Será que o redator freelancer cobra pouco pelos seus serviços?

Será que o redator freelancer cobra pouco pelos seus serviços?

Ser redator freelancer não é assim tão simples quanto parece.
  Por Roberta Reis
Precisamos refletir sobre preço e valor
Garota trabalhando por Isamare / Shutterstock

Fazer artigos diariamente, para as mais variadas empresas e nichos, com muita atenção para não cometer erros de português e com todo o cuidado para deixá-los atrativos e otimizados para SEO, é realmente muito desafiador.

Pelo menos pra mim, apesar de ser um trabalho muito prazeroso e que me trouxe grande satisfação profissional (se eu parar pra contar sobre a minha total falta de propósito com o meu emprego anterior vocês não iam acreditar!).

Mas o que me intriga é:

Como alguns desses profissionais podem trabalhar por tão pouco?

Foi pensando nisso que resolvi parar para escrever aqui!

Espero que as minhas ideias ajudem na reflexão sobre a importância do trabalho do redator e também sobre o valor que ele pode ter para o cliente!

O que pode levar o redator a cobrar pouco?

Sem grana, sem graça por Sloth Astronaut / Shutterstock

Acho que essa resposta é muito individual e depende do contexto de cada profissional.

Fora isso, o conceito de muito e pouco pode ser bem diferente para cada pessoa. Mas o pouco a que me refiro aqui é pouco mesmo, ao ponto de não pagar o mínimo de despesa do profissional.

Não que eu cobre um valor super alto ou que o meu trabalho esteja em um nível mega extra plus superior, até porque não faz muito tempo que eu embarquei nessa, mas considerando os preços que tenho visto no mercado, achei interessante propor essa reflexão.

Mas não, nem sempre eu pensei assim. Só que depois de estudar, de ler livros de empreendedorismo, de escutar alguns podcasts – inclusive o do Aparelho Elétrico – comecei a ter uma visão completamente diferente do meu trabalho.

Basicamente, passei a ver o valor daquilo que eu entregava e entendi que esse valor merecia um reconhecimento por parte do cliente.

Percebi também que se ele não reconhece isso, com certeza vai acabar me dando um bocado de trabalho. E no final das contas foi exatamente isso que aconteceu com alguns por aí.

Bom, eu acho que a reflexão aqui é:

Será que nesse caso não é melhor abrir espaço para clientes que realmente veem valor no nosso trabalho?

Encher a agenda de demanda e ganhar aquele pouquinho no final do mês talvez não seja a estratégia mais eficiente, não acha?

Mas será que nós mesmos vemos o valor que tem a nossa entrega?

Somos capazes de fazer um bom texto, atrativo, que promove o negócio do cliente, que vai ainda com as técnicas de SEO e que tem mais um monte de coisas que ajudam ele a ganhar autoridade, a ser visto pelo público, a conquistar acessos no blog e até a fechar mais vendas?

Será que temos noção do valor que isso tem? O cliente paga pouco, mas e nós, ganhamos o que? Qual é a contrapartida dessa parceria? Ou será que na verdade não é uma parceria?

Mas tem um lance aqui que também é importante. Será que precisamos aprimorar os nossos conhecimentos e nos capacitarmos? O nosso artigo atende as necessidades do cliente?

Também não adianta a gente aumentar o preço se antes temos que aprender mais para aí sim darmos o nosso melhor e encantarmos a pessoa que nos contrata.

Mas se nos capacitamos, fazemos cursos, lemos artigos e livros, ouvimos podcasts e fazemos bons textos otimizados e de acordo com aquilo que o cliente precisa, talvez seja hora de revermos o nosso preço

Será que o redator acha que o seu trabalho na verdade não tem valor?

Dinheiro minúsculo por W. Scott McGill / Shutterstock

Esse é um ponto bem interessante.

Eu acho (e só acho porque nunca fiz nenhum tipo de estudo sobre isso) que tem tanta gente aceitando trabalhar por pouco, que o cliente acabou “entendendo” que é assim que funciona. Vai saber?

Resultado? O redator tem medo de cobrar mais e ficar sem cliente!

Eu já passei por isso, aceitei alguns jobs por um preço menor. Mas na hora que eu entendi o valor do meu trabalho, revi completamente a tabela de preços.

E quando eu percebia que o cliente não ia fechar comigo porque achava que o preço estava alto, me dava aquela vontade louca de aceitar, e algumas vezes eu realmente aceitei.

