O que rolou no RD Summit 2018

O que rolou no RD Summit 2018

Ficou de fora do maior evento de Marketing Digital e Vendas da América Latina? Vem ver o que rolou por lá. E já se prepare para o próximo!
  Por Paty Cozer
Glória Maria no palco

RD o quê?

Na primeira semana de novembro aconteceu o RD Summit 2018, em Florianópolis. Para quem não sabe, RD é a sigla da maior empresa de marketing digital da América Latina, a Resultados Digitais. “Summit” é só um complemento, do inglês “topo” ou “cume” – o que de alguma forma, faz sentido.

Fui pela primeira vez ao evento ano passado, por conta própria, arrancando os cabelos e parcelando a perder de vista. Este ano, também compareci, mas a convite do Henrique <3.

Conhecido como a “Disneylândia do marketing digital”, o RD Summit vem atraindo a cada ano mais pessoas desde a sua primeira edição, em 2013. Conversando com uma das organizadoras, soube que este ano passaram pelo local cerca de 12 mil pessoas e que para o ano que vem são esperadas pelo menos 15 mil.

Público via Blog Resultados Digitais

De 2013 pra cá, o projeto cresceu 26 vezes o seu tamanho. De 300 profissionais que ouviam algumas palestras numa salinha de convenções, hoje são contabilizados 8 mil, que chegam de todos os cantos do país, para não falar das 12 trilhas de conteúdo simultâneas e dos 150 palestrantes – nacionais e internacionais! – espalhados por todo o Centro Sul durante os 3 dias.

É absurda a proporção que o evento ganha a cada ano que passa… e você já vai descobrir porque.

O RD Summit não é só um evento de marketing

Vejo que, a cada ano, há uma espécie de tema-chave do evento.

Ano passado a coisa estava muito em cima da automatização de processos e de como podíamos contar com os robôs que chegavam no mercado digital. Os famosos chatbots de hoje eram o tema de ontem e até o fim de 2017, ainda causavam uma certa estranheza.

É impressionante perceber como as coisas mudam em apenas um ano.

Nesta edição, eu diria que o tema-chave do RD foi justamente “acalmar” o fuzuê causado em torno da chegada dos robôs e da inteligência artificial ao mercado de trabalho.

Não que isso já não existisse: é só que, em 2018, ficou evidente.

Por isso, observei que “conexão” era a palavra da vez. Pediram muito que a gente não se esquecesse do quão humanos somos. Falaram de tecnologia sim, falaram de automação e de um futuro mais ágil, mas, de modo geral, dá-lhe humanização.

Como na edição passada, apesar do tema-chave, rola de tudo um pouco. As trilhas de conteúdo se dividem em muitas outras, categorizadas em marketing para iniciantes, marketing avançado, marketing e outros conceitos e por aí vai.

Acompanhei palestras sobre os mais diferentes assuntos, porque, ao contrário do que se pensa, o RD não é só um evento de marketing. Eu diria até que ele não é só um evento para marketeiros: é para qualquer pessoa que se interessa por questões relevantes para a sociedade e o mercado de trabalho em si, como feminismo, inclusão, criatividade, autoconhecimento, flexibilidade, inovação e produtividade.

Muita palestra, pouco tempo!

Alguém já disse antes que quanto mais opções temos, mais angustiados ficamos. Isso é bem verdade para um evento do porte da RD.

São várias palestras ocorrendo simultaneamente, então é preciso filtrar.

No aplicativo do evento, marquei as que me interessavam mais. Confesso que não sou muito fã de coisa técnica, costumo ignorar números e dados estatísticos (sou de Letras, gente!), portanto eu era sempre atraída pelo que me parecia mais… humanizado.

Dentre tanta coisa, vou destacar em tópicos o que mais me chamou a atenção.

Precisamos falar sobre algoritmos

Marcos Piangers via Blog Resultados Digitais

Eu não tive dúvidas da primeira palestra que iria assistir: “A diferença que você faz no mundo”, do Marcos Piangers, um escritor que consegue me tirar do óbvio e falar de tecnologia e humanidade com muito bom humor.

