O que revela (e deixa de revelar) a análise de equidade salarial do Google

“Salário deve basear-se no que você faz, não em quem você é”. Assim começa o artigo publicado pela Analista Líder de Equidade Salarial, Laura Barbato, no blog The Keyword, do Google. O texto, que foi ao ar na última segunda-feira (04), discorre sobre resultados selecionados da análise dos pagamentos feitos pela empresa em 2018. Foram coletados dados de 91% dos funcionários e 10.677 Googlers tiveram seus salários ajustados.

Segundo Barbato, “primeiro, a análise de 2018 sinalizou um código de trabalho particularmente grande (Engenheiro de Software Nível 4) para ajustes. Dentro desse código de trabalho, os homens foram sinalizados para ajustes porque receberam menos fundos discricionários do que as mulheres. Em segundo lugar, neste ano, realizamos uma nova análise de contratação para procurar quaisquer discrepâncias nas ofertas para novos funcionários – isso representou 49% do total de dólares gastos em ajustes”.

No entanto, “como a análise do Google detectou a discrepância antes que as mudanças fossem implementadas, os engenheiros masculinos do Nível 4 não recebiam menos que as mulheres. A análise anual da empresa só compara os funcionários na mesma categoria de trabalho, de modo que os resultados não refletem diferenças de raça ou gênero em contratações e promoções”, questiona a jornalista de tecnologia Nitasha Tiku, da Wired.

Tiku explica que os funcionários do Google são pagos em salário, equidade e bônus. Sendo que a compensação é determinada pela função desempenhada, performance e localização. No entanto, diretores podem alocar fundos individuais mediante uma razão clara para fazer o ajuste. “Depois que a análise recente identificou a diferença entre os gêneros na remuneração dos engenheiros do Nível 4, uma análise mais profunda da empresa constatou que a discrepância era gerada pelos gestores que planejavam alocar mais fundos discricionários para as mulheres do que para os homens em 2019”.

Investigação

Atualmente, o Google enfrenta uma investigação do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, além de um processo movido por atuais e ex-funcionárias, que alegam discriminação sistêmica da empresa em relação ao pagamento e promoção de mulheres. Kelly Ellis, engenheira de software e autora do processo, afirma que foi contratada no Nível 3, a categoria de recém-formados, apesar de ter quatro anos de experiência profissional.

Semanas depois, um engenheiro com sua mesma experiência teria sido contratado no Nível 4, ou seja, com salário mais alto e chances de receber melhores bônus e ações. Segundo a empresa, “nosso primeiro passo é uma análise de equidade de nivelamento para avaliar como os funcionários são nivelados quando são contratados, e se podemos melhorar a forma como nivelamos”.

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Nova animação da Pixar faz crítica à masculinidade tóxica em ambientes de trabalho

Purl é um novelo de lã. Simpática, enérgica e interessada em decoração e artesanato. Mas, ao começar a trabalhar na startup de finanças B.R.O. Capital, começa a enfrentar desafios para que seja vista e respeitada em meio às hipermasculinidades de seus colegas de trabalho. Esse é um resumo da nova animação da Pixar, Purl, que retrata a masculinidade tóxica e a (falta de) diversidade em ambientes corporativos.

O curta, que foi lançado diretamente no YouTube no último dia 04, é o primeiro do estúdio a ser distribuído exclusivamente pela internet e integra o projeto SparkShorts, que visa dar espaço a novos criadores e roteiristas. Em quase 9 minutos, o pequeno filme aborda temas como cultura corporativa e questões de gênero no ambiente de trabalho. O roteiro e a direção são de Kristen Lester e a produção é de Gillian Libbert-Duncan.

Lester revelou, em entrevista ao canal Meet the Filmmakers — outro projeto da Pixar —, que o filme é baseado em sua primeira experiência em uma animação: “[…] eu era a única mulher na sala, e assim, para fazer a coisa que amava, eu meio que me tornei um dos caras. E então eu vim para a Pixar e comecei a trabalhar em equipes com mulheres pela primeira vez, e isso realmente me fez perceber quanto do meu aspecto feminino eu tinha enterrado e deixado para trás”.

Existe a possibilidade que outras narrativas como essa sejam desenvolvidas pela Pixar no futuro, principalmente considerando-se que o antigo COO do estúdio, John Lasseter, foi demitido recentemente, após acusações de abuso sexual e mau comportamento.

Assista à animação Purl abaixo:

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Transparência ajuda a reduzir disparidade salarial entre homens e mulheres

O instituto de educação para negócios Insead, em parceria a Universidade de Columbia e a Universidade de Copenhague divulgaram, recentemente, um novo estudo que comprova que a divulgação, por parte das empresas, das remunerações de seus funcionários a partir do gênero ajuda a reduzir o “gap” salarial entre homens e mulheres.

Essa suspeita já existia entre grupos de pesquisadores, mas pôde ser comprovada graças a uma legislação dinamarquesa, sancionada em 2007, que exige que negócios com mais de 35 funcionários revelem estatísticas detalhadas dos salários de cada um, destrinchando-os por gênero. O estudo analisou as remunerações de 2003 a 2008 — antes da lei — e posteriormente, além estudar salários de empresas que não são obrigadas e afazer essa divulgação.

Resultados

Mulheres contratadas pelas empresas que tornaram os dados salariais públicos receberam aumentos maiores do que os atribuídos aos homens após a nova legislação. De maneira geral, houve uma diminuição de 7% na disparidade salarial observada no período anterior à lei. Em comunicado divulgado na última quinta-feira (06/12), o professor de economia do Insead, Morten Bennedsen, afirmou que “pela primeira vez, conseguimos documentar que a transparência salarial realmente funciona”.

Para o pesquisador, esses resultados ajudam, também, a elevar o nível de exigência dos cidadãos em relação a autoridades políticas e líderes corporativos. Para ele, “[…] a questão passa a ser se os políticos realmente desejam ou não fazer algo a respeito da diferença salarial entre homens e mulheres”, informou.

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