“Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um dia na vida”. Quem diria que a frase atribuída a Confúcio há mais de 2.000 anos fosse ficar tão famosa nas discussões sobre empreendedorismo e estilo de vida atuais.
Mesmo sabendo da importância da obra do filósofo chinês, prefiro deixar essa frase datada no tempo e na cultura onde foi dita, e dividir com vocês leitores do Aparelho Elétrico um pouco da minha trajetória – que já dura 10 anos – ao transformar minha paixão no meu trabalho.
Nesse artigo eu resumo 10 anos de erros, acertos, de muita resiliência e satisfação em fazer parte de um projeto de longo prazo. E claro, com algumas dicas que espero que possam ajudar você que também pensa em transformar a sua paixão em trabalho.
Começando sem saber que está começando
Minha paixão é andar de bicicleta. Comecei quando criança, em uma monareta azul ainda com rodinhas. Desde então, a bicicleta me acompanhou pra escola, à faculdade, ao trabalho e em viagens pelo Brasil e pelo mundo.
Recomendo a todos a sensação maravilhosa de ser o seu próprio motor e experimentar a liberdade em duas rodas.
A bicicleta já ocupava uma parte importante da minha vida quando decidi, em 2009, criar um blog sobre o assunto.
E ele começou com a única intenção de ser o que era: um blog pessoal. Os textos eram bem intimistas e sem o menor compromisso com as regras de SEO. O nome deixaria de cabelo em pé os especialistas em marketing: Até Onde Deu pra Ir de Bicicleta.
No começo o blog era lido basicamente pelos meus familiares e amigos próximos. Mas à medida que foi crescendo, comecei e receber emails e comentários de pessoas de todo o Brasil e do mundo.
Aquilo abriu minha cabeça pra um mundo de novas possibilidades. Eu poderia ter uma troca de experiências em uma escala muito maior do que a da sala de aula, que era o meu local de trabalho. Foi ali que decidi (ainda sem saber como) que queria levar a coisa a sério.
Investindo (MUITO) pra fazer dar certo
Eu não sabia nada sobre produção de conteúdo para internet. Muito menos sobre administração e empreendedorismo. Minha carreira profissional foi toda voltada para a área acadêmica: graduado em Educação Física, com mestrado e doutorado em História. Mas adorava escrever no blog.
Em 2011, saio da hospedagem gratuita para meu domínio próprio (.com.br) com a ajuda preciosa de uma agência de marketing de um amigo. Foi com eles que aprendi as primeiras coisas sobre SEO, analytics e monetização.
À medida em que ia aprendendo, ia também implementando as ideias. Os investimentos eram pequenos, e a satisfação em ver o site crescendo era enorme.
A grana que eu gastava com o site vinha do meu emprego formal: 40 horas como professor e coordenador de curso em uma faculdade particular de Belo Horizonte. O salário era bom
e me permitiu fazer muita coisa.
De 2012 até 2018 os investimentos aumentaram exponencialmente, como qualquer hobbie que você começa a levar a sério. Posso dizer que acompanhei e experimentei um pouco de
tudo que rolava sobre marketing digital nesse período.
Alguns investimentos que fiz no meu negócio digital
- Facebook Ads: eu sei, falar sobre isso hoje parece absurdo. Mas já foi moda;
- Mudanças de layout: sempre contratando agências para fazê-lo;
- Mudanças na empresa de hospedagem: não tem nada que chateia mais quem tem um site do que ver ele fora do ar;
- Loja virtual: tive duas em momentos diferentes do blog;
- Google Adwords: em alguns momentos para a loja do blog;
- CRM de marketing: para email marketing, automações e geração de leads;
- Consultorias: fiz duas sobre marketing digital, e gostei muito;
- Redatores: para produção de alguns conteúdos específicos;
- Me tornei microempreendedor individual;
- Mais recentemente, por força da legislação para o serviço de afiliados, me tornei uma empresa.
Mas pra um negócio dar certo, os investimentos tem que dar retorno, e junto com eles fui experimentando estratégias de monetização, que são basicamente as mesmas ensinadas em diversos conteúdos sobre “como ganhar dinheiro com a internet”.
Minhas estratégias de monetização para um site de conteúdo
- Tenho um mídia kit onde ofereço serviços relacionados a anúncios e produção de conteúdo;
- Trabalho com marketing de afiliados;
- Desenvolvi alguns produtos e serviços próprios, em momentos diferentes do site.