Piangers colocou todo mundo pra pensar quando afirmou que já entregamos nossas vidas para os algoritmos.

Sim, aqueles mesmo, que polemizam as redes sociais, que controlam nossa base de dados no Facebook, que rastreiam nossos desejos, que escutam nossa voz (ou você realmente acha que o fato de aparecer cumbuca em oferta aí na sua tela, logo depois de você ter comentado isso em voz alta, é mera coincidência?).

De uma forma amorosa e ao mesmo tempo raivosa (não me perguntem como!), Piangers escancarou quão viciados estamos, quão dependentes da tecnologia estamos.

Disse que não é de estranhar que o número de suicídios tenha aumentado e a depressão também: nos comparamos o tempo todo e passamos 3x mais tempo olhando para telas do que para as pessoas que convivem conosco.

Achei interessante que ele citou a nossa preferência pelo que faz mal. Nós sabemos que passar muito tempo só rolando o feed do Instagram, por exemplo, pode nos colocar pra baixo, de alguma forma. Mas a gente continua lá.

Uma pesquisa citada por ele mostrou que há diversas atividades melhores e mais interessantes para se fazer na internet, como os podcasts: 96% das pessoas entrevistadas relatou se sentir melhor e mais positiva após ouvir algum podcast, porque isso gera proximidade e traz mais senso de realidade.

Porém, o número de pessoas que prefere ouvir um podcast a se deprimir ou arranjar polêmica em alguma rede social ainda é pequeno. Assustador, não? Mas eu não poderia concordar mais…

Inclusão, feminismo e linguística

Suelen Marcolino / Divulgação

Em comparação ao ano passado, achei que essa edição deu muito mais espaço para mulheres incríveis.

Conheci a Roberta Fofonka na palestra “Quem você está excluindo do seu texto?”, tema que achei sensacional, pois me lembrei das aulas de feminismo e linguística que tive no mestrado, e de como, na época (em 2013), o assunto me pareceu um pouco trivial, exagerado.

Que bom que a gente evolui com o passar dos anos!

Linguagem inclusiva é um assunto que ainda gera muita polêmica, e eu mesma, admito, ainda não consegui encontrar formas de colocar todo mundo no meu texto. O @ já não rola há algum tempo, o x não pode ser lido por deficientes visuais, o “e” confunde… é complicado, mas essencial falar a respeito.

Afinal, já é um avanço ter pessoas um pouco mais conscientes, que percebem quão inadequado é o uso do masculino genérico (“o trabalhador, o sócio, o empregado”) numa sociedade que tanto luta por inclusão.

Também acompanhei a fala da Suelen Marcolino, autoridade do LinkedIn. Ela falou com muita propriedade da realidade que (ainda) vivem as mulheres negras, sobretudo no mercado de trabalho.

Com um domínio de palco admirável e calma na voz, uma fala dela me marcou:

“Se as mulheres e os negros são mais de 50% da população, por que nos julgam minoria? Somos uma maioria minorizada, isso sim”.

Tenho certeza que ela conseguiu tocar muitas pessoas na plateia, e prova disso era o tamanho da fila para chegar até essa mulher assim que a palestra terminou.

Outra que se destacou foi a Nina Silva, diretora do movimento Black Money. Simpática, Nina abordou aspectos da sua trajetória como empreendedora em tecnologia e gestão e também comentou sobre os espaços que as mulheres ocupam. Literalmente, Nina é alguém que nos coloca para pensar fora da caixa.

A era home office

Jacco VanderKooij via Blog Resultados Digitais

Uma palestra que ficou martelando na minha cabeça por vários dias foi a do animado Jacco VanderKooij, criador da Winning By Design.

