Um papo sobre preços, autoconfiança e exposição

Imagine a cena: você está procurando por determinado serviço e, após algum tempo, acha um site incrível que oferece exatamente o que você precisa. Animado, você clica na aba “serviços” e lá está: “Para mais informações, solicite um orçamento”. Quem é você no rolê: aquele que revira os olhos e deixa pra lá ou aquele que corre para enviar e-mail?

Sendo alguém que já jogou nos dois times, mas que hoje é uma grande reviradora de olhos, quero te contar por que abandonei o famoso “solicite um orçamento” na hora de oferecer os meus próprios serviços – e como isso pode ser bom.

Autoconhecimento, preços e o nosso próprio valor

Verdade seja escrita: não é muito fácil precificar o que a gente faz como freelancer/nômade digital/empreendedor ou seja lá como você queira se chamar.

Não existe uma tabela universal de preços e há muitas variáveis no caminho… mas como profissionais independentes, faz parte da jornada descobrir quanto realmente custa e vale o nosso trabalho.

Adepta de terapias e louca por autoconhecimento, arrisco dizer que coisas profundas são mexidas quando começamos a pensar no valor daquilo que fazemos.

Uma única pergunta pode desencadear muitas outras: você começa se perguntando qual é o seu diferencial. E quando vê, já está refletindo sobre o que só você faz, no seu ramo, que ninguém mais faz. Será que tá rolando um medo de expor o preço daquele seu serviço? Você anda ligando para o que podem pensar? O julgamento alheio te deixa de cabelo em pé? No fundo, você acha que o seu trabalho nem vale tudo aquilo? Melhor seguir a manada e precificar de acordo com o mercado por medo de ficar sem cliente?

São tantas emoç… digo, perguntas.

Nessa jornada por descobrir quanto vale o seu trabalho, duas coisas podem acontecer: você se valorizar demais ou de menos. Calma: não tô dizendo que você não deve se valorizar.

Acreditar que você é bom e melhor que a maioria faz bem, mas insistir nisso a ponto de se tornar inflexível pode ser um problema numa discussão sobre preços, por exemplo.

Ou ainda, algo que também não é legal e que acontecia muito comigo: eu falar meu preço e a pessoa mandar um:

“Tem certeza que é só isso? Você é boa no que faz, devia cobrar bem mais”.

Sim: a minha autoestima mandou lembranças.

Percebe como esse negócio de precificar pode se tornar uma questão profunda?

Se você se conhece, e sabe quantas horas você precisa para desenvolver um site, uma marca ou um texto, se você sabe dos seus limites e o que está disposto a fazer, é mais fácil encontrar um ponto de equilíbrio e começar a cobrar o que você merece.

Se nunca parou para analisar essas coisas, que tal começar já?

E ah, em caso da profundidade ser demais e, enquanto pensa sobre preços, você se descobrir alguém com a autoestima lá no pé, como eu descobri, não hesite em procurar ajuda. Sem cara feia: se trabalhar emocionalmente e psicologicamente faz bem. Parece bobo, mas não é: o modo como a gente se vê influencia muito o nosso trabalho – e consequentemente, nossos preços.

Preço versus valor

Stock Photos sirtravelalot / Shutterstock

Tendo trabalhado toda a vida com os outros colocando um preço no meu serviço – “Você é ótima professora de inglês, mas aqui na empresa todos recebem essa quantia” – e me conformando com o tal salário líquido, foi um baque me demitir e começar a pensar nos meus preços por conta própria.

Aliás, cabe aqui aquela separação básica entre “preço” e “valor”. Preço está relacionado a dinheiro, é o que meu cliente vai desembolsar por um texto meu, por exemplo. Valor é o que ele enxerga de satisfatório naquilo que entreguei, a lacuna que o meu texto preenche.

Traduzindo: preço é quanto custa o que você faz, valor é o que o seu cliente obtém a partir daquilo que você faz – satisfação, um design incrível, um texto bem elaborado que atinge o público-alvo dele etc (mas, enquanto escrevo, você vai perceber que eu alterno entre as palavras “preço” e “valor”, até para a escrita não ficar chata. Só tenha em mente que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa).

Tímida, formal e no vácuo

Stock Photos Por Yulia Grigoryeva / Shutterstock

Desde que comecei a vida de freelancer, há quase 2 anos, aderi ao famoso “solicite um orçamento”.

Comecei bem tímida, e talvez por isso, estabelecidos os meus preços, achava profissional e muito bonito responder a qualquer sinal de interesse com o tal “solicite um orçamento”.

