Você já parou para pensar em como a economia e seu vício no smartphone estão relacionados? Provavelmente, não. Mas foi isso o que fez o economista e escritor Tim Harford, que descreveu seus experimentos em um artigo no jornal Financial Times (paywall). Utilizando conceitos do campo da economia comportamental, ele conseguiu entender seus hábitos e eliminá-los do seu dia a dia.
A primeira teoria aplicada por ele foi o “efeito dotação”, que se refere à tendência que temos de supervalorizar algo pelo simples fato de nos pertencer. Isso faz com que tenhamos dificuldade em renunciar certos objetos. Nesse sentido, ele reavaliou seus hábitos digitais por meio de uma pausa temporária, um “detox” que promoveu uma ressignificação do uso do smartphone. Além disso, Harford excluiu vários aplicativos denominados como “distrações”.
Por meio do conceito de “custo de oportunidade”, o economista descreve a máxima de que cada escolha representa, também, uma renúncia. “Se você decidir ir a uma palestra noturna, também está decidindo não estar em casa lendo uma história para dormir”, explicou. Para ele, esta é uma das ideias mais importante e mais incompreendidas da economia. Na prática, essa teoria o levou a preencher seu tempo com outras atividades, como fazer exercícios, sair com amigos e escrever.
A noção de que costumamos trocar o “mais difícil pelo mais fácil” fez com que Harford instalasse um plugin de bloqueio em seu computador, que o impede de acessar sites como o YouTube quando ativado. Pela lógica dos “benefícios de transbordamento”, ele percebeu que quanto mais desinstalava aplicativos desnecessários, menos a tendência de pegar o telefone se manifestava.
Por fim, o escritor conduziu seu experimento de modo que pudesse “adaptar eventos” para permanecer vigilante e compreender os contextos. Grande parte do período de detox, por exemplo, ocorreu no fim de ano, quando ele podia passar mais tempo com a família e amigos e menos tempo preocupado com o trabalho. “Faz sentido ficar fora do Twitter enquanto estiver escrevendo um livro; menos sentido, talvez, enquanto o estiver divulgando”, concluiu.
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