projeto é marcada por incertezas. Por mais pesquisas, estudos e conhecimento que você possa ter da área onde está empreendendo, o mercado é imprevisível e pode reservar situações que estão longe do seu radar. Neste período, é importante validar as hipóteses adequadamente, antes de acelerar pesado para o crescimento. Redobre a atenção neste estágio, principalmente, se você está começando com limitações de verba e mão de obra, o que praticamente é o caso de todo mundo.

Cansei de ver projetos que apresentam um refinamento invejável desde o começo e que, curiosamente, após pouco tempo, simplesmente desaparecem. Somem sem deixar vestígios e fica no ar aquela dúvida: “Estava indo tão bem, o que será que aconteceu?”.

Arrisco dizer que muitos projetos somem ainda na fase inicial porque, apesar da boa primeira impressão que causam, queimam recursos em áreas desnecessárias para uma atividade que ainda não se estabeleceu como negócio. Essas iniciativas colocam dinheiro em coisas subjetivas que não deveriam ser priorizadas nesta etapa.

Para você ter uma ideia, vou citar alguns simples exemplos de desperdícios de dinheiro na área criativa:

  • Automatizar algo que, inicialmente, poderia ser feito manualmente;
  • Comprar plugins, ferramentas e recursos sem real necessidade;
  • Contratar um plano de hospedagem mais robusto do que o necessário;
  • Criar um e-commerce antes de fazer as primeiras vendas;
  • Investir pesado em marketing sem primeiro tomar conhecimento do negócio.

Em função da má gestão de recursos, áreas vitais para a sustentação do projeto acabam ficando descobertas. Em consequência, não conseguem manter a credibilidade conquistada, vão perdendo o fôlego, começam a apresentar problemas de qualidade e acabam fechando as portas precocemente.

Para quem tem bastante gordura para queimar, não há problema algum em buscar um certo nível de excelência desde o início. Porém, é preciso estar ciente de que disputar mercado com os grandes exige muito fôlego financeiro e dedicação maciça. É preciso aparar arestas, ajustar o caminho e até se reinventar algumas vezes, se necessário. Com pouco recurso, é penoso — para não dizer inviável — se sustentar dentro desse jogo.

É natural que você queira inaugurar seu projeto na melhor versão possível. Toda pessoa empreendedora quer ser levada a sério, quer ter seu esforço reconhecido e quer ver a sua criação entre as melhores. Mas se o ímpeto inicial não for dosado e gerido com bom senso, pode custar caro para o seu bolso. Sem contar sua saúde física e mental.

Para não gastar os tubos com design neste momento crucial do seu projeto, a marca pode ser criada através de ferramentas online gratuitas, como o Criador de Logo Wix, por exemplo. Um lettering bonito, básico e multifuncional é o ideal para esse momento. Investir pesado contratando um profissional especializado sem antes expor seu produto aos humores do mercado é arriscado. Muita coisa talvez precise, e deva, ser refeita após os primeiros contatos com o público. Se você queimar toda a verba disponível já na primeira investida, está praticamente atestando o óbito do seu projeto.

Para evitar retrabalho e desperdício de recursos, é fundamental que você identifique a prioridade deste estágio. Com o agravante de verba e mão de obra limitadas, é improvável desenvolver todos os setores vitais (produção, administração, marketing,..) ao mesmo tempo e ainda manter excelência em todos eles. Cada iniciativa tem as suas peculiaridades, mas recomendo que no início você foque no aperfeiçoamento da solução em si. É o momento de validar hipóteses relacionadas ao seu produto/serviço. O desenvolvimento das demais áreas da empresa será puxado a partir da performance da solução. Cuidado para não inverter essa lógica.

Foto por Helena Lopes do Pexels

Vale aqui invocar o ciclo: construir, medir e aprender. Pegando carona neste conceito, faça (ou gaste) só o suficiente para que as pessoas percebam valor na sua oferta, colete as informações a partir disso e identifique as melhorias necessárias. Repita o ciclo. Você vai se colocar em um fluxo constante de evolução e vai entender melhor o mercado em que está entrando.

É perigoso retardar o lançamento da solução até que, na sua visão, tenha atingido um nível inquestionável de excelência. Pois você pode estar empregando um esforço descomunal na direção errada. Com a solução sendo exposta ao público em pequenos lotes de melhorias, você tem a oportunidade de entender como as pessoas se relacionam com ela e assim fica mais fácil identificar oportunidades que antes estavam fora do seu radar.

