De onde vem o interesse quase “religioso” dos millennials pelo trabalho?

De onde vem o interesse quase “religioso” dos millennials pelo trabalho?

Matéria da Fast Company busca responder porque mais pessoas estão se definindo pelo que fazem e para quem trabalham
  Por Giovanna Beltrão
Stock Photos Por Pressmaster / Shutterstock

Já parou para pensar em como você se apresenta quando conhece alguém? Geralmente, usa-se o nome e, em seguida, a profissão ou o lugar onde você trabalha. Principalmente se você tem menos de 40 anos. De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, jovens estão se interessando menos por religiões e, consequentemente, transferindo seus sensos de comunidade, sentido e identidade para o trabalho.

Em reportagem para a Fast Company, o jornalista Jared Lindzon apresentou dados e argumentos que tentam identificar as origens e razões dessa tendência. Para Rachel Bitte, que é chefe de pessoas do software de recrutamento Jobvite — que recentemente publicou se relatório anual Job Seeker Nation —, colocar tantas expectativas no trabalho pode ser algo “fora da realidade”.

“Temos vidas espiritual e física, gostamos de ter estímulos intelectuais em nossas vidas, temos nossas comunidades e nossas famílias e amigos; os seres humanos são complexos, e ter um equilíbrio realmente saudável requer todos esses componentes. […] Esperar que tudo isso venha do seu trabalho pode ser uma expectativa irrealista”, ponderou.

Segundo Lindzon, ao longo da história, o trabalho era, geralmente, considerado um fardo e um meio para um determinado fim. O lazer, por sua vez, era não só a recompensa do trabalho, mas, também, a base da cultura e da sociedade. “Como resultado, muitos previram que a riqueza individual levaria a mais tempo de lazer, enquanto a riqueza da sociedade diminuiria a duração do dia de trabalho, eventualmente eliminando-a completamente”, escreveu.

Mas, o que aconteceu foi exatamente o contrário. De acordo com uma pesquisa compilada pelo jornalista da Atlantic, Derek Thompson, que também é autor do livro Hit Makers (link afiliado), em 2005, os 10% mais ricos dos homens casados dos Estados Unidos trabalhavam a maior média de horas já registrada. Em 1980, a média era a menor. “Eu sempre fui curioso sobre esse fenômeno; por que os ricos estavam optando por comprar mais trabalho, já que podem comprar o que quiserem? […] Ocorreu-me que eles estavam colocando o trabalho no topo do pedestal, e esse grupo de elites americanas […] tinha essencialmente substituído uma definição antiquada de Deus por uma nova definição de divindade, que foi o trabalho” contou à FC.

Insustentável

Para o professor de estudos do lazer da Universidade de Iowa e autor do livro Free Time: The Forgotten American Dream (link afiliado), Benjamin Hunnicutt, uma sociedade construída unicamente sobre o trabalho não se sustenta. “Trabalhar por definição, no mercado — que é um lugar de competição — é difícil [encará-lo] como um lugar que me parece para a cooperação, para a generosidade e doação, para a realização de toda a nossa humanidade. […] Por definição, até mesmo os melhores de nossos trabalhos são sobre competição, de superar as pessoas ao nosso redor”, argumentou.

Para ele, uma sociedade que elogia o trabalho é implacável em relação ao mundo natural e às outras pessoas. Muitos estudos, inclusive, apontam que o culto exagerado ao trabalho estaria por trás de muitas das tendências negativas que afetam os millennials e os trabalhadores de forma mais ampla.

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 Publicado em 22/05/2019 Atualizado em 22/05/2019
Giovanna Beltrão Jornalista. Mestra em Jornalismo. Especialista em Processos e Produtos Criativos. Trabalha com Comunicação desde 2007. Se interessa por cultura, tecnologia, viagens e gastronomia. Acha estranho escrever sobre si mesma na 3ª pessoa.
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