Assim, uma vez interessadas, as pessoas me mandavam e-mails solicitando o que precisavam e quanto custaria, e eu respondia, empolgadíssima, porém cheia de formalidade, o preço do que eu fazia.

Eis algumas estatísticas interessantes após o envio do meu e-mail:

  • 10% realmente retornavam e fechavam negócio;
  • 20% retornavam apenas para agradecer;
  • 70% equivalia ao vácuo total – A maioria nem mesmo retornava;

Nunca fui boa em matemática, mas para bom entendedor, meia resposta basta.

Pra ajudar, eu era extremamente sensível (continuo sendo, na real, mas antes eu não sabia direito como lidar), então aquela falta de resposta me doía, me fazia mal.

Eu achava uma tremenda falta de respeito e consideração, e começava a questionar o meu valor como profissional.

Eu insistia no “solicite um orçamento”. E os vácuos continuavam acontecendo. Aquela história de “esperar resultados diferentes fazendo tudo igual”. A lição terapêutica por trás disso é: se você não muda de postura, não adianta ficar com raiva.

O estalo: facilitar a comunicação com o cliente

Stock Photos Por Daniel M Ernst / Shutterstock

Comecei a repensar a forma que eu me comunicava depois de acompanhar uma fotógrafa que admiro muito dizer que odiava essa história de “solicite um orçamento”.

Na visão dela, essa coisa de solicitar dava a ideia de algo secreto, estranho, e já plantava na cabeça do possível cliente uma sensação de “deve ser caro” (mentalidade da maioria dos brasileiros).

Indo na direção contrária de suas colegas de profissão, ela resolveu escancarar seus preços.

Ela não queria ficar respondendo e-mails de quanto cobrava pelos ensaios – ela queria responder e-mails já combinando a data e o local. Aquilo me impressionou: achei o raciocínio dela interessantíssimo.

Vamos abrir um parênteses aqui: se você não divulga logo seus preços por medo da concorrência, da comparação ou do julgamento alheio, pode ser porque, lá no fundo, você não confia no seu taco.

Pior: você pode ser do tipo que julga seus potenciais clientes. “Hum, a cara desse aqui, o jeito que ele se veste e se mostra nas redes sociais… talvez ele possa pagar mais. Dependendo do que ele pedir, ou se ele for meio mala, cobrarei a mais”. É horrível, eu sei. Mas já vi acontecer.

Voltando à fotógrafa: na saga de precificar seu trabalho, ela buscou por referências, mas ficou tão chocada de não achar nenhuma fotógrafa que expusesse logo seus preços, que começou a mandar e-mail para as que conhecia, perguntando quanto custava um ensaio, se passando por cliente. Ela fez exatamente o que algumas pessoas fizeram comigo.

“Olá, quanto custa o ensaio?”
“X, bolinha, quadrado”.
“Obrigada, no momento não posso pagar, mas espero um dia fechar negócio com você”.

Depois de comparar as respostas que recebeu por e-mail, descobriu o que suas fotos tinham de diferente, fez uma média de mercado, foi lá e escancarou o preço dela nas redes sociais. “Meu ensaio custa tanto, eu fotografo assim e assado e é isso aí. Para agendar, mande um e-mail”. Simples e, pasmem, muito eficaz.

Digo isso porque a acompanho desde o primeiro ensaio, e é sensacional ver como ela cresceu.

Pensando em facilitar a comunicação com seus possíveis clientes, ela jogou abertamente e poupou o desgaste de ter que ficar enviando orçamento para quem nem tinha certeza se faria o ensaio com ela.

Hoje, ela é uma das fotógrafas que eu mais admiro, e pra fotografar com ela em Paris (sim!) são meses de espera.

Ela se firmou no que faz sendo autêntica, sem rodeios (pra quem ficou curioso, eu tô falando da Mirelle Mathias, dona do perfil @13anosdepois no Instagram).

É claro que, se tratando de fotos mais específicas, rola uma brecha para o famoso “solicite um orçamento”.

Mas, de modo geral, o povo já sabe quanto custa um ensaio com ela, enxerga valor no tipo de foto que ela faz e se programa pra pagar, sem chorar descontinho ou sugerir troca de favores. Que, no fim, é o sonho de todo profissional autônomo, não?

Cada caso é um caso

Stock Photos Por ulyana_andreeva / Shutterstock

Semana passada resolvi tomar coragem e sair da teoria para a prática: escancarei meus preços no Instagram, que é de onde vem a maioria dos meus clientes.

