Não é novidade que as relações de trabalho mudaram bastante de algumas gerações para cá. No entanto, a chamada gig economy, ou economia gig (palavra que se refere ao trabalho temporário que, no Brasil, chamamos pejorativamente de “bico”), começou a atrair profissionais com mais de 60 anos. Pessoas que perderam seus empregos, que não têm uma boa aposentadoria, que buscam jornadas mais leves ou que, simplesmente, querem conhecer novas possibilidades já integram a força de trabalho em sites e aplicativos para freelancers.
Iniciativas como o TaskRabbit, que permite a oferta e procura de serviços variados — desde a montagem de móveis até esperar numa fila para outra pessoa — é uma das alternativas encontradas pela londrina Sylvia Haller, de 66 anos, que viu na gig economy uma maneira de complementar seu fundo de aposentadoria após sair de seu emprego formal. Ela encara a nova realidade, também, como uma maneira de estar perto de pessoas interessantes e descobrir novos propósitos. “Não saber o tipo de cliente que você vai conhecer é bem animador”, contou à jornalista Alice Robb, da BBC Capital.
Outro caso interessante é o do americano Dan Hays, de 68 anos, que depois de uma extensa carreira no setor de petróleo e gás, se inscreveu no site Fiverr para trabalhar como dublador. “Eu era bom no que fazia […], mas isso não alimentava meu espírito. Era muito competitivo, muito estressante. A certa altura, pensei: ‘quero tentar algo diferente’”. Hoje, ele também atende clientes para serviços de texto e roteiro, trabalha de 10 a 15 horas por semana e passa o resto do seu tempo da maneira que lhe convier.
Dados
De acordo com um relatório recente da consultoria Deloitte, 77 milhões de pessoas na Europa, Índia e Estados Unidos se identificam como profissionais freelancers. Segundo a consultora de investimentos Kelly Outsourcing & Consulting Group, no Pacífico Asiático, 84% dos gerentes afirmam empregar trabalhadores da gig economy. Outra pesquisa, realizada pela Intuit, afirma que, para a maioria, ser freelancer é uma escolha e não uma alternativa à falta de oportunidades no mercado formal. Este último grupo corresponde a 11% de 6000 profissionais pesquisados.
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