Para saber onde colocar dinheiro — e onde não colocar dinheiro — nessa etapa, antes de qualquer outra coisa, você precisa saber exatamente qual é o problema que a sua solução se propõe a resolver. A resposta deve ser cristalina. Tendo a resolução definida, a cada desembolso iminente de dinheiro, pergunte-se: “Se eu não gastar este dinheiro, o problema deixa de ser resolvido?”.

Algumas respostas comuns são:

  • “Não, continua sendo resolvido, mas vai ficar mais bonito”;
  • “Não, continua sendo resolvido, mas vai ficar mais rápido”;
  • “Não, continua sendo resolvido, mas vai ficar mais legal”;
  • “Não, continua sendo resolvido, mas vai ficar mais simples”.

Neste caso, se “mais bonito”, “mais rápido”, “mais legal” e “mais simples” são qualidades que não eram pretendidas inicialmente, então são indícios de perfumarias e consequentemente de desperdício de dinheiro para o momento. É fundamental prestar atenção nisso pois, além de tudo, dourar demais uma solução pode desviar ela da sua essência.

A resposta que abre o cofre é “Sim, deixa de ser resolvido”. Isso significa que você encontrou um custo que está intrinsecamente ligado à natureza da sua solução. Então é dinheiro que precisa ser gasto, não é preciosismo. Então faz sentido desembolsar.

Encontrar este limite entre o essencial e o supérfluo é um exercício diário. No início, não é fácil encontrar a divisória, tudo parece ser necessário. Afinal de contas, é a reputação do nosso projeto que está em jogo, né? Mas eu garanto para você que, com a prática do dia a dia, fica bem mais fácil decidir o que precisa ser feito agora e o que pode ficar para depois.

Vale registrar também que é um equívoco achar que todos os projetos dão certo instantaneamente. Muita gente qualificada sai do jogo antes do tempo simplesmente por acreditar que um projeto deve dar certo desde seu lançamento ou então não merece continuidade. Em alguns casos — para não dizer na maioria deles —  é preciso se manter na ativa por muito tempo até que as coisas comecem a dar resultado.

Por isso é importante gerenciar o fôlego desde o começo. Comece devagar e vá se aperfeiçoando aos poucos. Você vai ganhar tração e construir uma base sólida para o seu negócio. Por mais certezas, e dinheiro, que você tiver, é prudente esperar o mercado responder adequadamente ao seu projeto antes de executar movimentos definitivos. Sugiro que você tenha atitudes comedidas, mas ainda assim comprometidas. As coisa são voláteis demais no início para apostar todas as suas fichas de uma vez só.

Enfim, não tire de você a chance de efetuar ajustes e recalcular a rota para se manter no jogo. De nada adianta correr 100 metros impulsivamente e depois ter que refazer todo o percurso, ou até mesmo parar de correr em definitivo. Quando me vejo nessa situação, acelerando as coisas mais do que o necessário, sempre lembro da frase “Eu estou em uma maratona, não em um sprint”. Faz todo sentido para mim. Acho que pode fazer para você também.

Como você tem lidado com o retrabalho e desperdício de dinheiro no seu projeto ou negócio?

Compartilha comigo nos comentários e vamos levar o assunto adiante.

Assine o Aparelho Elétrico

Publicamos conteúdo sobre trabalho, projetos e negócios na área criativa, Seja da Liga e tenha acesso ao nosso conteúdo exclusivo.

Compartilhe ❤

Se você acha que esse conteúdo é útil, compartilhe ele nas suas redes sociais e ajude o Aparelho Elétrico a continuar publicando conteúdo relevante.

Junte-se a mais de 3000 pessoas. Assine a Segue o Fio.

O melhor conteúdo sobre Trabalho e Negócios na Economia Criativa, toda sexta às 7h no seu e-mail.

Você ainda recebe a nossa planilha financeira como um presentão de boas vindas.
 Publicado em 10/12/2019 Atualizado em 06/03/2020
Henrique Pochmann Criou o Aparelho Elétrico em 2014. Produz e apresenta o podcast do site. Trabalha com marketing digital desde 2002. Quer mais tempo para colocar outros projetos em prática, quer viajar mais, comprar uma bicicleta e ter uma bio mais legal.
Participe da Conversa