Recebi uma pequena enxurrada de crítica: que eu estava dando um tiro no pé, porque texto não tinha que ter valor fechado, já que a produção de conteúdo envolve vários aspectos, que eu estava me arriscando demais, que isso me desvalorizava e que eu parecia estar sendo arrogante ao me posicionar.

Graças a Deus/Universo/ETs eu sigo firme nas minhas terapias e meditações e não me deixei abalar.

Essa é a importância de se autoconhecer e perceber o que faz sentido pra você. O “solicite um orçamento” não combinava mais comigo.

Eu concordo que um texto pode custar mais ou menos dependendo do que o cliente deseja: otimizado para o Google, com imagens, uma linguagem ou abordagem mais específica… mas isso não invalida a minha ideia.

Baseei o valor do meu texto no número de palavras e pensando em quanto tempo eu levo para escrever um único artigo. O cliente quer texto com imagem, SEO e outras questões? Vai ter um acréscimo aí. Pronto. Não achei difícil de resolver.

Mas claro: pode não ser o seu caso.

Para um designer, talvez, fique mais complicado, afinal, escrever um texto é bem mais simples do que elaborar um site. Mas ele pode deixar clara sua hora trabalhada ou dar uma ideia geral do preço de um site básico e colocar que, dependendo do formato e dos elementos a mais, será cobrado “x”.

Eu adoraria entrar em sites de designers e ter uma noção, ainda que básica, de quanto custa para fazer um site.

Na minha cabeça, se eu gosto muito do estilo de trabalho de alguém, preço é a última coisa que vai me incomodar – porque, antes de pensar no financeiro, eu vejo valor.

A regra é não ter regra

Stock Photos Por GaudiLab / Shutterstock

Como em qualquer negócio, testar faz parte do pacote.

As coisas mudam todos os dias, e, sendo freelancer, isso inclui a nossa forma de trabalhar e de enxergar o nosso trabalho. Podemos mudar de ideia. Podemos reavaliar.

Dentre várias razões, escolhemos viver como freelancers justamente porque gostamos da liberdade. E isso significa mudar de direção caso a coisa não esteja indo muito bem, certo?

Você não precisa seguir tudo que está escrito aqui. Você pode continuar firme no “solicite um orçamento” e se dar muito bem.

Mas, pra mim, a mudança de atitude foi necessária.

Percebi que eliminar o “solicite um orçamento” faria bem pra mim, até porque me coloquei na posição de cliente, e a verdade é que eu gosto das coisas claras, gosto de saber logo quanto custa e ver se consigo pagar.

O caminho contrário me angustia: esperar o tal orçamento e, antes da resposta, já começar a agonizar pensando que não vou dar conta financeiramente (pessoas ansiosas entenderão).

A verdade é que, depois de escancarar meus preços, relaxei. Meu posicionamento atraiu interessados e serviu para confirmar: quem gosta do que você faz e de como você faz, paga sem reclamar o que você merece.

* * *

Enfim, o assunto é polêmico e eu não posso dizer o que é melhor para você. Mas, se a discussão serviu para “plantar” uma pulguinha, me conta que eu vou gostar de saber :)

E você, é adepto do “solicite um orçamento”? Já pensou em escancarar seus preços?

 

Este post foi escrito por um autor convidado. Todas as informações contidas no texto são de responsabilidade do seu autor e não, necessariamente, refletem a opinião do site.

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O que rolou no RD Summit 2018

RD o quê?

Na primeira semana de novembro aconteceu o RD Summit 2018, em Florianópolis. Para quem não sabe, RD é a sigla da maior empresa de marketing digital da América Latina, a Resultados Digitais. “Summit” é só um complemento, do inglês “topo” ou “cume” – o que de alguma forma, faz sentido.

Fui pela primeira vez ao evento ano passado, por conta própria, arrancando os cabelos e parcelando a perder de vista. Este ano, também compareci, mas a convite do Henrique <3.

Conhecido como a “Disneylândia do marketing digital”, o RD Summit vem atraindo a cada ano mais pessoas desde a sua primeira edição, em 2013. Conversando com uma das organizadoras, soube que este ano passaram pelo local cerca de 12 mil pessoas e que para o ano que vem são esperadas pelo menos 15 mil.

Público via Blog Resultados Digitais

De 2013 pra cá, o projeto cresceu 26 vezes o seu tamanho. De 300 profissionais que ouviam algumas palestras numa salinha de convenções, hoje são contabilizados 8 mil, que chegam de todos os cantos do país, para não falar das 12 trilhas de conteúdo simultâneas e dos 150 palestrantes – nacionais e internacionais! – espalhados por todo o Centro Sul durante os 3 dias.

