Realidade x Propósito: sem medo de sonhar, mas com os pés no chão

Realidade x Propósito: sem medo de sonhar, mas com os pés no chão

Como se manter motivado(a) diante dos obstáculos pessoais e profissionais ao mesmo tempo em que se persegue uma transição de carreira?
  Por Guilherme Lazzari
"You may say..."
Pensando por GaudiLab / Shutterstock

Levei bastante tempo para descobrir um propósito verdadeiro na minha vida profissional.

Foram mais de dez anos, desde a escolha por um curso universitário, graduação em Direito e atuação como advogado, até finalmente descobrir que nada disso realmente me fazia feliz.

Quando cheguei a esse período de autodescoberta, percebi que levaria um bom tempo para construir uma carreira em outra área, sem falar que minha zona de conforto (tempo, dinheiro e diversão) deveria ceder lugar a um novo projeto profissional.

Tenho 34 anos, ainda dependo do meu emprego como advogado e estou na busca por um “ofício” que me traga dinheiro, satisfação pessoal e qualidade de vida.

Mas por que lhe contei esse pequeno resumo da minha vida? Porque quero abordar um aspecto psicológico que se origina dessa encruzilhada:

Você é um realista pessimista ou um realista otimista?

Frustrada e feliz por GaudiLab / Shutterstock

A sua idade, o tempo que já passou, as contas do mês, o restaurante, o barzinho no fim de semana e aquela viagem tão sonhada, tudo isso pesa diante do pensamento “eu tenho que sair daqui!” que surge quando estamos de saco cheio com a rotina e as importunações de um trabalho que não se ama.

Ao mesmo tempo, costumamos ser sempre muito céticos sobre a situação do mercado de trabalho, a economia e as oportunidades lá fora.

“Tudo está tão certo e seguro onde estou, então para que arriscar?”

Há algum tempo, fui apresentado aos termos “realista otimista” e “realista pessimista”. Fiz uma pesquisa a respeito e descobri que alguns autores como Caroline Webb tratam desse assunto nos campos da psicologia, neuroeconomia e filosofia do sucesso.

Realista pessimista

É a pessoa que dá aos obstáculos e dificuldades um peso maior na balança, ignorando as chances de um projeto dar certo simplesmente por elas serem menores, se comparadas com aqueles fatores externos.

Realista otimista

É a pessoa que não ignora uma coisa nem outra. Ela sabe que os obstáculos e dificuldades são grandes e às vezes incontáveis. Contudo, sabe também que o acaso pode agir em seu favor.

A esse fenômeno, dá-se o nome de “serendipidy” em inglês. Mas o que significa?

Comemorando por Cineberg / Shutterstock

O New Oxford Dictionary define “serendipidy” como “a ocorrência e o desenvolvimento de eventos, por acaso, de forma satisfatória ou benéfica, entendendo o acaso como qualquer evento que acontece na ausência de qualquer projeto óbvio (aleatoriamente ou acidentalmente)”.

Isto não quer dizer que não devemos ter nosso planejamento e propósito bem definidos, trabalhar duro neles e aperfeiçoá-los conforme o tempo. Muito pelo contrário.

O que se deve interpretar desse conceito é que cada passo, cada decisão, cada abordagem, cada networking, curso, aula, link, pesquisa, leitura etc etc etc, devem ser compreendidos como uma possível janela ou brecha para novas e incontáveis possibilidades.

Ao procurar por uma coisa, pode-se deparar com algo melhor ainda! Não é uma questão de fé ou de sorte, mas algo científico.

Quanto maior o número de tentativas, maiores são as probabilidades de algo positivo resultar delas. É preciso dar chance ao acaso.

Mas o que fazer quando o caminho ainda não está claro?

Olhando o mapa por Mooshny / Shutterstock

Por mais caótico que possa parecer, é durante o processo de descoberta e/ou de procura que nos vemos diante de coisas ainda mais fantásticas.

No meu caso, minha jornada de autodescoberta se iniciou ao perceber que eu queria ser um profissional autônomo, escolher meus horários, trabalhar remotamente e me sentir apaixonado por um “ofício”.

“Beleza, eu não me sinto bem aqui e tenho alguma ideia do que quero. Mas o que devo fazer?”

Comecei a pesquisar por alternativas de trabalho remoto e, entre as opções que achei, descobri o marketing digital. Gostei da ideia de trabalhar com isso, mas ela ainda era muito vaga.

Fiz alguns cursos (fundamentos de marketing, Facebook Ads, Google Adwords, Google Analytics, etc) e decidi que me tornaria um consultor de marketing.

Logo após, veio a experiência de alguns jobs com Adwords e Facebook Ads nas minhas horas vagas, o que me animou, mas não me deixou extremamente empolgado.

Foi só um tempo depois que eu me identifiquei com a profissão que almejo agora: redator freelancer!

Trabalhar com escrita e com temas e abordagens variados me parece um trabalho dos sonhos, e vejo cada vez mais que existe muito mercado para isso!

Como se pode ver, a ideia de me tornar redator ainda não havia se apresentado claramente, mas eu já estava em uma busca insaciável por coisas novas, que nem vislumbrava antes.

Demorou, mas finalmente me vi ciente do que eu realmente quero para meu futuro profissional.

Que lição posso tirar disso?

Garota estudando por GaudiLab / Shutterstock

Se o caminho a ser trilhado ainda não está claro, faça um exercício mental de exclusão. Faça uma lista das coisas que você não quer na sua vida profissional e parta daí.

Seja realista, mas não deixe de sonhar e de nutrir esse sonho, por mais vago que ele seja. Dê chance ao acaso!

Obviamente, eu não trouxe aqui nenhuma fórmula, solução ou ideia brilhante para você que, assim como eu, está num processo de transição e/ou de autodescoberta.

O que espero desse artigo é ter trazido um ângulo diferente para se encarar as coisas e um espaço para debater essa fase de nossas vidas.

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 Publicado em 17/10/2018 Atualizado em 19/10/2018
Guilherme Lazzari Advogado formado pela UFPR - Universidade Federal do Paraná, atualmente é redator freelancer, com foco em produção de conteúdo para marketing digital. Cantor e compositor da banda curitibana de indie rock Urbanites.
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