Músicos nunca tiveram tantas maneiras de monetizar seu trabalho. No entanto, “ganhar dinheiro com música” ainda parece algo fora de alcance para muitos. Nos Estados Unidos, estima-se que o músico médio ganha 25 mil dólares por ano, sendo que a maior parte do montante vem de shows ao vivo. Esse foi o tema do painel organizado pela The Verge na Winter Music Conference, que ocorreu no final de março, em Miami.
O debate reuniu o advogado de música, Kurosh Nasseri; o CEO do aplicativo de distribuição de música Amuse, Diego Farias; o gerente de relações com o artista do SoundCloud, Nick Tsirimokos; e o vice-presidente de relações com artistas do marketplace Dubset, Clark Warner. Os convidados traçaram algumas atitudes essenciais para que músicos autônomos consigam se sobressair na indústria.
Segundo Nasseri, é importante pensar em aspectos legais e entediantes com antecedência, pois muitos músicos imergem no processo criativo sem considerar como os títulos e porcentagens funcionarão quando a música estiver pronta. “Tenha um pedaço de papel onde você diz quem fez o quê e o percentual que cada pessoa recebe. Inúmeras vezes vi mal-entendidos de conversas que acontecem na sala mudarem e afetarem os pagamentos que alguém recebe. Apenas tenha um pedaço de papel, faça todos assinarem e tire uma foto” comentou.
Outro ponto importante é saber como coletar royalties depois que a música é lançada. E, além disso, conhecer as estratégias de cada plataforma de distribuição. “A estratégia para ter sucesso no SoundCloud não é a mesma para ter sucesso na Apple Music ou no Spotify”, disse Tsirimokos. “[…] O SoundCloud é grande em interação social. Nosso algoritmo é mais informado por comentários. Então, quanto mais você puder dar ao algoritmo marcando faixas ou seguindo pessoas, melhor ele será em sugerir seu perfil para outras pessoas interessadas no que você faz. Se você apenas sentar e relaxar, não conseguirá o mesmo resultado”, continuou.
De acordo com o projeto Future of Music Coalition, músicos dos Estados Unidos têm 42 formas diferentes de gerar receita. Entre elas estão opções como a venda de merchandising, produzir música para outros artistas e financiamento coletivo. Tsirimokos alerta, no entanto, que cada adição de fonte de renda exige tempo e, por isso, sugere redirecionar ou obter uma quilometragem extra de um trabalho já feito. “Os pacotes de amostras são uma maneira inteligente de gerar receita adicional”, exemplificou.
Por fim, os palestrantes sugerem ter atenção total a contratos. Segundo eles, o ideal é ter o aconselhamento de um advogado. Mas, como muitos músicos autônomos não podem custear o serviço, é importante mostrar o contrato para pessoas de confiança e fazer quantas perguntas forem possíveis antes de assinar.
Para Farias, é fundamental aprender e entender o lado dos negócios. “Há o lado criativo, no qual os artistas naturalmente se destacam, e o lado de trás, que é todo o negócio. Você tem que levar o lado dos negócios a sério, porque, caso contrário, você vai ter problemas de esquerda, direita, frente, centro. Vejo que as pessoas aceitam piores ofertas do que as oferecidas porque, fundamentalmente, não entendem o lado comercial da indústria em que operam”, argumentou.
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