É absurda a proporção que o evento ganha a cada ano que passa… e você já vai descobrir porque.

O RD Summit não é só um evento de marketing

Vejo que, a cada ano, há uma espécie de tema-chave do evento.

Ano passado a coisa estava muito em cima da automatização de processos e de como podíamos contar com os robôs que chegavam no mercado digital. Os famosos chatbots de hoje eram o tema de ontem e até o fim de 2017, ainda causavam uma certa estranheza.

É impressionante perceber como as coisas mudam em apenas um ano.

Nesta edição, eu diria que o tema-chave do RD foi justamente “acalmar” o fuzuê causado em torno da chegada dos robôs e da inteligência artificial ao mercado de trabalho.

Não que isso já não existisse: é só que, em 2018, ficou evidente.

Por isso, observei que “conexão” era a palavra da vez. Pediram muito que a gente não se esquecesse do quão humanos somos. Falaram de tecnologia sim, falaram de automação e de um futuro mais ágil, mas, de modo geral, dá-lhe humanização.

Como na edição passada, apesar do tema-chave, rola de tudo um pouco. As trilhas de conteúdo se dividem em muitas outras, categorizadas em marketing para iniciantes, marketing avançado, marketing e outros conceitos e por aí vai.

Acompanhei palestras sobre os mais diferentes assuntos, porque, ao contrário do que se pensa, o RD não é só um evento de marketing. Eu diria até que ele não é só um evento para marketeiros: é para qualquer pessoa que se interessa por questões relevantes para a sociedade e o mercado de trabalho em si, como feminismo, inclusão, criatividade, autoconhecimento, flexibilidade, inovação e produtividade.

Muita palestra, pouco tempo!

Alguém já disse antes que quanto mais opções temos, mais angustiados ficamos. Isso é bem verdade para um evento do porte da RD.

São várias palestras ocorrendo simultaneamente, então é preciso filtrar.

No aplicativo do evento, marquei as que me interessavam mais. Confesso que não sou muito fã de coisa técnica, costumo ignorar números e dados estatísticos (sou de Letras, gente!), portanto eu era sempre atraída pelo que me parecia mais… humanizado.

Dentre tanta coisa, vou destacar em tópicos o que mais me chamou a atenção.

Precisamos falar sobre algoritmos

Marcos Piangers via Blog Resultados Digitais

Eu não tive dúvidas da primeira palestra que iria assistir: “A diferença que você faz no mundo”, do Marcos Piangers, um escritor que consegue me tirar do óbvio e falar de tecnologia e humanidade com muito bom humor.

Piangers colocou todo mundo pra pensar quando afirmou que já entregamos nossas vidas para os algoritmos.

Sim, aqueles mesmo, que polemizam as redes sociais, que controlam nossa base de dados no Facebook, que rastreiam nossos desejos, que escutam nossa voz (ou você realmente acha que o fato de aparecer cumbuca em oferta aí na sua tela, logo depois de você ter comentado isso em voz alta, é mera coincidência?).

De uma forma amorosa e ao mesmo tempo raivosa (não me perguntem como!), Piangers escancarou quão viciados estamos, quão dependentes da tecnologia estamos.

Disse que não é de estranhar que o número de suicídios tenha aumentado e a depressão também: nos comparamos o tempo todo e passamos 3x mais tempo olhando para telas do que para as pessoas que convivem conosco.

Achei interessante que ele citou a nossa preferência pelo que faz mal. Nós sabemos que passar muito tempo só rolando o feed do Instagram, por exemplo, pode nos colocar pra baixo, de alguma forma. Mas a gente continua lá.

Uma pesquisa citada por ele mostrou que há diversas atividades melhores e mais interessantes para se fazer na internet, como os podcasts: 96% das pessoas entrevistadas relatou se sentir melhor e mais positiva após ouvir algum podcast, porque isso gera proximidade e traz mais senso de realidade.

Porém, o número de pessoas que prefere ouvir um podcast a se deprimir ou arranjar polêmica em alguma rede social ainda é pequeno. Assustador, não? Mas eu não poderia concordar mais…

Inclusão, feminismo e linguística

Suelen Marcolino / Divulgação

Em comparação ao ano passado, achei que essa edição deu muito mais espaço para mulheres incríveis.

Conheci a Roberta Fofonka na palestra “Quem você está excluindo do seu texto?”, tema que achei sensacional, pois me lembrei das aulas de feminismo e linguística que tive no mestrado, e de como, na época (em 2013), o assunto me pareceu um pouco trivial, exagerado.

Que bom que a gente evolui com o passar dos anos!

