Startup quer criar impacto positivo tornando dados acessíveis a todos

A máxima “dados são o novo petróleo” é cada vez mais comum no ambiente tecnológico. Empresas como Facebook, Google e Amazon vêm gerando bilhões em receita analisando os dados produzidos por consumidores e outras companhias, o que confirma o sucesso do modelo de negócios. No entanto, a percepção do público em relação a como esses gigantes tecnológicos estão sedentos por dados é cada vez mais palpável.

Recentemente, o CEO da Apple, Tim Cook, pediu uma regulamentação federal, para que os consumidores tenham mais poder e informação para decidir quais dados poderiam ser usados pelas empresas. Mas, seria o Big Data interessante apenas para poucas corporações tecnológicas lucrarem? Ou os dados podem se tornar uma força positiva para resolver alguns dos maiores problemas do mundo?

É a isso que se propõe Brett Hurt, CEO e fundador da data.world, uma startup de software de Austin, no Texas. A empresa tem a missão de aumentar radicalmente o acesso a dados e criar ferramentas para facilitar a colaboração de cientistas de dados, governos, estudiosos e público. “Todo mundo diz que os dados são o novo petróleo – mas a realidade é que os dados estão praticamente enterrados no solo, são rudimentares, não refinados e não são bem documentados depois que você os encontra e você não consegue ver como outras pessoas trabalharam nele”, disse o empresário a Maiko Schaffrath, colaborador da Forbes.

Impacto positivo

Para mudar esse cenário, a data.world criou uma plataforma de colaboração que permite que qualquer pessoa possa acessar um amplo conjunto de dados públicos. Assim, governos, empresas e indivíduos têm a opção de escolher os dados que desejam compartilhar publicamente ou dentro de sua organização, otimizando o aproveitamento de insights que podem ser gerados com base neles. Entre as empresas que causaram impacto positivo com a ferramenta está a agência de notícias Associated Press.

“Nos Estados Unidos, a notícia tem sido atacada. Temos sido capazes de ajudar a Associated Press com transparência em dados sobre, por exemplo, a crise de opióides e o impacto climático. Eles então compartilham esses dados com agências de notícias nos Estados Unidos” diz Hurt. Essas organizações podem, também, fazer suas próprias análises, levar dados relevantes para seus leitores e ter insights diretos sobre os conjuntos de dados por trás das notícias.

A fim de se comprometer legalmente com a missão de “mudar o mundo”, a data.world se tornou uma Corporação de Benefícios Públicos e possui uma certificação B Corp (selo que identifica empresas que seguem determinados padrões de transparência, responsabilidade e desempenho), que confirma que a startup está seguindo rígidos padrões sociais.

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Twitter bloqueia robô que fiscaliza gastos de deputados

Na última segunda-feira (18), o Twitter bloqueou a automação do perfil Rosie, uma inteligência artificial criada pela Operação Serenata de Amor que identifica e denuncia gastos irregulares feitos por deputados federais com a cota parlamentar, destinada a custos como alimentação e hospedagem. Segundo os desenvolvedores do projeto, a suspensão da conta aconteceu sem justificativa.

A Serenata é uma iniciativa de transparência de dados organizada por um coletivo de programadores e ativistas. Rosie usa a automação para publicar as mensagens sem interferência humana e, atualmente, tem mais de 40 mil seguidores. O bloqueio, é provável, remete à tentativa do microblog em conter contas automatizadas, frequentemente usadas para disseminar informações erradas e discurso de ódio.

“A diferença é que nosso bot é explícito, nós avisamos no perfil que se trata de um robô. Não é um robô que tenta se passar por pessoa”, disse Eduardo Cuducos, cofundador do projeto, à Folha. Segundo ele, ao publicar uma denúncia, Rosie cita o perfil do parlamentar em questão e muitos se retratam e devolvem o dinheiro. “Um dos casos mais icônicos foi de um deputado que gastou R$ 1500 em um restaurante de bode assado, onde o gasto médio é de R$ 60”, contou.

