A primeira vez que recusei um projeto

A primeira vez que recusei um projeto

A história de uma experiência em dizer "não" para um cliente. Foi difícil, mas sobrevivi para contar!
  Por Dani Lima
Pra tudo sempre tem uma primeira vez.

O maior insumo para o trabalho criativo é informação. E informação precisa ser comunicada – dita, ouvida e entendida. A cada projeto, ganho mais experiência e fico mais convencida disto. Uma boa troca de informações é a base fundamental para um bom projeto.

Pensando nisto, vou moldando meus processos. Sempre converso com futuros clientes antes de enviar uma proposta. Meu próprio modelo de proposta tem uma parte que se assemelha a uma carta, que explica quais os passos para fecharmos o negócio e começarmos a criar.

 

Mas nem só de projetos bem sucedidos vive o freelancer. Esta é a história de como recusei um projeto pela primeira vez.

Bom, na verdade eu já tinha recusado projetos antes. Mas era por conta das circunstâncias e não uma escolha. Projetos que eu não podia cumprir o prazo, por exemplo. Mais recentemente, depois que decidi focar somente em desenvolvimento de marcas, já recusei projetos de site. O que torna esta história diferente é que este era um projeto cujo prazo eu podia atender e que estava dentro do meu foco. E, depois de diversas trocas de e-mail, eu disse ao cliente que eu não poderia atendê-lo.

 

Deu um baita frio na barriga. Mas por que eu recusei este cliente?

O negócio estava praticamente fechado. Proposta enviada e aceita, faltava confirmar o pagamento e marcar uma data para o início do projeto. Mas a cada interação com o cliente para tentar acertar estes últimos detalhes, o relacionamento já ia se complicando. A cada interação,  vários questionamentos sobre a minha forma de trabalhar.

 

É importante dizer que não vejo problemas no cliente questionar a minha forma de trabalho.

A comunicação inicial é para isso mesmo, para que ambas as partes saibam exatamente o que esperar do acordo do trabalho. Mas neste caso, a cada vez que eu explicava alguma parte do meu processo, o cliente retornava com mais questionamentos. Não estávamos nos entendendo. O cliente estava com pressa de iniciar e receber o trabalho, mas obviamente não estava confortável em realmente dar início ao projeto.

Neste ponto, eu faço um mea culpa. Percebo que cometi alguns erros nesta negociação em particular, exatamente por ter me afastado do meu processo habitual no início do relacionamento. De qualquer forma, a esta altura, o mal estava feito. Lá estava eu, trocando emails com um cliente que conseguia ser, ao mesmo tempo, ávido e relutante.

 

A cada mensagem, meu estômago embrulhava. Eu dizia A, ele me respondia B querendo mudar para C.  Até que eu me dei conta: “Se não conseguimos nos entender agora, antes do início do projeto, como vai ser depois? Quando eu precisar entender direitinho tudo sobre o negócio dele para poder fazer meu trabalho?”

Minha intuição estava praticamente gritando. Aquele cliente não era pra mim. Não era por questões de prazo, dinheiro ou foco. A gente não se encaixava bem, só isso. Ou, como se diz popularmente: “nosso santo não batia”.  Depois daquele processo estressante simplesmente para fechar o negócio, me parecia muito improvável que a comunicação rolasse fluida durante o projeto.

Então, tomei coragem (e o conselho de alguns amigos) e mandei um e-mail, declinando do projeto. Tentei ser o mais educada possível, explicando exatamente o que disse neste artigo, mas em outras palavras. Deixei as portas abertas, inclusive para ajudá-lo a encontrar outro profissional ou dar opiniões. Nunca recebi resposta. Mas eu até já esperava por isso, dada a minha breve experiência de relacionamento com este cliente.

Não foi fácil tomar essa decisão. Não foi fácil mandar o e-mail. E tenho que conviver com as consequências – por mais que eu tenha mantido uma postura profissional durante todo o processo, não acho que este cliente irá me indicar para ninguém. Mas eu achei melhor arriscar isto, do que arriscar todo o trauma de um projeto ruim com um resultado ruim.

 

Mas essa situação me ajudou a ganhar confiança no meu processo de trabalho. Ele faz parte do serviço que desejo oferecer e entregar aos meus clientes.

Ele não vai ser o melhor pacote para todos os clientes, mas o mais importante é que seja o melhor pacote para aqueles clientes que me escolherem como freelancer. Com estes clientes, será possível uma boa troca de informações, um relacionamento positivo e a consequência disso será um projeto muito legal e com um resultado que nós dois poderemos nos orgulhar. 

E você? Já lidou com alguma situação assim? Já abriu mão de algum cliente ou projeto por sentir que aquilo não era pra você? Como isso se refletiu na sua carreira? Conta aí embaixo!

 

Todas as informações contidas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não necessariamente refletem a opinião do site. Quer publicar suas ideias no Aparelho Elétrico? Colabore.

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 Publicado em 08/07/2016 Atualizado em 07/02/2019
Dani Lima Freelancer, designer de marcas, mãe, whovian, corredora, nerd, introvertida e feminista. Mas nem sempre nessa ordem. Para mais bate-papo ou para ser o meu próximo projeto favorito, dá uma olhada em danilima.com.br
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