Linguagem inclusiva é um assunto que ainda gera muita polêmica, e eu mesma, admito, ainda não consegui encontrar formas de colocar todo mundo no meu texto. O @ já não rola há algum tempo, o x não pode ser lido por deficientes visuais, o “e” confunde… é complicado, mas essencial falar a respeito.

Afinal, já é um avanço ter pessoas um pouco mais conscientes, que percebem quão inadequado é o uso do masculino genérico (“o trabalhador, o sócio, o empregado”) numa sociedade que tanto luta por inclusão.

Também acompanhei a fala da Suelen Marcolino, autoridade do LinkedIn. Ela falou com muita propriedade da realidade que (ainda) vivem as mulheres negras, sobretudo no mercado de trabalho.

Com um domínio de palco admirável e calma na voz, uma fala dela me marcou:

“Se as mulheres e os negros são mais de 50% da população, por que nos julgam minoria? Somos uma maioria minorizada, isso sim”.

Tenho certeza que ela conseguiu tocar muitas pessoas na plateia, e prova disso era o tamanho da fila para chegar até essa mulher assim que a palestra terminou.

Outra que se destacou foi a Nina Silva, diretora do movimento Black Money. Simpática, Nina abordou aspectos da sua trajetória como empreendedora em tecnologia e gestão e também comentou sobre os espaços que as mulheres ocupam. Literalmente, Nina é alguém que nos coloca para pensar fora da caixa.

A era home office

Jacco VanderKooij via Blog Resultados Digitais

Uma palestra que ficou martelando na minha cabeça por vários dias foi a do animado Jacco VanderKooij, criador da Winning By Design.

Na plenária, Jacco ironizou essa onda (bem batida, aliás) das empresas com happy hour e cerveja liberada ao fim do expediente, que investem em mesa de ping-pong, piscina de bolinhas e máquinas de café como pílulas de motivação (detalhe: tudo isso tinha no evento da RD, e sei que essa cultura também existe dentro da empresa, mas só estou reproduzindo o que o maluco no palco falou).

Jacco frisou que o que nós, profissionais criativos, queremos é liberdade: na vida e principalmente no trabalho.

Queremos fazer home office, sim, mas também queremos ir à praia quando a nossa criatividade murchar, queremos que confiem em nós quando dissermos que vamos trabalhar de casa.

Seja como freelancers ou fazendo parte de uma empresa com carteira assinada, o fato é: ninguém quer realmente ficar num escritório todo colorido e divertido, porque isso é mais do mesmo, isso é manutenção do sistema.

Como Piangers também pontuou, aos berros, a real é que:

“Ninguém nasceu pra trabalhar das 8h às 18h, porra!”

Conexões: da rede para a vida real

Beia Carvalho / Divulgação

Em qualquer edição do RD Summit, você pode esperar por muito networking. Acontece sem querer querendo, na fila do banheiro, na saída de uma palestra, pegando um lanche no food truck: conhecer pessoas incríveis por lá é muito fácil.

Esse ano, eu não só conheci pessoas assim, de repente, como também tive a chance de marcar e encontrar alguém do mundo virtual: a Luciane Costa, do Vivendo de Freela. Estávamos assistindo uma palestra futurista da maravilhosa Beia Carvalho e combinamos de nos conhecer assim que acabasse.

Sou fã da Lu há tempos, pois acompanho o blog dela desde 2016, quando comecei a me questionar profissionalmente e querer trabalhar por conta também.

Aliás, esse foi um dos pontos mais legais da palestra que vimos: sabe esse empregão tradicional ao qual você tá tão acostumado aí? Pois é: ele não existirá.

Beia Carvalho confirmou que o negócio será cada vez mais colaborativo no futuro e que emprego certinho não vai ter, mas trabalho, se você quiser, vai ter sim!

Gente disposta a colaborar, a oferecer soluções criativas e diferentes para problemas complexos: esse será o maior desafio do mercado de trabalho do futuro. Inovar não será um diferencial: será óbvio, será o mínimo.

A verdade é que, por mais tecnológico que o futuro possa parecer, não esquecer de nossas habilidades enquanto seres humanos é fundamental.

Martha Gabriel via Blog Resultados Digitais

A palestra da Beia Carvalho me lembrou muito uma frase dita por Martha Gabriel logo no primeiro dia:

“Só humanos robotizados se sentem ameaçados por robôs”.

E não é que é isso mesmo.

Memes no RD Summit: um clássico!

Glória Maria e Gretchen via Blog Resultados Digitais

Para terminar, tivemos a presença de Gretchen e Glória Maria, rainhas dos melhores memes na internet.

