Longas estadias em hospitais ou visitas frequentes para tratamentos de longa duração ou alta gravidade podem ser cruéis, especialmente para crianças. Dores crônicas e procedimentos delicados causam bastante desconforto e tornam a experiência ainda mais traumática. Pensando nisso, empresas de realidade virtual como a KindVR, da Califórnia, criam terapias imersivas que ajudam pacientes a lidarem melhor com essas situações.
Usando o equipamento de realidade virtual e um controle, as crianças podem explorar o fundo do oceano, fazer bolhas coloridas ou simplesmente esperar enquanto as criaturas marinhas se aproximam delas. Tudo isso enquanto uma música calma toca ao fundo. Essas experiências aliviam o estresse e a ansiedade durante episódios de dor e procedimentos médicos, tornando esses momentos menos desconfortáveis e reduzindo a necessidade do uso de opioides.
Pesquisadores acreditam que a realidade virtual ajuda porque dá aos pacientes outro foco, que não a dor ou o tratamento desconfortável. Estudos anteriores já mostraram que distrações — como assistir TV ou ouvir música — ajudam a manejar a dor em crianças e adolescentes, especialmente em procedimentos envolvendo agulhas.
“Eu penso que é uma questão de largura de banda. […] Seu cérebro tem que processar a experiência da dor e se somos capazes de inundar os sentidos do cérebro de uma forma confortável, isso tira a atenção dela”, disse Simon Robertson, fundador da KindVR, à jornalista Emily Mullin, da publicação OneZero, do Medium.
Experiências específicas
As terapias da empresa já estão sendo usadas em mais de 20 hospitais pediátricos nos Estados Unidos e no Canadá, oferecendo cinco experiências diferentes para crianças, específicas para determinadas situações. Uma delas é uma meditação guiada para ajudá-las a lidarem com dores e estresses crônicos por meio de exercícios de respiração profunda. Outro programa é o KindVR Aqua, usado no tratamento de dores agudas. O objetivo é minimizar os movimentos repentinos e ajudar a criança a relaxar.
A empresa cobra cerca de U$ 3.000,00 por seu sistema de assinatura, que inclui, segundo Robertson, “o software clinicamente validado, hardware, sistema de controle de infecção e treinamento local para a equipe do hospital”.
Menos analgésicos
No caso de dores intensas, que duram dias, é comum que médicos recorram a drogas fortes, como morfina, metadona ou fentanil, mesmo para crianças muito pequenas. Segundo Latika Puri, que é hematologista no Hospital St. Jude, “elas são expostas muito cedo e, quando estão na idade adulta, são muito tolerantes aos opioides”.
Apesar de não substituir completamente os analgésicos, a realidade virtual pode ajudar a tornar as internações e procedimentos menos traumáticos, reduzindo o sofrimento de crianças e adolescentes com dores recorrentes ou crônicas e colaborando para que não desenvolvam problemas psicológicos de longo prazo, como ansiedade e depressão.
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