Essas ações trouxeram retorno financeiro, mas nunca suficientes para terminar o ano no azul. E foi assim desde 2012 até 2018.
Mas o site ia crescendo e eu fui aprendendo com erros e acertos durante todos esses anos. Percebi que era a hora de dar um passo importante.
Largando as rodinhas e aprendendo a pedalar sozinho
Nos últimos anos eu já vinha pensando em reduzir a minha carga de trabalho formal para me dedicar mais ao site.
A mudança – pensada pra ser gradativa – aconteceu de uma vez só e de forma inesperada: fui demitido em julho de 2018, e aproveitei essa oportunidade para, pela 1ª vez em 10 anos,
me dedicar exclusivamente ao site.
Como perder minha fonte de renda formal afetou o meu negócio
Do ponto de vista financeiro: precisei me reorganizar completamente. Troquei serviços e ferramentas pagas por gratuitas, cortei todos os investimentos possíveis e passei a operar com o básico. Pra minha satisfação, tenho operado no limite, mas posso dizer que o site está se pagando pela primeira vez, às vésperas de completar 10 anos.
Do ponto de vista da produtividade: posso afirmar que nunca produzi tanto. Consegui aumentar a produção de conteúdo para o site e ainda produzir conteúdo regularmente para o Instagram e o canal do YouTube.
Do ponto de vista pessoal: estou vivendo o sonho de me dedicar integralmente a esse que é mais do que meu trabalho, é um projeto de vida. E agora com mais tempo pra pedalar!
O que aprendi em 10 anos de produção de conteúdo para a internet
Em uma análise superficial, poderia dizer que perdi tempo e dinheiro em ações variadas sem o devido foco. Mas vendo de onde comecei e tudo que tenho vivido e aprendido, vejo que essa trajetória foi fundamental pra minha formação pessoal e como empreendedor.
Resumi os principais aprendizados em algumas dicas, espero que possam ser úteis na sua trajetória como empreendedor.
5 dicas para transformar sua paixão em trabalho
Estude e planeje de forma contínua
Por mais que eu tenha começado de forma instintiva e sem um objetivo claro e definido, ao longo dos anos investi bastante em aprendizado e planejamento. Atualmente traço metas de curto, médio e longo prazo, e tiro sempre um tempinho pra avaliar como estou indo.
Encare os números
Quando comecei a investir mais no site passei a registrar tudo em uma planilha de orçamento. No primeiro ano, parei de registrar em maio, assustado com o tanto que gastava. Retomei no ano seguinte encarando a realidade e registrando tudo desde então. Transformar a paixão em trabalho é lindo, mas tem que ser também sustentável financeiramente.
Não brigue com os gigantes
Eu sempre escutei que tinha que investir no meu site porque ele era meu, ao contrário das redes sociais, que poderiam acabar e com elas todo o meu conteúdo. Isso é verdade. Mas também é verdade que elas tem um potencial enorme pra alavancar os seus negócios. Eu demorei muito tempo pra investir no Instagram e no YouTube, que hoje me trazem boa visibilidade.
Tenha um propósito
Isso está em muitos livros sobre empreendedorismo. O propósito é o seu motivo pra fazer algo, e deve vir antes de ganhar dinheiro. Eu sempre tive um propósito,
que escrevi à caneta em um caderno: “inspirar pessoas através de estilos de vida ativos, conexões reais, autoconhecimento e trocas de experiências através da bicicleta”. A razão por continuar tanto tempo em um projeto que não dava retorno financeiro é a satisfação em cumprir o seu propósito.
Seja resiliente
O combo “trabalhar com produção de conteúdo pra internet + ser um microempreendedor” vai trazer muitos desafios e dificuldades. Permanecer apesar delas vai te fazer colher os melhores frutos, que levam mais tempo para amadurecer.
…
Com essas dicas eu me despeço e deixo também um convite. Eu ia adorar conhecer mais pessoas que conseguiram transformar sua paixão em trabalho, ouvindo suas experiências e aprendizados. Você é uma delas? Vamos continuar esse papo aqui nos comentários desse post :)
Este post foi escrito por um autor convidado. Todas as informações contidas no texto são de responsabilidade do seu autor e não, necessariamente, refletem a opinião do site.
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