Como dar feedback a quem está na defensiva?

Dar feedback sobre a performance profissional de funcionários faz parte da rotina de qualquer administrador e as novas gerações, de fato, consideram essa avaliação crítica valiosa. Uma pesquisa do Centro de Cinética Geracional, de 2018, aponta que trabalhadores da Geração Z desejam ser avaliados várias vezes por semana (60%) ou até mesmo diariamente (40%). Por outro lado, um relatório da empresa Gallup afirma que apenas 17% dos millennials pedem feedback a seus superiores.

Para Shane Metcalf, diretor de cultura da plataforma de gerenciamento de desempenho, 15Five, as pessoas podem ficar na defensiva ou constrangidas quando a crítica for negativa. “Poucas pessoas são realmente boas em receber feedback. […] Qualquer um que seja bom nisso provavelmente passou por um processo de aprendizado de como realmente recebê-lo e não apenas se sentir provocado”, afirmou à FastCompany. Diante disso, a publicação elencou algumas atitudes que podem tornar o processo mais eficaz.

Regras e metas

Metcalf afirma que estabelecer regras é um passo essencial para que os funcionários entendam porque o feedback é importante e como ele pode ajudá-los. Além disso, é preciso colocar a avaliação dentro do contexto de desenvolvimento da pessoa, do time e da empresa, como afirma a consultora Pamela Mumm.

“Quando você conhece os objetivos deles, não está mais em combate ou não está no caminho deles; você é realmente um recurso para eles. Você pode dizer: ‘Eu conheço você, sei o que você quer alcançar e também tenho uma perspectiva diferente. Eu posso ver algo que você provavelmente não pode ver. Você quer que eu fale sobre isso?’”, explicou. A partir daí, o avaliador não está apenas criticando aleatoriamente, está ajudando seus funcionários a serem mais eficazes.

Direto ao ponto

De acordo com a reportagem, outros pontos importantes a serem considerados na hora do feedback são: não se ater à tendência de apontar apenas aspectos negativos da performance; não se limitar a apontar os erros, mas, também, a procurar soluções para eles; e ir direto ao ponto, sendo específico sobre a mensagem que está sendo passada e buscando identificar comportamentos específicos.

“Uma vez que você identificou esse comportamento específico, então ele se torna: como isso vai atrapalhar a promoção deles, ou o modo como eles fazem negócios ou o que eles estão tentando realizar?”, argumentou Mumm. Segundo a consultora, o caminho é mostrar a eles a intenção de usar o momento de avaliação para ajudá-los a alcançarem seus objetivos.

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De onde vem o interesse quase “religioso” dos millennials pelo trabalho?

Já parou para pensar em como você se apresenta quando conhece alguém? Geralmente, usa-se o nome e, em seguida, a profissão ou o lugar onde você trabalha. Principalmente se você tem menos de 40 anos. De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, jovens estão se interessando menos por religiões e, consequentemente, transferindo seus sensos de comunidade, sentido e identidade para o trabalho.

Em reportagem para a Fast Company, o jornalista Jared Lindzon apresentou dados e argumentos que tentam identificar as origens e razões dessa tendência. Para Rachel Bitte, que é chefe de pessoas do software de recrutamento Jobvite — que recentemente publicou se relatório anual Job Seeker Nation —, colocar tantas expectativas no trabalho pode ser algo “fora da realidade”.

“Temos vidas espiritual e física, gostamos de ter estímulos intelectuais em nossas vidas, temos nossas comunidades e nossas famílias e amigos; os seres humanos são complexos, e ter um equilíbrio realmente saudável requer todos esses componentes. […] Esperar que tudo isso venha do seu trabalho pode ser uma expectativa irrealista”, ponderou.

Segundo Lindzon, ao longo da história, o trabalho era, geralmente, considerado um fardo e um meio para um determinado fim. O lazer, por sua vez, era não só a recompensa do trabalho, mas, também, a base da cultura e da sociedade. “Como resultado, muitos previram que a riqueza individual levaria a mais tempo de lazer, enquanto a riqueza da sociedade diminuiria a duração do dia de trabalho, eventualmente eliminando-a completamente”, escreveu.

Mas, o que aconteceu foi exatamente o contrário. De acordo com uma pesquisa compilada pelo jornalista da Atlantic, Derek Thompson, que também é autor do livro Hit Makers (link afiliado), em 2005, os 10% mais ricos dos homens casados dos Estados Unidos trabalhavam a maior média de horas já registrada. Em 1980, a média era a menor. “Eu sempre fui curioso sobre esse fenômeno; por que os ricos estavam optando por comprar mais trabalho, já que podem comprar o que quiserem? […] Ocorreu-me que eles estavam colocando o trabalho no topo do pedestal, e esse grupo de elites americanas […] tinha essencialmente substituído uma definição antiquada de Deus por uma nova definição de divindade, que foi o trabalho” contou à FC.

Insustentável

Para o professor de estudos do lazer da Universidade de Iowa e autor do livro Free Time: The Forgotten American Dream (link afiliado), Benjamin Hunnicutt, uma sociedade construída unicamente sobre o trabalho não se sustenta. “Trabalhar por definição, no mercado — que é um lugar de competição — é difícil [encará-lo] como um lugar que me parece para a cooperação, para a generosidade e doação, para a realização de toda a nossa humanidade. […] Por definição, até mesmo os melhores de nossos trabalhos são sobre competição, de superar as pessoas ao nosso redor”, argumentou.

Para ele, uma sociedade que elogia o trabalho é implacável em relação ao mundo natural e às outras pessoas. Muitos estudos, inclusive, apontam que o culto exagerado ao trabalho estaria por trás de muitas das tendências negativas que afetam os millennials e os trabalhadores de forma mais ampla.

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