Na plenária, Jacco ironizou essa onda (bem batida, aliás) das empresas com happy hour e cerveja liberada ao fim do expediente, que investem em mesa de ping-pong, piscina de bolinhas e máquinas de café como pílulas de motivação (detalhe: tudo isso tinha no evento da RD, e sei que essa cultura também existe dentro da empresa, mas só estou reproduzindo o que o maluco no palco falou).

Jacco frisou que o que nós, profissionais criativos, queremos é liberdade: na vida e principalmente no trabalho.

Queremos fazer home office, sim, mas também queremos ir à praia quando a nossa criatividade murchar, queremos que confiem em nós quando dissermos que vamos trabalhar de casa.

Seja como freelancers ou fazendo parte de uma empresa com carteira assinada, o fato é: ninguém quer realmente ficar num escritório todo colorido e divertido, porque isso é mais do mesmo, isso é manutenção do sistema.

Como Piangers também pontuou, aos berros, a real é que:

“Ninguém nasceu pra trabalhar das 8h às 18h, porra!”

Conexões: da rede para a vida real

Beia Carvalho / Divulgação

Em qualquer edição do RD Summit, você pode esperar por muito networking. Acontece sem querer querendo, na fila do banheiro, na saída de uma palestra, pegando um lanche no food truck: conhecer pessoas incríveis por lá é muito fácil.

Esse ano, eu não só conheci pessoas assim, de repente, como também tive a chance de marcar e encontrar alguém do mundo virtual: a Luciane Costa, do Vivendo de Freela. Estávamos assistindo uma palestra futurista da maravilhosa Beia Carvalho e combinamos de nos conhecer assim que acabasse.

Sou fã da Lu há tempos, pois acompanho o blog dela desde 2016, quando comecei a me questionar profissionalmente e querer trabalhar por conta também.

Aliás, esse foi um dos pontos mais legais da palestra que vimos: sabe esse empregão tradicional ao qual você tá tão acostumado aí? Pois é: ele não existirá.

Beia Carvalho confirmou que o negócio será cada vez mais colaborativo no futuro e que emprego certinho não vai ter, mas trabalho, se você quiser, vai ter sim!

Gente disposta a colaborar, a oferecer soluções criativas e diferentes para problemas complexos: esse será o maior desafio do mercado de trabalho do futuro. Inovar não será um diferencial: será óbvio, será o mínimo.

A verdade é que, por mais tecnológico que o futuro possa parecer, não esquecer de nossas habilidades enquanto seres humanos é fundamental.

Martha Gabriel via Blog Resultados Digitais

A palestra da Beia Carvalho me lembrou muito uma frase dita por Martha Gabriel logo no primeiro dia:

“Só humanos robotizados se sentem ameaçados por robôs”.

E não é que é isso mesmo.

Memes no RD Summit: um clássico!

Glória Maria e Gretchen via Blog Resultados Digitais

Para terminar, tivemos a presença de Gretchen e Glória Maria, rainhas dos melhores memes na internet.

Consegui uma foto padrão com a Gretchen, que me recebeu como se eu fosse íntima: “Oi meu amor, tudo bom?” Adoro o jeitão escrachado dela.

Glória Maria fez a gente chorar de rir com uma palestra divertidíssima sobre superação, tirando sarro de si mesma e relembrando suas caras e bocas no telão.

Não sei você, mas eu jamais vou superar essa mulher fumando lá na Jamaica, hahah!

Finalizando…

Foram 3 dias muito intensos. É muito conhecimento de uma vez só, gente! Mas vale a pena, seja você da área de marketing ou não.

Quase posso garantir que só pelo fato de ser humano e, dentre tantas coisas, aprender a se comunicar melhor, você irá gostar. Quer apostar?

E você, já conhecia como funcionava o RD Summit?

Já participou de alguma edição do evento? Divide com a gente nos comentários!

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 Publicado em 27/11/2018 Atualizado em 17/12/2018
Paty Cozer Profissional de Letras se aventurando no universo freelancer. Revisora de textos e produtora de conteúdo que se divide entre escrever, viajar e afofar todos os bichanos que encontra por aí.
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