“Q”, a voz digital que não tem gênero definido

Se você tem o hábito de usar assistentes de voz, provavelmente interage com uma voz feminina ou masculina. No entanto, muitas pessoas não se identificam como homem ou mulher e, por isso, não se sentem representadas por essas vozes. Pensando nisso, um grupo de linguistas, tecnólogos e designers de som – liderados pela organização Copenhagen Pride e pela Virtue (agência criativa da Vice) – aceitaram a missão de criar uma voz digital sem gênero definido, feita a partir de vozes reais. A esta voz, foi dado o nome Q (lê-se “quiu”).

Q ainda não tem previsão de chegada aos smartphones, mas já existe uma campanha de divulgação para que empresas como Google, Apple, Microsoft e Amazon conheçam a voz e, eventualmente, a incorporem em seus produtos. A ideia é argumentar com a indústria da tecnologia que as questões de gênero não são necessariamente binárias.

Segundo reportagem da Wired, a escolha de vozes femininas para assistentes digitais e masculinas para robôs de segurança não é por acaso. Siri, Cortana e Alexa são femininas porque usuários reagem melhor a elas, estudos apontam. No entanto, essas escolhas podem reforçar estereótipos de que vozes femininas são prestativas e atenciosas, enquanto as masculinas imprimem autoridade.

Processo de criação

Esta não é a primeira tentativa de criar uma voz neutra, mas a ideia de desenvolver Q vai além de buscar a inclusão no ambiente tecnológico e visa, também, estimular conversas sobre questões sociais. Para chegar ao resultado final, a equipe começou registrando as vozes de 12 pessoas que se identificam como masculinas, femininas, transgênero e não binárias. Cada uma leu uma lista predeterminada de frases.

“Naquele momento, não sabíamos se íamos estratificar as vozes, então precisávamos da mesma frase no mesmo ritmo, o mais perto possível”, disse o designer de som Nis Nørgaard. A intenção era juntar as vozes e tirar uma “média”, mas isso se mostrou muito difícil. A solução encontrada foi focar na voz de uma pessoa, que registrou um tom entre o que é considerado masculino e feminino, de 145 a 175 hertz (é possível conferir as variações desse intervalo no site de Q).

Nørgaard criou quatro variantes da voz, que foram enviadas para 4.500 pessoas na Europa. Uma delas se destacou entre os pesquisados. “As pessoas diziam: ‘Esta é uma voz neutra. Eu não posso dizer o gênero dessa voz ”, contou o designer. “No começo, eu pensava que isso seria difícil. Mas quando obtivemos feedback dessas 4.500 pessoas, acho que nós o acertamos, na verdade”. Essa voz se tornou a base para a Inteligência Artificial (IA).

“Dar voz aos sem voz”

Segundo a Wired, Q pode ser a solução para “dar voz aos sem voz na tecnologia moderna”. Para Ask Stig Kistvad, homen trans que emprestou sua voz ao projeto, “é realmente importante ter representação para pessoas trans não apenas em relação à IA, mas às vozes em geral”. Isso é particularmente importante considerando o crescimento no uso de assistentes de voz, que deve crescer 35% ao ano até pelo menos 2023.

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Sites mostram como a Inteligência Artificial atua na criação de “deepfakes”

A tecnologia por trás das deepfakes (montagens falsas, porém muito bem executadas) tem chamado a atenção desde o ano passado. Dois exemplos disso são os casos envolvendo celebridades, como a Scarlett Johansson aparecendo em vídeos pornôs ou o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamando o Donald Trump de idiota. Agora, essa Inteligência Artificial (IA) está sendo usada por sites que tentam mostrar o quão perversa essa tendência pode se tornar.

Sites como o ThisPersonDoesNotExist.com e o TheseCatsDoNotExist.com criam imagens de rostos de pessoas e gatos a cada vez que as páginas são atualizadas. No entanto, todas as imagens são falsas e geradas por computador. Eles fazem isso por meio de uma rede geradora de adversários (ou GAN, na sigla em inglês). Essas GANs colocam dois algoritmos um contra o outro, sendo um “gerador” (que cria representações falsas de algo) e um “juiz” (que determina se a criação é legítima, ou não). Cada rosto ou gato criado é uma iteração na qual o “gerador” conseguiu enganar o “juiz”.

No caso do ThisPersonDoesNotExist.com, o algoritmo específico utilizado é o StyleGAN, desenvolvido pela empresa de IA Nvidia. A partir desse mesmo programa, surgiram outros websites que criam gatos, personagens de anime e até listagens de Airbnb. O ThisRentalDoesNotExist.com (anteriormente chamado ThisAirbnbDoesNotExist.com) foi criado por Christopher Schmidt, um engenheiro que trabalha com código aberto na Google.

Na sessão “Sobre” de seu site, ele explica que conseguiu produzir conteúdo com o StyleGAN sem qualquer “experiência real com redes neurais” ou seus próprios “recursos sofisticados de computação”. “Isso significa que praticamente qualquer pessoa com um par de horas para matar poderia criar algo tão convincente como eu fiz”, escreve. Segundo ele, as montagens são duvidosas, às vezes, mas normalmente são plausíveis o suficiente para quem der uma olhada rápida.

