Como é a vida online na China, Cuba, Índia e Rússia?

Como é a vida online na China, Cuba, Índia e Rússia?

Reportagem ilustrada do The Guardian mostra as particularidades do acesso à internet nesses quatro países
  Por Giovanna Beltrão
Foto: Pexels

Atualmente, mais da metade da população mundial tem acesso à internet. Mas isso não significa que a experiência de estar online seja igual nos quatro cantos do mundo. Em uma reportagem ilustrada, o jornal britânico The Guardian fez uma compilação das principais peculiaridades do uso da rede na China, Cuba, Índia e Rússia. As diferenças vão desde a filtragem governamental de termos de pesquisa considerados “sensíveis” até a entrega de conteúdo digital pessoalmente.

A Índia é um dos países com mais smartphones do mundo, o que coloca sua experiência de internet majoritariamente no universo móvel. Lá, estão registrados mais de 200 milhões de usuários do WhatsApp, especialmente na porção classe média baixa da sociedade indiana. “Neste país, mais de 50% das pessoas são analfabetas funcionais. O WhatsApp permite que elas interajam em texto, áudio, imagens, usando emoticons”, afirma Osama Manzar, da Digital Empowerment Foundation, que trabalha com o objetivo de ampliar o alcance da internet nas aldeias mais remotas da Índia.

O uso do aplicativo de mensagens tem, no entanto, trazido algumas consequências negativas para os indianos, como o alastramento acelerado de fake news. Em 2018, por exemplo, houve uma série de linchamentos em resposta a falsas reportagens sobre estranhos atacando crianças no país. Mesmo com a polícia refutando os rumores, muitas pessoas ainda acreditam neles. Por outro lado, o WhatsApp também é usado pelos indianos para divulgar pronunciamentos de autoridades e colocar médicos em contato com estudantes de medicina em áreas remotas.

Caso isolado

Na China, a internet é um caso isolado do resto do mundo. Google, Facebook, Twitter e BBC são bloqueados no país. E até o The Guardian é barrado de tempos em tempos. Lá, 800 milhões de pessoas estão conectadas e usam versões chinesas de aplicativos, sites, jogos e serviços online, como Wechat (mensagens), Meituan (entrega de comida), Alipay (filmes e séries sob demanda) etc.

“É muito diferente da internet do resto do mundo… Existe todo esse outro universo por aí. Com jogos, [a plataforma de e-commerce] Taobao, Wechat e assim por diante. […] Não é um grupo de pessoas sedento por informação e que quer ser libertado”, explica Lokman Tsui, professor de Jornalismo na Universidade Chinesa de Hong Kong.

Por outro lado, desde o fim dos anos 90, a China vem limitando o acesso completo de seus usuários ao resto do mundo por meio do Grande Firewall, que bloqueia endereços de IP e domínios e inspeciona dados enviados ou recebidos. Além disso, posts com palavras consideradas “sensíveis” pelas autoridades são bloqueados constantemente.

HD externo e apps locais

Em Cuba, o acesso à internet é limitado. Mas, se você não pode chegar até ela, ela pode chegar até você, fisicamente. A medida é conhecida como “el paquete semanal” ou “o pacote semanal”, um HD externo com milhares de horas de conteúdo de mídia que é entregue aos clientes por “fornecedores” como Alberto Jorge, de 34 anos. “Com o pacote você escolhe o que assistir e quando vai assisti-lo”, conta o empreendedor, que entrega as unidades pessoalmente nas casas em Havana para que as pessoas copiem os arquivos que desejam consumir.

Na Rússia, apesar de Google e Facebook não serem bloqueados, o governo local incentiva e promove o uso de softwares de companhias locais, como o Yandex (que substitui o Google), o Mail.Ru para e-mails e o Vkontakte (que substitui o Facebook). O governo russo faz isso para que o país tenha os benefícios econômicos do uso de tecnologias próprias e para que os dados dos usuários desses produtos fiquem armazenados em seu território, onde podem ser acessados juridicamente.

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 Publicado em 25/01/2019 Atualizado em 13/03/2019
Giovanna Beltrão Jornalista. Mestra em Jornalismo. Especialista em Processos e Produtos Criativos. Trabalha com Comunicação desde 2007. Se interessa por cultura, tecnologia, viagens e gastronomia. Acha estranho escrever sobre si mesma na 3ª pessoa.
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