Consegui uma foto padrão com a Gretchen, que me recebeu como se eu fosse íntima: “Oi meu amor, tudo bom?” Adoro o jeitão escrachado dela.

Glória Maria fez a gente chorar de rir com uma palestra divertidíssima sobre superação, tirando sarro de si mesma e relembrando suas caras e bocas no telão.

Não sei você, mas eu jamais vou superar essa mulher fumando lá na Jamaica, hahah!

Finalizando…

Foram 3 dias muito intensos. É muito conhecimento de uma vez só, gente! Mas vale a pena, seja você da área de marketing ou não.

Quase posso garantir que só pelo fato de ser humano e, dentre tantas coisas, aprender a se comunicar melhor, você irá gostar. Quer apostar?

E você, já conhecia como funcionava o RD Summit?

Já participou de alguma edição do evento? Divide com a gente nos comentários!

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Florianópolis para freelancers e criativos em geral

Um pedacinho de terra, perdido no mar!…
num pedacinho de terra, beleza sem par!…

Imortalizada como hino da capital de Santa Catarina, a canção do poeta Zininho traduz o sentimento de quem visita a cidade pela primeira vez. Florianópolis atrai principalmente pela variedade de praias e natureza exuberante.

Lagoinha do Leste Florianópolis / Shutterstock

Mas nem só de beleza natural vive a Ilha da Magia: classificada novamente pela ONU como a cidade com o maior índice de desenvolvimento humano, Florianópolis tem se tornado referência quando o assunto é empreendedorismo e inovação, unindo pessoas que desejam mais autonomia em suas carreiras e qualidade de vida (alô, freelancers!).

Embora seja considerada por muitos uma cidade com alto custo de vida, quando comparada a outras capitais, Floripa continua saindo na frente, servindo de exemplo no que diz respeito à educação, trabalho e tecnologia.

Trabalhando como freelancer há pouco mais de 6 meses e habitando a ilha desde 2016, me senti apta a detalhar alguns tópicos que chamam a atenção. Acompanhe comigo as razões que fazem desse pedacinho de terra sinônimo de inspiração.

Tópicos deste artigo

Cultura Local

A cultura local de Floripa é um convite à criatividade e à imaginação. Vale a pena tirar um tempinho para conhecer as histórias de pescador, observando a velha figueira, árvore centenária que fica no meio da Praça XV.

Figueira Praça XV / Shutterstock

Há também diversas lendas sobre bruxas e lobisomens, para não falar dos nomes gracinhas e curiosos que batizam algumas ruas.

Artesanato lindo como herança da colonização portuguesa é aqui mesmo: as mulheres que trabalham com as famosas rendas de bilro ganharam uma avenida só para elas. Hoje, a Avenida das Rendeiras é conhecida pela badalação: há pubs, restaurantes, cafés e botecos do início ao fim.

Aproveite para observar também os movimentos de rua, as manifestações sutis e até mesmo as pichações. No bairro do Rio Tavares, por exemplo, um poste qualquer vira enfeite e lugar para inspirar e refletir.

É possível ver a política discutida e questionada nos muros, dentre tantas outras causas. Chamadas feministas então, tem em tudo quanto é canto (adoro!). Consciência e luta pela sustentabilidade também fazem parte das boas práticas da cidade.

Tenho a nítida sensação de que a ilha não é um lugar para gente conformada.

Eventos, Eventos e mais eventos

Evento / Shutterstock

É de enlouquecer a quantidade de eventos e cursos bacanas que surgem diariamente na cidade.

Seja para o seu desenvolvimento pessoal, seja para expandir seu networking, assistir uma palestra sem dormir, ampliar seus conhecimentos sobre marketing digital ou dar aquele respiro na correria meditando em grupo: tem de tudo um pouco. E vários desses eventos são gratuitos.

Você sempre pode conferir a programação e descobrir alguma coisa inspiradora para fazer aqui.

Segurança

Trânsito Florianópolis / Shutterstock

É verdade que a cidade está crescendo a níveis acelerados e que a ilha já enfrenta problemas devido à superpopulação (como o trânsito, que é um verdadeiro caos).

Ainda assim, a cidade pode ser considerada segura para os moldes brasileiros. Se colocada lado a lado com outras capitais como São Paulo, Salvador e Belo Horizonte, Florianópolis é ainda uma das cidades mais seguras, inclusive para se criar filhos e investir em novos negócios, de acordo com ranking da revista Exame e levantamento da Endeavor 2017.

Como em toda capital, existem regiões mais propensas à violência, mas definitivamente não há aquela sensação de medo e insegurança constante no ar, como já experimentei em outros lugares.

