Cidade italiana vai pagar cidadãos que forem trabalhar de bicicleta

Bari é uma cidade com cerca de 330 mil habitantes no sul da Itália que deseja incentivar seus cidadãos a usarem a bicicleta no trajeto entre suas casas e locais de trabalho. Para isso, o município vai cadastrar até 1000 bicicletas com GPS para medir a quilometragem percorrida e premiar os que incorporarem o meio de transporte ao dia a dia. A cada quilômetro, a cidade vai pagar € 0,20 (vinte centavos de euro), o equivalente a R$ 0,83 (oitenta e três centavos de real).

Nos demais trajetos, que não sejam de casa para o trabalho ou vice-versa, os participantes da iniciativa receberão € 0,04 (ou R$ 0,17) por quilômetro. O montante total será pago mensalmente e com um teto de € 25,00 (ou R$ 105,00) por pessoa. Apesar de incomum, o plano é uma sinalização interessante aos entusiastas da bicicleta. Além disso, os benefícios na saúde pública e na diminuição dos congestionamentos também contam como pontos a favor da ideia. No entanto, outras iniciativas parecidas na Europa tiveram resultados mistos.

Outras tentativas

Em 2014, o modelo colocado em ação pela França, teve resultados positivos, porém, modestos. Isso porque a maioria das pessoas que aderiram à bicicleta, andavam de carona, o que causou pouco impacto (apenas 5% a menos) no total de trabalhadores que abandonaram o carro em favor da bicicleta. Um dos motivos que pode ter influenciado nesses resultados foi a falta de desincentivos para dirigir, já que os estacionamentos gratuitos não foram removidos.

Em Copenhague, capital da Dinamarca, uma pesquisa feita com ciclistas revelou que apenas 6% deles deixaram de usar o carro em razão da redução de custos. O motivo mais comum apontado para a troca foi a conveniência proporcionada pela boa infraestrutura das ciclovias e pelos limites do tráfego de carros.

Para o site especializado em desenvolvimento urbano CityLab, é improvável que o incentivo em dinheiro seja suficiente para causar mudanças significativas no número de ciclistas diários. “Sem uma rede de ciclovias por toda a cidade, Bari dificilmente se tornará a Copenhague do sul. […] Se o esquema chegar à medida que sua orla se torne cada vez mais fácil e agradável para pedalar, os dois [incentivos] combinados podem ser suficientes para provocar algum movimento nos hábitos de trânsito dos residentes. [A iniciativa] é certamente um bom começo”, escreveu o jornalista Feargus O’Sullivan.

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O que a ausência de carros fez com o centro de Oslo?

Imagine andar pelo centro de uma cidade sem se preocupar com carros, o trânsito fluindo com rapidez e facilidade, com as ruas e negócios locais cheios de pessoas. Esta é a realidade de Oslo, capital da Noruega. No início deste ano, o projeto que removeu mais de 700 estacionamentos, substituindo-os por ciclovias, plantas, bancos de praça e pequenos parques foi finalizado e representa um grande passo para a visão de um centro da cidade livre de carros.

Em algumas das ruas, os carros foram banidos completamente e poucas pessoas transitam pelo local dirigindo. “Basicamente, não há carros. […] Você pode ver que está realmente recuperando o espaço e pode usá-lo para outros propósitos além de estacionar carros”, disse Axel Bentsen, CEO da Urban Sharing (a empresa que administra o sistema de bikes compartilhadas da cidade, o Oslo City Bike), à Fast Company. Além disso, as mudanças foram planejadas, também, para melhorar a qualidade do ar e lutar contra as mudanças climáticas.

O processo de tornar o centro de Oslo mais amigável para pedestres vem desde os anos 70, com a proibição de carros em algumas ruas. Nos anos 80, a cidade investiu em melhorar o sistema de transporte público e, desde 2015, começou a planejar uma transformação mais significativa. Atualmente, alguns estacionamentos ainda existem nos arredores do centro, em razão das entregas realizadas pelos negócios locais. Portadores de deficiência que se locomovem de carro também encontram lugar para estacionar. E há, ainda, algumas estações de recarga para carros elétricos.

Transformação

Para a vice-prefeita de desenvolvimento urbano de Oslo, Hanne Marcussen, trata-se de uma adaptação necessária para o futuro. “As cidades, como Oslo, foram construídas para carros por várias décadas, e já é hora de mudarmos. […] Eu acho que é importante que todos nós pensemos sobre em que tipo de cidades queremos viver. Tenho certeza de que quando as pessoas imaginam a cidade ideal, não seria um sonho de ar poluído, carros lotados de tráfego sem fim ou ruas preenchidas com carros estacionados”, explicou.

Rune Gjøs, chefe de ciclismo de Oslo, considera que “grandes melhorias no transporte público e tornar a bicicleta segura e confortável” foram grandes contribuições da cidade para que a transformação desse certo. Isso não quer dizer que o projeto não tenha encontrado resistência. No entanto, os donos de carros e de negócios que inicialmente se opuseram, achando que o centro perderia o interesse de visitantes, o viram se tornar uma das partes mais populares da cidade.

