Quando contei para os amigos e a família que tinha planos de passar três meses com meu lap top em Tel Aviv, as opiniões se dividiram.
Os mais religiosos ficaram bem felizes com a notícia, afinal, eu estaria vivendo em nada menos do que a Terra Santa!
Já para os não tão religiosos assim, a ideia de ir viver por um tempo no Oriente Médio soava um tanto quanto assustadora. “Mas, você não tem medo de terrorismo?”, muitos me diziam.
Porém, Tel Aviv é uma das cidades mais seguras e cheias de hospitalidade que já estive. Embora eu não soubesse muito o que esperar de Israel, transportar minha vida de freelancer para lá temporariamente não me parecia um problema. Ainda mais depois de ver esse vídeo aqui:
De fato, Tel Aviv me surpreendeu e me encheu de vida! Para quem deseja aportar seu laptop por lá, com direito a muito homus e vista para o Mediterrâneo, vão aí algumas dicas!
Bom, a primeira coisa que mais me chamou a atenção na cidade é a presença do Exército na rua. São jovens, homens e mulheres, armados por todos os lados. Andar de farda em Tel Aviv é algo tão corriqueiro que em pouco tempo você acaba se acostumando.
Para mim, o maior impacto foi ver tantas mulheres fardadas e armadas pelas ruas. Algo que soa incomum, especialmente para quem veio do Brasil, onde somente os homens servem o Exército.
Em Israel, o serviço militar é obrigatório e dura 3 anos para os homens e 2 anos para as mulheres. Depois desse período, as mulheres servem na reserva até os 24 anos, enquanto os homens devem servir até os 40.
A presença do Exército nas ruas pode soar um pouco amedrontadora. Porém, Tel Aviv é extremamente segura e aos poucos você se acostuma com a paisagem de fardas e vai entendendo que a cidade é uma espécie de miolo de paz no meio das fronteiras conflituosas do país.
Para quem não sabe, a relação de Israel com o Líbano, Egito e Síria são meio, digamos, tensas. A única fronteira aberta do país é com a Jordânia.
Encontrar um lugar para morar em Tel Aviv não é das coisas mais simples. Embora o Shekel (moeda israelense) custe menos do que 1 Real, o custo de vida na cidade é alto e, consequentemente, os aluguéis também não são baratos.
Para conseguir aluguéis acessíveis, é preciso morar bem afastado do centro da cidade e como o sistema de transporte público não é dos melhores, acredito que essa não seja a melhor opção.
Tenho um grande amigo que mora em Tel Aviv e durante três meses morei em seu apartamento.
Para quem deseja alugar algum lugar para passar um tempo, além das opções tradicionais como o Airbnb…
eu recomendo o Secret Tel Aviv, um grupo no Facebook onde, vira e mexe, aparecem boas oportunidades para aluguel de apartamentos e quartos um pouco mais acessíveis, além de propostas de compartilhamento de casas.
De repente você troca seu teto daqui, por um teto por lá… Por que não, não é mesmo?
O custo de vida em Tel Aviv, como falei, é alto.
O aluguel de um quarto custa em torno de R$ 2.500,00 e um prato comum em um restaurante não sai muito menos do que R$ 50,00.
O que não significa que você não consiga levar uma vida barata por lá. Para mim, o segredo da economia está principalmente na alimentação e no transporte. Mesmo que você não seja chef de cozinha, existem opções muito práticas, típicas e baratas nos supermercados.
Em Tel Aviv come-se muito bem. Especialmente se você é vegetariano ou vegano. Opções de locais veggie ou vegan para comer, de cafés a restaurantes, não faltam! Nos supermercados e mercados você também encontra uma infinidade de frutas e vegetais super frescos e por preços bem justos.
Sabe aquelas tâmaras carnudas que você acha apenas em mercados específicos e custam um rim no Brasil? Por lá você compra de balde! Isso sem contar o humus, tahine e outras iguarias da culinária do Oriente Médio que têm preços muito acessíveis!
Kebabs, falafel e shwarma tem em toda esquina e são uma dica pró para quem quer comer barato, embora não sejam as opções mais saudáveis.
Se você estiver em uma pegada Tel Aviv low cost recomendo que você conheça o Super Cofix, um supermercado onde tudo custa 5 shekels e vale muito a pena abastecer a geladeira por lá!
E sim, eu recomendo você ir ao supermercado em Israel, pois como tudo está escrito em hebraico você vai se divertir tentando adivinhar o que está por trás daqueles rótulos.
Se um dia você comprar homus achando que é tahine, não tem problema! Fiz isso várias vezes…
Uso a bicicleta como meio de transporte desde 2010 e adotei a magrela como estilo de vida desde que morava em São Paulo.
Em Tel Aviv decidi comprar uma bike de segunda mão para me locomover. Recomendo fortemente que qualquer pessoa faça isso. A cidade é totalmente ciclável e, mesmo sem ciclovias pela cidade inteira, há muito respeito e muitas outras bicicletas na rua.
Em Tel Aviv você vai ver um grande número de bicicletas elétricas e existe uma razão para isso. Primeiro, porque no verão as temperaturas ultrapassam facilmente os 40°. Segundo, porque ter um carro em Tel Aviv custa caro.
Como o transporte público não é dos melhores, a bicicleta acaba sendo a melhor opção para muitas pessoas, até mesmo para quem não gostam tanto assim de pedalar.
Por falar em transporte público, as linhas de ônibus são um pouco confusas e você vai encontrar diversas lotações pela cidade. Tel Aviv não tem metrô e o trem faz conexões apenas com locais mais distantes como o aeroporto e cidades vizinhas.