Comida boa (e para todo mundo!)

Peixe assado / Shutterstock

A capacidade de agradar a todos os públicos e paladares é uma espécie de marco na cidade: há muitas opções, desde os clássicos sushi bars, mexicanos, churrascarias até os pratos mais exóticos e orgânicos. Se engana quem acha que só vai encontrar comida de praia e frutos do mar por aqui.

A comida típica, herança dos colonizadores portugueses e açorianos, inclui pastel de berbigão, pirão e tainhas feitas de todas as formas, mas há muito mais para ser explorado.

Como vegetariana e intolerante à lactose, encontrei aqui meu lugar. Em quase todos os supermercados você vai achar um cantinho dedicado ao pessoal com alergias alimentares, por exemplo.

Os food trucks também estão, em sua maioria, atentos ao público com intolerâncias. Maioneses caseiras e veganas? Recomendo sem pensar duas vezes.

E ah, é: o Seu Vagem, primeiro bar vegano do Brasil, está logo ali, na cidade vizinha (Palhoça), a apenas meia hora de distância.

Locais para trabalhar

Coworking / Shutterstock

As opções são muitas! Dividi os locais que conheço por região e por “estilos de vida”, assim fica mais fácil se orientar e descobrir onde você se sente mais à vontade para trabalhar de forma independente, seja por apenas algumas horas ou mesmo contratando um plano mensal em um dos vários coworkings existentes.

Região sul

Ilha do Campeche / Shutterstock

O sossego é aqui. A região sul é conhecida pela rotina tranquila, pessoas pacíficas e com um amor eterno pela natureza, terapias holísticas, surfe e alimentação saudável.

No sul, é possível encontrar uma comidinha vegana, glúten free ou um centrinho de yoga em cada esquina.

Indicada para freelancers mais naturebas e amantes da calmaria.

Aproveite para visitar as praias Campeche, Naufragados, Matadeiro, Armação, Lagoinha do Leste, Solidão.

Onde trabalhar

Dupão: tradicional na cidade, a Dupão é uma padaria aconchegante onde você pode usar o Wi-fi tranquilamente. Serve um pão de queijo sem lactose sensacional. Tem no bairro do Rio Tavares e do Campeche.

Natú: um pequeno espaço com ótimo Wi-fi e ótimos lanches saudáveis. Impossível entrar lá e não ter vontade de devorar tudo.

Pousada Recanto do Campeche: espaço novo, inaugurado no fim de 2017. Oferece planos mensais e está localizado a dois pulos da praia do Campeche.

Impact Hub Sul da Ilha / Multi Open Shopping: será inaugurado em março de 2018. O espaço promete, pois será o primeiro coworking oficial do sul da ilha, com direito a salas de reuniões, praça de alimentação, escritório compartilhado e muito mais. Como moro perto, já fui lá espiar e posso afirmar que tá ficando incrível.

Região norte

Praia do Santinho / Shutterstock

O pessoal de terninho, gravata e a mulherada de salto alto fica mais para esse lado. Mas você também encontra pessoas de estilo alternativo e tênis All Star contrastando com paletós.

É na região norte que se encontra o verdadeiro polo tecnológico da ilha. Há diversas empresas de tecnologia e softwares, centros empresariais, galerias, faculdades etc. Já ouviu falar da Resultados Digitais, realizadora do maior evento de marketing digital da América Latina? Pois é. A sede da empresa fica desse lado da ilha, bem como outras igualmente famosas (Hostgator, Softplan, Cianet, Blueticket e por aí vai).

Indicada para freelancers mais nerds, tecnológicos addicted e agitados.

Aproveite para visitar as praias: Cacupé, Sambaqui, Canasvieiras, Brava, Jurerê, Daniela, Ingleses, Santinho.

Onde trabalhar

Impact Hub: não é apenas mais um espaço de coworking, e sim “uma comunidade de empreendedores interessados em criar um mundo radicalmente melhor”, como eles mesmos se definem. É dos meus lugares favoritos. Você respira criatividade desde a chegada e a infraestrutura é ótima. O pessoal do sul da ilha aguarda ansioso para a inauguração de mais uma unidade do Impact Hub em março de 2018, como falei ali em cima.

Corporate Park: quase na entrada de Santo Antônio de Lisboa, um dos pontos turísticos mais famosos da ilha, encontra-se o Corporate Park, centro empresarial que conta com espaço de coworking, sala para reuniões, jardim e portaria 24h.

