Consciência negra: pesquisa aponta que empresas precisam expandir representatividade

54% da população brasileira é formada por negros, dos quais 29% (cerca de 14 milhões de pessoas) são empreendedores. Segundo dados da pesquisa A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, feita pelo Instituto Locomotiva e lançada no último dia 13, em termos de economia, a comunidade negra movimenta R$ 1,7 trilhão ao ano. Desse montante, R$ 359 bilhões são atribuídos à classe empreendedora.

A pesquisa, que foi feita a pedido do Instituto Feira Preta e teve apoio do Itaú, mostra que a média salarial do empreendedor negro (R$ 1.420,00) corresponde à metade da média do empreendedor branco (R$ 2.827,00). Além disso, é constatado que 82% dos empreendedores negros não têm CNPJ e 57% afirma sofrer preconceito na hora de abrir seu próprio negócio.

O estudo se baseia nas informações passadas por proprietários de empresas e empreendedores que fazem parte da Feira Preta, dados públicos do IBGE e a base de dados do próprio instituto. A análise dos resultados demonstra que, apesar da grande representatividade entre produtos e consumidores, a população negra não se identifica com a comunicação das empresas, além de sentir o racismo presente nas relações institucionais.

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90% das campanhas publicitárias apresentam protagonistas brancos. Nesse sentido, 72% dos entrevistados apontaram que não se sentem representados pelas pessoas das propagandas. Para Renato Meirelles, presidente do Locomotiva, duas soluções podem ser aplicadas nesse sentido: a prática e a estrutural. “A prática é ser mais criterioso no casting das campanhas e fazer um checklist. Já do ponto de vista estrutural é colocar os negros nos cargos de liderança e no centro das tomadas de decisão das empresas”, afirmou à revista Meio&Mensagem.

Meirelles também destaca a importância da autoestima: a dos negros é mais elevada que a dos brancos. A pesquisa aponta números que comprovam essa afirmação: 86% dos negros brasileiros têm orgulho de sua cor e origem, 81% consomem produtos que melhoram sua autoestima e 67% priorizam marcas e empresas que compartilham de seus valores. Para o presidente do Instituto, as empresas precisam entender que há múltiplos padrões de beleza que precisam estar inseridos de forma significativa na comunicação da marca.

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