Caminhar por Tel Aviv, no entanto, não é nada difícil e também recomendo que você dê uns belos passeios pela cidade. É uma cidade muito viva e deliciosa para se caminhar.
Caminhando você vai se dar conta do costume tão bacana que os moradores têm de deixar livros nas calçadas e muros das casas, para que outras pessoas possam pegar e ler.
Da mesma forma, é nas ruas que você encontra grupos de danças circulares judaicas, com suas coreografias super sincronizadas.
Não sei se é por conta da história de Israel ou da tradição do povo judaico, mas o que senti nas ruas foi uma espécie de celebração da vida. Tem muita vida nas ruas (além de gatos!) Por isso, vale a pena caminhar por um tempo e sentir a vibe.
O que não falta em Tel Aviv são cafés bacanas para você encostar seu lap top e resolver a sua agenda do dia.
Porém, fica o alerta! Se você pensa em tomar apenas um cappuccino e passar a tarde toda no mesmo café, pode ser que você se torne persona non grata.
Ninguém vai te expulsar, com certeza. Mas toda hora alguém vai te interromper perguntando se você não quer consumir algo. Em Tel Aviv os cafés em geral são pequenos e, em alguns deles, o espaço é bastante disputado. Por isso, se não for consumir durante o tempo que estiver lá, pense bem.
Existem também boas opções de coworkings e de bibliotecas.
Eu não costumo trabalhar em coworkings porque confesso que o preço, para mim, não compensa. Porém, em Tel Aviv ganhei um dia de trabalho grátis em um espaço, o The Pub Hub, que de dia é coworking e de noite é um bar. Trabalhar entre garrafas de whisky foi bem engraçado.
Um dos locais que mais amei trabalhar foi no Google Campus. Sem dúvida, esse é o lugar para todo nômade digital ou criativo visitar. O escritório do Google Campus é simplesmente sensacional! Além do wi-fi, vista panorâmica, cadeiras ergonômicas, quitutes e café grátis, você sem dúvida vai conhecer uma galera bacana que anda pensando fora da caixa, mesmo!
Os dias em que o Google Campus abre para visitantes são quartas feiras e domingos. Vale a pena dar uma passadinha e também conferir a programação. Aos domingos, além do espaço para trabalho, o Campus oferece uma aula de yoga para começar bem o dia!
O Google Campus também disponibiliza um programa de mentoria onde você pode trocar ideias – com outros criativos inovadores que têm mais experiência que você – sobre o seu negócio, startup ou projeto. Nesses dias, o Google ainda paga o almoço! Me diz, como não amar?
Para quem anda pensando em um negócio com uma pegada de inovação, Tel Aviv é certamente um lugar para se conhecer.
Além de diversas startups de tecnologia, o que não faltam por lá são ideias criativas e sustentáveis. Achei, por exemplo, um telhado verde do Dizengoff Center que disponibiliza verduras orgânicas para você comprar dentro do shopping por preços muito baratos!
Achei que trabalhar 5 horas na frente do Brasil seria um problema. No entanto, foi uma ótima experiência. Todo freela tem aquele cliente que pede prazos de última hora ou passa por alguma situação que acaba atrasando a agenda. Com 5 horas de fuso na frente, no entanto, não tem tempo ruim! Eu nunca tive “manhãs” tão produtivas!
Existem inúmeras coisas bacanas para se fazer em Tel Aviv.
Além de conhecer alguns restaurantes e o incrível falafel/shawarma de rua, recomendo que você visite principalmente os mercados (Shuk Ha’Carmel, é uma boa dica!).
A cultura dos mercados veio do Oriente Médio, então por esses locais, além de muito sabor e cheiros, você vai sentir de perto a tradição das especiarias e descobrir porque os colonizadores se apaixonaram por elas na época das navegações.
Conhecer as praias é outro programa que não pode faltar. O Mediterrâneo é um mar azul estonteante e você vai se divertir passeando pela orla, onde artistas de rua, esportistas e gente do mundo todo se encontra.
Também vale a pena conhecer o Parque Yarkon, especialmente aos sábados, quando as famílias se reúnem para fazer churrasco e confraternizar.
Para quem não sabe, Tel Aviv é uma cidade cornubada, ou seja, que se juntou com outra. Yafo, ou Jaffa, é uma das cidades mais antigas do mundo e devido ao crescimento de Tel Aviv, hoje elas estão juntas.
Visitar Yafo é outro programa que não pode escapar do roteiro. Essa antiga vila de pescadores, toda feita em pedra é um charme com vista para o mar. E você ainda pode passar na ponte do zodíaco e aproveitar para fazer um desejo!
Eu sai de Tel Aviv bem apaixonadinha, confesso! Acho que o bacana de não criar expectativas é que os locais te surpreendem mais. E sim, Tel Aviv foi uma surpresa boa para mim.
Acho que para profissionais independentes e nômades digitais o maior entrave é o alto custo de vida da cidade. Porém, acredito que dá para dar um jeitinho e aproveitar as coisas incríveis que são de graça, como a vista do Mediterrâneo, por exemplo.
Para quem anda meio sem inspiração ou pensando em criar um negócio criativo, Tel Aviv é certamente um lugar para você pisar. Dizem que a criatividade vem da escassez. Não acho à toa que uma cidade construída em um ambiente tão desértico tenha se transformado em um pólo de tecnologia, startups e sim, de muita inovação e criatividade!
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