Região leste

Lagoa da Conceição / Shutterstock

É aqui que você encontra um dos cartões-postais mais bonitos da cidade: a Lagoa da Conceição. Região cercada de morros, gaivotas, barcos, dunas, esportes e hippies, conta com alguns coworkings bem legais e buena onda para se trabalhar.

Indicada para freelancers mais tranquilos e fãs de chinelo Havaiana. 

Aproveite para visitar as praias: Barra da Lagoa, Mole, Galheta, Moçambique, Joaquina.

Onde trabalhar

O Sítio: um lugarzinho pra lá de simpático, no meio da natureza, que além de disponibilizar salas, impressoras e contar com uma cozinha equipada, também recebe cursos e treinamentos sobre inovação e criatividade.

Para quem curte paisagens e um solzinho na varanda, a possibilidade de trabalhar ao ar livre com uma vista linda para a Mata Atlântica é bastante sedutora.

Rosemary Dream: muito mais do que um hostel que recebe e incentiva profissionais independentes, o espaço é também um centro de empoderamento e autoconhecimento. É aberto uma vez na semana para que você possa visitar e participar de um jantar (pago).

Eles adotam uma dieta vegana e um estilo de vida totalmente focado para que você se torne alguém melhor. Não diria que é bem um coworking, mas já que ser freelancer também envolve desenvolvimento pessoal, não poderia deixá-lo de fora.

Região central

Centro Histórico Florianópolis / Shutterstock

O centro histórico de Florianópolis é bem movimentado, graças ao comércio local e à facilidade de serviços. Há bancos, lojas, praças e restaurantes de todo tipo. Passando pela Avenida Beira-Mar, chega-se facilmente à Trindade, região da UFSC e de coworkings bem estruturados.

Indicado para freelancers que preferem a selva de pedra, comodidades e cenários mais urbanos.

Aproveite para passar mais tempo nos espaços, pois não há praias próximas.

Onde trabalhar

Cool2work: conta com salas de reunião, auditório, copa e está localizado no bairro Itacorubi, próximo a UDESC, uma das melhores universidades estaduais do país.

S7: possui uma pegada mais clean, com direito a deck e preços relativamente acessíveis. S7 também se orgulha de ser o primeiro membro brasileiro da LExC—The League of Extraordinary Coworking Spaces, uma rede independente de 89 espaços em 43 cidades nos 5 continentes. E ah! Você pode agendar uma visita grátis para conhecer e passar o dia no local.

Vilaj: muito bem localizado, a dois toques da UFSC. Possui salas compartilhadas, impressoras, copa e estacionamento para bikes. Também dá direito a experimentar por um dia todo, grátis.

Há outros lugares legais para se trabalhar, inclusive na parte continental, atravessando a ponte, mas preferi focar no lado de cá, afinal, deslocamento custa tempo, tempo custa dinheiro e a ponte (ainda!) é uma só.

Bônus

Melhor que um ambiente inspirador para desenvolver as nossas ideias e projetos é encontrar pessoas igualmente inspiradoras no caminho.

Não acreditei quando descobri que o casal que mais admiro no ramo do trabalho independente mora aqui em Floripa. Sim: Jaque Barbosa e Eme Viegas, criadores dos portais Nômades Digitais e Hypeness, inspiração para milhares de freelancers, são meus vizinhos de bairro. Quando não estão viajando, estão nas praias da região sul, postando fotos lindas de cachoeiras e outros cantinhos da ilha (sou fã e stalkeio mesmo!).

Além disso, eles também são parceiros do Rosemary Dream, citado anteriormente, onde já deram palestras sobre empreendedorismo e como não desistir dos nossos sonhos de trabalhar em casa ou de qualquer lugar do mundo.

E aí… convenci você?

Concluindo

Beira Mar Norte Florianópolis / Shutterstock

Floripa é toda linda e está cheia de oportunidades para quem quer crescer como profissional e aproveitar ao máximo o lugar. No meio da rotina, cada cantinho que a gente descobre é capaz de desembocar no mar e nos fazer sentir privilegiados.

É uma boa cidade para exercitar a sua busca por mais equilíbrio e qualidade de vida, sem deixar de lado as aspirações profissionais.

E vale avisar: uma vez experimentando tudo que a cidade pode oferecer, há chances de você não querer mais sair daqui. Pelo menos é o que acontece comigo há quase dois anos, diariamente.

jamais a natureza
reuniu tanta beleza
jamais algum poeta
teve tanto pra cantar…!

[Rancho de Amor à Ilha – Poeta Zininho]

Você já conhecia todo o potencial da Ilha da Magia?

Tem alguma dúvida sobre a capital? Me conta nos comentários que eu quero saber!

 

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