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Mercado de bikes elétricas começa a se articular no Brasil

Com o crescimento da pauta em torno da mobilidade urbana, as bicicletas elétricas se mostram como fortes candidatas para liderar o mercado nos próximos anos. À medida que o nicho se consolida nos países desenvolvidos, empresários do segmento no Brasil já começam a colocar seus planos de expansão em prática para atender a demanda iminente.

É o caso de Bruno Antônio Caloi Júnior, o Tito, filho do fundador da Caloi. O empresário, que hoje comanda a Tito Bikes e a Groove, se prepara para abrir uma fábrica, em maio, na Zona Franca de Manaus, dedicada à produção de modelos elétricos, estimando produzir, anualmente, 3 mil unidades.

Atualmente, as bikes elétricas formam um pequeno nicho por aqui, correspondendo a 0,35% das vendas totais. No entanto, a projeção dos investidores brasileiros é que se observe no Brasil algo similar ao que ocorreu na Europa, onde o mercado, hoje, equivale a 30 a 40% do total de vendas. “Achamos que essa tendência vai chegar aqui e quem estiver pronto para atender a essa demanda sairá na frente”, afirmou Tito.

Outro grupo que aposta no crescimento das e-bikes no mercado nacional é a Empresa Brasileira de Mobilidade Sustentável (EBMS), que iniciou em março uma linha de montagem da marca Pedalla em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “[…] Entendemos que, para grandes centros urbanos, não há outra solução a não ser a mobilidade compacta, de baixo custo (em relação ao automóvel), mais adequada para o trânsito congestionado, que exige menos espaço para estacionamento e ainda gera mais qualidade de vida”, constatou José Wilson de Oliveira, diretor executivo da empresa.

Projeção e partilha

Segundo estudo da associação Aliança Brasil, do setor de bicicletas, a estimativa é que até 2022, o mercado das bikes elétricas atinja a venda de 280 mil unidades, ou 6,6% do mercado total de duas rodas. Dentre todas as empresas que atuam ou se preparam para colocar modelos elétricos no mercado brasileiro, os preços variam entre R$ 4 mil e R$ 13 mil.

Além da produção local, outro segmento que tem atraído a atenção dos investidores é o de locação e compartilhamento de locomotores elétricos. Além das scooters, que já começaram a operar em São Paulo, a Uber anunciou recentemente que vai trazer as bikes da sua empresa coligada Jump para o Brasil em 2019, embora ainda não tenha divulgado as datas.

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Preocupação ecológica impulsiona o serviço de entregas com bicicletas

Entrega ágil, barata e que não emite poluentes no ar. Essa é a promessa das empresas que oferecem serviço de entregas com bicicletas. Esse tipo de iniciativa vem crescendo nos grandes centros urbanos, principalmente, devido à preocupação com o meio ambiente e à mobilidade facilitada. Em São Paulo, empresas como a Courrieros Entregas Ecológicas, a Carbono Zero Courier e a É Pra Jah vêm ganhando mais espaço a cada dia.

Ancorados no ideal de sustentabilidade, esses empresários viram no uso das bicicletas uma maneira de atender a uma demanda do mercado utilizando energia limpa e com operações de baixo custo. Rapidamente, é possível comprovar a eficiência das bicicletas para entregas de até 8 km de distância. E, assim, muitas empresas aderem ao serviço do “bikeboy”.

Diferenciais

A Courrieros, dos amigos Victor Castello Branco e André Biselli, foi desenvolvida com o intuito de usar a bicicleta como um veículo de inclusão social. A empresa conta, hoje, com 45 ciclistas contratados e 50 autônomos, entre os quais encontram-se refugiados e ex-presidiários. Cientes de que o trabalho não é para a vida inteira, devido ao desgaste físico, os sócios têm um objetivo: “[…] que o ciclista saia da Courrieros em condições melhores do que entrou”, afirmou André à Folha de S.Paulo. Na clientela, estão marcas como a Netshoes, Amaro e Reserva.

Na Carbono Zero, o serviço feito pelas bicicletas comuns é reforçado pelos modelos cargueiros, elétricos, scooters e um furgão. Esses veículos transportam as encomendas mais pesadas ou que tenham entregas urgentes em locais mais distantes. No entanto, segundo o sócio-gestor Leonardo Lorentz esses veículos motorizados servem, também, para passar segurança aos clientes que demoram a acreditar na eficiência dos “bikeboys”. “Às vezes, começamos com quatro bikes e uma scooter. Depois de uns meses, tiramos a scooter, e o cliente nem sente falta”, contou.

Composta única e exclusivamente pelo economista André Beck, responsável por lidar com clientes, administrar e pedalar, a É Pra Jah é ideal para serviços avulsos e de volume reduzido. Para Beck, “a cidade está ficando intransitável. É um negócio que tem muito potencial”.

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