Não é à toa que as imagens utilizadas em anúncios publicitários, conteúdo de blogs e em redes sociais sejam tão pouco representativas de quem vive no mundo real, especialmente mulheres, transgêneros e não-binários: há pouquíssimas fotos que fazem jus a essas pessoas nos bancos de imagens usados por profissionais freelancers e agências.
A fim de mudar essa realidade, duas iniciativas lançadas na semana passada se destacam: o projeto #ShowUS, uma parceria entre a Dove, a Getty Images e a agência criativa liderada por mulheres Girlgaze e a The Gender Spectrum Collection, nova biblioteca de imagens da Broadly (publicação da Vice focada em diversidade e narrativas geracionais).
O #ShowUs é uma coleção de 5.000 fotos que, segundo seus criadores “mostra as mulheres como elas são, não como os outros acreditam que elas deveriam ser”. Isso quer dizer que, “não existe distorção digital, apenas uma visão inclusiva de beleza”. Originárias de 39 países, as imagens mostram 116 mulheres, pessoas não-binárias e que se identificam como femininas. Cada uma foi responsável por criar a sua própria descrição e suas tags, “assim ela define como quer ser vista, em seus próprios termos”.
Já no caso da The Gender Spectrum Collection, a ideia surgiu de uma matéria feita para a Broadly pela jornalista Diana Tourjée. A peça falava sobre tucking, que é a prática de esconder o pênis de maneira que a virilha não fique com volume, comum entre drag queens, travestis, mulheres trans e não-binários.
Segundo a editora Lindsay Schrupp, aquela foi a primeira percepção da publicação em relação à falta de imagens representativas nos bancos de imagem. “As palavras ‘pessoa transgênero de roupas íntimas’ e variações do tema retornaram sem nenhum resultado na biblioteca de imagens que usávamos”, contou no artigo que apresenta o projeto.
A fim de não limitar a representação de pessoas trans e não-binárias em suas matérias, a Vice criou o seu próprio banco de imagens. São mais 180 fotos de 15 modelos transgêneros e não-binários, tirados pela artista e fotógrafa Zackary Drucker — que também é mulher trans — e disponibilizadas gratuitamente para o público.
Para Schrupp, “[…] nós precisamos trazer mais pessoas trans e não-binárias para a frente das câmeras e para dentro das redações. Membros dessas comunidades devem ser autoras de suas próprias histórias, criando as imagens que moldam a forma como vemos o mundo e escolhendo quem vemos nele”.
Confira o making of da The Gender Spectrum Collection no vídeo:
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