 

#DesbloqueiaRosie

Desde o bloqueio do perfil, os programadores criaram o movimento #DesbloqueiaRosie, que já foi mencionado pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Segundo a Folha, o processo de identificação e bloqueio dos perfis, pelo Twitter, também é automatizado e segue parâmetros de comportamento, como menções frequentes a pessoas com a quais a conta não interage.

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Como a “transparência radical” afeta (e continuará afetando) a indústria da moda

Um dos efeitos do acesso facilitado à informação é que os consumidores têm esperado cada vez mais transparência das marcas responsáveis pelos produtos que compram. Isso é especialmente verdade na indústria da moda, cujos players não podem mais se dar ao luxo de não reavaliar as práticas de seus negócios.

Nesse sentido, a “transparência radical” é uma das principais tendências do relatório The State of Fashion 2019: A year of awakening (ou “O estado da moda 2019: Um ano de despertar”), da empresa de consultoria McKinsey&Company, em parceria com o site Business of Fashion.

Segundo o documento, pesquisas de opinião indicam que a confiança em negócios caiu em 40% dos países em 2017. Paralelamente, 52% dos millennials afirmam pesquisar sobre as empresas das quais consomem antes de realizar a compra. 45% da Geração Z e 41% dos baby boomers fazem o mesmo.

“As redes sociais permitiram uma certa transparência. […] Você não pode mais controlar suas mensagens de luxo dentro de fronteiras”, afirma Stephanie Phair, diretora de estratégia da plataforma de moda Farfetch. Assim, são esperadas dimensões críticas em que as marcas serão examinadas por sua integridade criativa, cadeias de fornecimento sustentáveis, tratamento adequado aos trabalhadores, proteção de dados dos consumidores e autenticidade.

Novas dinâmicas

Dada essa busca por mais transparência em toda a cadeia de valor, o relatório aponta três dinâmicas para as quais as marcas de moda devem se atentar daqui pra frente. Primeiro, elas vão auditar rigorosamente suas práticas para identificar áreas que podem desgastar a relação de confiança com o consumidor.

Em seguida, irão investir nessas áreas problemáticas e criar uma vantagem competitiva em cima delas. Por fim, as marcas provavelmente serão mais transparentes durante crises, se comunicando rapidamente e admitindo erros.  

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Transparência ajuda a reduzir disparidade salarial entre homens e mulheres

O instituto de educação para negócios Insead, em parceria a Universidade de Columbia e a Universidade de Copenhague divulgaram, recentemente, um novo estudo que comprova que a divulgação, por parte das empresas, das remunerações de seus funcionários a partir do gênero ajuda a reduzir o “gap” salarial entre homens e mulheres.

Essa suspeita já existia entre grupos de pesquisadores, mas pôde ser comprovada graças a uma legislação dinamarquesa, sancionada em 2007, que exige que negócios com mais de 35 funcionários revelem estatísticas detalhadas dos salários de cada um, destrinchando-os por gênero. O estudo analisou as remunerações de 2003 a 2008 — antes da lei — e posteriormente, além estudar salários de empresas que não são obrigadas e afazer essa divulgação.

Resultados

Mulheres contratadas pelas empresas que tornaram os dados salariais públicos receberam aumentos maiores do que os atribuídos aos homens após a nova legislação. De maneira geral, houve uma diminuição de 7% na disparidade salarial observada no período anterior à lei. Em comunicado divulgado na última quinta-feira (06/12), o professor de economia do Insead, Morten Bennedsen, afirmou que “pela primeira vez, conseguimos documentar que a transparência salarial realmente funciona”.

Para o pesquisador, esses resultados ajudam, também, a elevar o nível de exigência dos cidadãos em relação a autoridades políticas e líderes corporativos. Para ele, “[…] a questão passa a ser se os políticos realmente desejam ou não fazer algo a respeito da diferença salarial entre homens e mulheres”, informou.

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