Há dois anos, a editora do New York Times Book Review, Pamela Paul, escreveu um artigo de opinião no qual contou sobre sua decisão de deliberadamente “resistir” às atualizações tecnológicas como uma maneira de desacelerar e preservar sua saúde mental. Na semana passada, ela deu uma entrevista ao jornal relatando a experiência e seus principais benefícios.
Paul explicou que diminuir seu acesso à tecnologia não foi tão difícil. “É mais fácil do que você imagina, porque você pode efetivamente fazer o downgrade apenas negligenciando a atualização”, disse. “Há uma premissa predominante de que só porque há uma nova versão de alta tecnologia de algo previamente tratado com baixa tecnologia, deve-se adotar essa tecnologia. Eu venho de um ângulo diferente, que é olhar para a necessidade ou problema e me perguntar: Será que essa nova tecnologia ajudará substancialmente? E se o lado positivo é rapidez ou informação, minha próxima pergunta é: qual é a barganha? O que eu perco junto com esse ganho e, no balanço, os ganhos superam as perdas?”, continuou.
Livros
Em alguns casos, a editora considera a nova tecnologia menos eficiente do que a ferramenta que ela visa substituir, como é o caso dos leitores digitais. “Um Nook, um Kindle ou iPad é, para meus propósitos, inequivocamente pior que um livro impresso. Não é possível ir e voltar entre as inserções de fotos ou folhear o índice; você não tem senso de contagem de páginas (porcentagens, sério?). Você perde o design do produto, que geralmente é bonito, até o peso do papel e a escolha do tipo de letra. Você teria que me pagar um salário muito caro para desistir do livro impresso por um ano”.
Trabalho
A tecnologia, no entanto, não parou no tempo no âmbito profissional. Trabalhando em um dos maiores jornais do mundo, que, segundo ela, é um ambiente orientado por tecnologia e cujo conteúdo é distribuído via plataformas avançadas para leitores com conhecimento técnico até mesmo avançado, Pamela Paul precisa entender, avaliar e adotar as mesmas ferramentas que seus colegas de redação e público. “No trabalho, eu tenho 12 janelas e abas abertas, alternando loucamente entre laptop e telefone como qualquer outro drone digital”, contou.
Ao ser questionada sobre o conselho que daria a outras pessoas que queiram depender menos dos avanços tecnológicos, respondeu: “Em geral, quando ouço a frase ‘Tem um aplicativo para isso’, minha primeira pergunta é: ‘Precisa ter?’ A grande maioria das novas tecnologias é desenvolvida com fins lucrativos. Assim, cada nova forma de tecnologia levanta a questão: isso é algo pelo qual estou disposto a pagar, seja o custo em dólares ou privacidade? Como muitas pessoas, eu me irrito com a noção da minha vida pessoal sendo monetizada”.
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