Só que no final das contas, quando pesava tudo isso na balança, percebia que não valia a pena.

Outros que pagavam o meu preço me valorizavam muito mais. Então eles são especiais? Na verdade não. Esses clientes apenas viram o preço e entenderam que valia a pena pagar por ele. E aí a relação começou saudável e na base da parceria.

Aquele que ficou pedindo desconto, que disse que o meu preço estava muito acima dos demais redatores, que não concordava em pagar e mais um monte de coisas (caso verídico, já escutei tudo isso), me deu uma baita canseira. E esse estresse realmente não vale a pena. Acabei tendo que “demitir” o cara, literalmente!

O que eu quero dizer com tudo isso? Se você acha que vale a pena pegar o job, tudo bem, mas será que não é melhor gastar energia em busca do cliente que vê valor no seu trabalho?

Onde será que está esse cliente? Vale a pena fazer um portfólio? E um blog? Tem divulgado os seus artigos? Já pensou em criar uma fanpage no Facebook? Usa o Linkedin? Quais plataformas para freela são legais? Compensa uma campanha no Google Adwords?

Como eu consegui ver o valor do meu trabalho?

Garota cobrindo os olhos por Koldunov / Shutterstock

A primeira coisa que eu fiz para enxergar valor no meu trabalho foi escolher alguns profissionais para acompanhar.

O pessoal dos podcasts do Aparelho Elétrico são algumas dessas pessoas. Acompanho outras poucas, todas empreendedoras e com uma visão de crescimento, de desenvolvimento, de superação de obstáculos, de tentar de novo e coisas assim.

A maioria delas passou por momentos de fracasso, mas também de superação. E isso tudo me inspira demais!

Fora isso, esses profissionais são muito competentes e realmente deram certo nas suas empreitadas.

Enfim, a minha dica é: escolha alguns profissionais para você acompanhar, que façam podcasts ou que tenham blogs com informações que te ajudem a refletir, amadurecer e aprender.

Não recomendo sair atirando pra todos os lados porque eles podem pensar diferente uns dos outros e a chance de você começar a ficar confuso é muito grande. Então, escolha alguns que acha que “combinam” com você e vai em frente.

Fora isso, gostaria de recomendar um livro que me ajudou muito a rever a minha forma de pensar, e não só com relação ao valor do meu trabalho, mas a um monte de outras coisas. Talvez você até já tenha ouvido falar, chama Mindset: A Nova Psicologia de Sucesso, da Carol Dweck.

Livro Midset de Carol Dweck

Não se preocupe que ele não é um livro de autoajuda não. Na verdade, o exemplar nos leva a reflexões sobre a nossa vida pessoal e profissional.

Bom, pra você entender um pouco, depois de muitos estudos, Carol definiu dois mindsets, o fixo e o de crescimento.

No fixo você acredita que já nasceu com as suas habilidades, então, se quiser desenvolvê-las, esqueça!

Já no de crescimento você acha que qualquer habilidade pode ser desenvolvida, desde que treine e exercite essa habilidade.

Depois que eu li esse livro passei a ficar em uma constante busca pelo mindset de crescimento, o que tem feito muita diferença na minha carreira.

Mas o que isso tem a ver com o tema?

Tem tudo a ver. Com um mindset de crescimento somos capazes de arriscar uma negociação de preço com o cliente porque passamos a ter mais resiliência (capacidade de sair rapidamente da situação difícil e ir atrás de novas possibilidades) na hora que ouvimos um “não quero te contratar porque o seu preço está alto”.

Conseguimos ver que o nosso trabalho tem realmente valor e começamos a correr para encontrar o cliente que também vê esse valor.

Fora isso, esse tema está muito relacionado com o nosso desenvolvimento enquanto profissionais.

Pense comigo: se você acha que nunca vai ter determinada habilidade, então acaba não indo atrás de desenvolvimento. Ao passo que se acreditar que é capaz de evoluir, passa a buscar alternativas e, consequentemente, vai aprender e crescer.

Enfim…

Espero ter conseguido propor a reflexão que tanto queria.

Mas eu gostaria muito de saber o que os outros freelas que acompanham o Aparelho Elétrico pensam sobre essa questão dos preços e do valor. Comentem aqui?

 

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 Publicado em 14/06/2018 Atualizado em 04/10/2018
Roberta Reis Redatora Freelancer e mãe da Manu, que trabalhou em grandes empresas por anos e anos, mas acabou se encontrando mesmo na vida de freela. Conheça mais do trabalho dela aqui.
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