Troquei o café pela power nap. O gosto não é o mesmo, mas faz bem para o bolso e para a produtividade.

O último inverno aqui em Porto Alegre foi um dos mais frios e chuvosos da história recente da cidade. Temperaturas baixas e dias nublados são os predadores naturais da minha produtividade.

Determinados a declarar soberania sobre o meu ser, o frio e o clima cinzento enviam tropas de bocejos incrivelmente comprometidos em sequestrar o meu foco e a minha motivação.

Para atravessar as batalhas campais sem danos à minha produtividade, me vi obrigado a reafirmar meu compromisso com o café. Justo em uma fase em que estava tentando me afastar da cafeína para dar uma esfriada na nossa relação.

Ainda não encontrei em outra bebida o conforto e a cooperação do café. Para mim, o ato de passar o café, é uma espécie de ritual sagrado que me concede o estado de espírito apropriado para encarar uma bateria de trabalho intenso.

Passando o café por VTT Studio / Shutterstock

O contraponto é que sofro do que considero uma ansiedade moderada. Criei uma rotina de meditação, leitura e exercícios físicos que me ajuda a manter o desassossego sob controle. Entretanto, o café liberta toda a ansiedade represada.

Com duas canecas de café, por exemplo, minha perna direita declara autonomia e, sem qualquer cerimônia, começa a balançar frenética embaixo da mesa.

Tem mais, para conseguir concluir um simples raciocínio, preciso levantar e andar pela casa. Me faltam clareza e objetividade ao responder e-mails e mensagens de trabalho. Dificuldade de concentração e pensamentos pessimistas também são frequentes.

Como se não bastasse, tive que criar um toque de recolher. A partir das 18h todo pó de café, filtros e seus aparatos devem ser reencaminhados aos seus aposentos.

Uma mera xícara no fim da tarde pode desencadear uma madrugada sem sono recheada de pensamentos infrutíferos. E a sonolência no dia seguinte se torna um convite a, fatalmente, ingerir quantidades obscenas de café.

Se torna um círculo vicioso que asfixia a produtividade. Sem contar que o cansaço também leva o corpo a desejar alimentos mais gordurosos, lá se vai a saúde.

Um amigo sugeriu o descafeinado. Gostei. Fiquei animado. E não era por menos: todo o sabor do café, o aroma, o ritual, sem os efeitos colaterais. Sem impacto na saúde, eu poderia até dobrar o consumo. Estava pronto para riscar esse problema da pauta.

Parei no preço. O descafeinado custa quatro vezes mais do que um café normal. Para quem ama café, não é lá um valor exorbitante. Mas se você tem um negócio próprio em fase inicial, sabe que é fundamental diminuir gastos e reduzir o custo de vida, em prol da longevidade do projeto. Aumentar o gasto com café? Está fora de cogitação.

Passei a buscar alternativas. Alguns amigos sugeriram o chá, outros o chimarrão. Contudo, as duas bebidas também contêm cafeína na sua composição. Nem vou mencionar o energético que, assim como o café, é outro campeão de vendas entre os workaholics.

Acabei encontrando o que precisava na serena e despretensiosa Power Nap.

O que é power nap?

Descansando no sofá por Africa Studio / Shutterstock

Se você não tem familiaridade com o termo, Power Nap é um cochilo estratégico de curta duração que tem a revitalização como objetivo. A prática visa aproveitar os benefícios do sono excluindo os efeitos de lentidão provocados pelo sono profundo.

Sabe quando bate aquela lombeira após o almoço? Em vez de recorrer ao café, é uma boa hora para apostar em um cochilo estratégico. Se você trabalha em casa então, é ainda mais fácil, pode usufruir da soneca sempre que achar necessário.

Benefícios da soneca estratégica

Tranquila por JKStock / Shutterstock

Algumas vantagens de um cochilo rápido:

  • Auxilia a concentração;
  • Combate a ansiedade;
  • Combate o estresse;
  • É relaxante;
  • Fortalece a memória;
  • Melhora o humor;
  • Reduz as chances de problemas no coração.

Executando uma Power Nap com excelência

Preparando uma Power Nap por YuryRyzhenko / Shutterstock

Aqui vão as minhas recomendações para você tirar um melhor proveito da soneca turbinante:

  • Escolha um local com boa temperatura, silencioso, onde ninguém vá te perturbar, preferencialmente onde você possa deitar confortavelmente;
  • Programe o timer do seu celular para 20 minutos. Aposte em até no máximo 30 minutos, mais do que isso você corre o risco de cair em sono profundo e o efeito ser o contrário;
  • Para pegar no sono rápido, acender um incenso e colocar uma música calma pode ajudar. Isso também colabora para ritualizar o momento e ajuda a preparar a mente para a sessão de descanso;
  • Para ter uma experiência ainda melhor, vale buscar por algum aplicativo de celular. Há vários nas lojas de apps. Eles já trazem sons da natureza, e outros recursos, para auxiliar no relaxamento;
  • Para evitar que você passe a noite em claro, preste bastante atenção no horário e na frequência dos seus cochilos durante o dia. Vale lembrar que as power naps não têm a função de substituir o sono tradicional. Nada substitui uma boa noite de sono.

Concluindo

Antes, a dificuldade de concentração e os bocejos constantes eram a desculpa ideal para tomar um café. Agora é o sinal para investir em uma Power Nap.

Reduzindo o consumo de café, eu economizo, mantenho a ansiedade sob controle e, de quebra, a produtividade livre de círculos viciosos.

Não abri mão totalmente do café. Apenas reduzi o uso. No inverno passado, estava tomando cerca de 4 canecas ao dia. Agora tenho tomado apenas uma no início da manhã.

Café por YuryRyzhenko / Shutterstock

Com o calor do verão, minha expectativa é reduzir ainda mais. É bom até mesmo para não banalizar a relação com o café, assim aprecio mais a bebida em ocasiões especiais.

A prova de fogo mesmo vai ser o inverno do ano que vem.

É importante deixar claro, o ponto central deste texto não é, de forma alguma, pintar o café como um vilão da produtividade. Minha intenção é convidar os coffee lovers, como eu, a refletirem sobre o impacto que o uso contínuo e prolongado do café pode estar causando nas suas rotinas de trabalho.

Existe quem – com café ou sem café – tenha o mesmo desempenho no trabalho. Mas há também quem já vem tendo sua performance afetada pela dose errada de café e ainda não percebeu. Acho importante fazer uma autoanálise para descobrir em qual dos grupos você se encaixa.

Qual o efeito do café no seu desempenho no trabalho?

Compartilha comigo nos comentários e vamos levar o assunto adiante.

Quer se aprofundar no assunto?

Para quebrar o hábito de tomar café em excesso e até mesmo outros costumes que podem estar prejudicando a sua vida, pessoal ou profissional, recomendo o livro O Poder do Hábito (link afiliado). 

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