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25% dos empregos dos EUA podem ser substituídos por máquinas, aponta estudo

A presença da tecnologia no mercado de trabalho não é novidade há algum tempo. Mas, com o desenvolvimento da automação e da Inteligência Artificial (IA), os robôs poderão, brevemente, substituir o trabalho de cerca de 25% dos assalariados nos Estados Unidos. Isso inclui, especialmente, os empregos que forem baseados em rotinas, como funcionários de restaurantes e lanchonetes, transporte e construção, operários em linhas de produção, auxiliares de escritórios, entre outros.

Os dados são do estudo Automation and Artificial Intelligence: How Machines Affect People and Places (em português, “Automação e Inteligência Artificial: Como Máquinas Afetam Pessoas e Lugares”), do Instituto Brookings, de Washington, DC. A pesquisa, publicada na semana passada, mostra algumas variáveis influenciadas por esta escalada dos robôs nas rotinas de trabalho. Entre as profissões que devem perdurar estão posições criativas e de alto teor técnico, assistência médica e serviços domésticos. Basicamente, trabalhos que requerem relações interpessoais e inteligência emocional devem sofrer menor impacto.

“Se o seu emprego é entediante e repetitivo, você provavelmente está suscetível à automação”, afirmou o pesquisador e coautor do relatório, Mark Muro, ao canal CNBC. Isso significa que assalariados de baixa renda serão os primeiros a ver seus empregos desaparecerem, considerando que suas tarefas são amplamente baseadas em rotinas. Por outro lado, pessoas com curso superior e especialização não estão imunes aos efeitos da automação: 50% dos empregos que não exigem bacharelado estão em risco, contra 25% dos que exigem formação superior.

“Essas tecnologias devem beneficiar aqueles que são bem treinados. [Mas,] praticamente todos os trabalhos começarão a sofrer alguma pressão da automação”, ponderou Muro. Ainda segundo a pesquisa, esse movimento tenderá a afetar mais homens que mulheres. Isso porque os homens estão mais presentes em setores mais suscetíveis às tecnologias, como o transporte e a construção. Paralelamente, mulheres ocupam mais posições nas áreas de assistência médica, serviços pessoais e educação.

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Podcast: O impacto da Inteligência Artificial nos serviços criativos

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É motivo para pânico? Temos todos que mudar de profissão? A Inteligência Artificial é uma concorrente ou uma aliada dos profissionais criativos? Neste episódio a gente vai compartilhar a nossa visão sobre o assunto e tentar entender se é preciso recalcular a rota ou é só seguir em frente firme e forte.

A pauta começa por volta de 9:53

Dá o play e bom podcast para você! :)

Participantes deste episódio

Henrique Pochmann
Aparelho Elétrico
alvaro-neto-freelancer-em-programacao Alvaro Neto
Programador no Alvaro Neto
Carolina Walliter Freelancer em Tradução Carol Walliter
Pronoia Tradutória
Freelancer em design gráfico Dani Lima Dani Lima
Cartas Criativas para Otimistas Incuráveis

 

Timeline do podcast

Comentários

Programa

  • Inteligência artificial no mundo da tradução;
  • Inteligência artificial no mundo do design;
  • Bruce Sterling no SXSW;
  • Já estamos vivendo a inteligência artificial;
  • Inteligência forte e inteligência fraca – a diferença nos algoritmos;
  • Mais atenção e menos preocupação;
  • Watson da IBM;
  • Estamos gradativamente nos desligando de algumas funções;
  • CAT Tool – ferramenta de trabalho dos tradutores;
  • A máquina ainda não consegue contextualizar informações adequadamente;
  • Problema: ganho de produtividade acaba resultando em desvalorização do serviço;
  • Imagine a máquina traduzindo a conversa do Trump e do Kim Jong-un;
  • A máquina não replica ainda o “fator humano”;
  • Plugin simulador de bateria com “humanizer”: Ez Drummer;
  • Adobe Sensei;
  • Baixo e alto nível de programação;
  • Escravizaremos os robôs?;
  • Artigo traduzido pela Carol, Ética em inteligência artificial;
  • Documentário Zeitgeist;
  • Projeto Vênus;
  • Singularidade – pós-inteligência artificial;
  • A tecnologia evolui mais rápido do que a sociedade se organiza;
  • China usando a inteligência artificial para monitorar cidadãos;
  • Artigo com estudo da Mckinsey;
  • Se um robô pintar como o Van Gogh, o quadro pode ser considerado um Van Gogh?;
  • Livro A Sútil Arte de Ligar o Foda-se;
  • Livro Escolha a Catástrofe;
  • Trailer filme Quem quer ser um milionário;
  • Trailer filme Her;

Ficha Técnica

Data da Gravação: 04/05/2018
Arte da Capa: Thunder Rockets
Higienização do Áudio: Tomate Cereja

Você tem medo de que a inteligência artificial roube mercado de você?

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