Uma das principais razões das mudanças climáticas é o excesso de CO2 (gás carbônico) na atmosfera. Essa realidade abriu caminho para a criação de tecnologias voltadas à captura, filtragem e armazenamento subterrâneo do gás. No entanto, uma nova possibilidade começa a ganhar evidência: o uso do CO2 capturado da atmosfera para compor bebidas gaseificadas, como águas e refrigerantes.
A primeira empresa do ramo a usar a tecnologia é a Valser, uma marca de água com gás da Suíça, que faz parte do portfólio da Coca-Cola. A experiência é um resultado da parceria entre a indústria de engarrafamento Coca-Cola HBC Switzerland com a Climeworks, uma das pioneiras do mundo em captura de dióxido de carbono direto do ar.
A startup desenvolveu uma máquina formada por contêineres empilhados que usa sua tecnologia para puxar o ar e, em seu interior, filtrar o CO2, como uma árvore ultrapoderosa. Quando o filtro está cheio, o coletor se aquece e libera o gás em sua forma pura, podendo ser armazenado embaixo da terra ou usado por fabricantes. A tecnologia já foi testada por uma estufa, que usou o CO2 para acelerar o crescimento de suas plantas. A indústria de bebidas é o passo seguinte.
“A indústria de bebidas está entre os pouquíssimos mercados usando CO2 atualmente”, comentou o cofundador e diretor da startup, Christoph Gebald, à repórter Adele Peters, da FastCompany. Ao ser colocado nas bebidas, o gás volta para a atmosfera. Por isso, a medida não se iguala ao armazenamento subterrâneo. No entanto, ela pode ser uma maneira de escalar a tecnologia.
A demanda global para a indústria alimentícia é de cerca de 6 milhões de toneladas de CO2 ao ano. Enquanto isso, segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, é preciso remover 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, todos anos durante este século, para ajudar a prevenir os piores impactos das mudanças climáticas.
“A indústria das bebidas é a ponte entre o mercado inexistente de hoje para permitir que possamos diminuir a curva de custos e industrializar a nossa tecnologia. […] É a ponte que faltava entre startups e, um dia, a escala relevante para remover carbono do ar”, disse Gerald. Outras aplicações para o CO2 extraído da atmosfera estão chegando ao mercado, como a fabricação de combustível neutro ou concreto para produzir plástico, sapatos e até ração para peixes.
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