Chiang Mai para freelancers e criativos em geral

Chiang Mai para freelancers e criativos em geral

Esta cidade da Tailândia - que atrai nômades digitais do mundo todo - conquista pelo networking, mas deixa a desejar na qualidade de vida.
  Por Vinny Campos
Chiang Mai

Nesse artigo vou ajudar você freelancer que pretende explorar ou estacionar por um tempo na capital dos nômades digitais, Chiang Mai.

Sou nômade e esse foi um dos motivos que me levou para a cidade. Mas aqui não irei levantar questões sobre nomadismo, hoje o foco é vida freelancer e como foi minha experiência por lá.

Panorama Geral

Chiang Mai é uma cidade ao norte da Tailândia e ganhou destaque por suas montanhas, relação espiritual e agora, devido ao grande volume de nômades vivendo na cidade.

E porquê tantos nômades vivem por lá? Muitos estão pela paz de uma cidade mais interiorana e outros pelo custo de vida. Mas o que acho que atrai mesmo em Chiang Mai é o networking.

Onde morar?

Tem duas regiões que conhecemos e acredito que sejam as mais tranquilas para nós, ocidentais.

Uma delas é a Old City, que é onde a maioria dos turistas ficam, por ter diversos restaurantes, templos e acomodações.

Porém, não é o local que sugiro. Caso você esteja querendo ter uma experiência completa como nômade digital/freelancer, sugiro que fique na região onde fiquei, Nimman. Devido a diversas facilidades como restaurantes, cafés/working spaces e eventos, lá se concentra a maioria dos nômades e estrangeiros.

Nesta região, você vai encontrar diversas opções com quartos com geladeira, cama e banheiro, apartamentos completos, hostels e opções no Airbnb.

Nós escolhemos um local simples, apenas com quarto, geladeira e banheiro. Era bem localizado e limpo. Com todas as contas, nosso mês ficou por 8000 baht (cerca de R$ 800,00). Mas com uma péssima internet e ainda tivemos que pagar 600 baht extras por device. Compramos apenas um device para emergências. O resto ficou por conta dos nossos 4G, que eram até bem rápidos.

Onde comer, o que comer e quanto custa?

Dizem que Chiang Mai é um dos melhores pontos para comer na Tailândia. Estou escrevendo esse artigo de Bangkok, já passei também por Sukhothai, e por enquanto, Chiang Mai continua de fato se destacando. Além das opções ocidentais, você vai encontrar diversas opções tradicionais da gastronomia Tailandesa.

Uma das opções mais rápidas é a comida de rua. Existem diversos carrinhos de comida que fazem espetinhos, omeletes, sopas, etc. Em alguns casos, você mesmo monta seu prato, quase um esquema de self-service.

Você paga cerca de 30 a 50 baht. Mas é bom ficar de olho, os padrões de higiene são bem diferentes dos do Brasil. Para evitar problemas intestinais, tente escolher lugares onde veja um bom movimento de comida, quanto mais movimento, mais fresco será seu alimento.

A outra opção é comer em alguns dos restaurantes tailandeses, mas o custo sobe pra cerca de 60 baht.

 

Se você cansar da comida oriental, consegue encontrar algumas opções como fast-food e restaurantes italianos (o que sempre nos salva quando cansamos da comida local).

Porém comer em restaurantes ocidentais tem um custo “alto”. Uma pizza sai a partir de 180 baht e um prato de macarrão custa a partir de 200 baht.

E comer em casa, rola? 

Então, Chiang Mai tem alguns mercados bem baratinhos. Algumas opções são o Big C, que fica um pouco afastado, e um mercado dentro do Shopping Maya, com diversas opções ocidentais.

Mas dependendo do que você come, não vale a pena fazer refeições em casa. A menos que você esteja em busca de mais qualidade de vida e quer evitar sair todo dia em busca de comida.

Ah, além das opções que comentei, existe uma rede de lojas de conveniência que está por todo lugar, a 7Eleven. Lá você encontra comidas de micro-ondas e outras opções rápidas. Nada muito nutritivo e saudável, porém pode ser um recurso para ganhar tempo.

E a cerveja?

Existem 3 marcas de cerveja mais famosas na Tailândia, Chang < Leo < Singha, nessa ordem de qualidade, sendo a Singha a melhor. Em um paralelo seria:

  • Chang: Cintra;
  • Leo: Brahma;
  • Singha: Bohemia.

Vale lembrar que as cervejas, no geral, são servidas levemente quentes. Na Tailândia não existe a cultura de servir a cerveja estupidamente gelada. O gelo é opcional. Particularmente, sempre pedia sem gelo e rezava pra cerveja chegar gelada.

Como se manter conectado?

Chiang Mai, mesmo sendo a capital dos Nômade Digitais, não é tão digital assim.

É normal ouvir histórias sobre acomodações com internet sofríveis. Mas o que pode ser preocupante é justamente o que torna a cidade incrível. Se a conexão nas casas funcionasse bem, talvez as pessoas não fossem tanto às ruas e o networking fosse menor.

Para se manter conectado, você pode contratar o 4G da AIS, que é uma operadora que além da conexão no celular, oferece também diversos hotspots pela cidade e pelos coworkings. Você paga pela quantidade que vai usar, planos de 5gb por 600 baht e 14Gb  por 1000 baht.

Vale lembrar que se você é do tipo caseiro e conseguiu um apartamento com boa conexão, não fique em casa! Explore os coworkings e cafés.

Onde trabalhar?

Lembram que falei que o que não falta em Chiang Mai são cafés e Working Spaces? 

Um dos mais famosos espaços é o CAMP, que fica no último andar do Shopping Maya, com uma conexão que chega a 300mb e uma estrutura que deixa qualquer arquiteto com inveja. É, com certeza, um dos principais locais para trabalhar.

Quem tem contratado um plano com Super Wifi da operador AIS, pode usar a conexão à vontade, quem não tem, basta pegar um café para ter acesso.

O CAMP lota, chegue cedo. Senão vai ficar nos lugares mais desconfortáveis e sem encosto para as costas.

Caso você seja uma pessoa que sofre com o frio, leve um casaco, o CAMP é conhecido por esfriar a cabeça de quem fica muito tempo por lá.

O que não faltam são espaços onde trabalhar. Tente variar, os espaços trazem a oportunidade de conexões com diversas pessoas. Na maior parte dos lugares, basta pegar um café, se conectar à energia, e então você pode ficar lá o dia todo. Mas tente, pelo menos, consumir o que é oferecido pelo espaço.

Outra dica: converse com as pessoas. Como todos estão lá com projetos rolando, você pode ser a pessoa perfeita para o projeto do cara ao seu lado.

Todos estão abertos a conversar sobre seus projetos. Seja aberto a conversar também, leve fones de ouvido para ouvir suas músicas, mas fique atento ao que acontece ao seu redor. Ir a Chiang Mai e não conversar com ninguém é perder oportunidades.

Ah! Cuidado, depois de fazer muitos contatos, você pode não conseguir terminar sua pauta de trabalho. Mas garanto que, mesmo nos dias que não produzir, vai ter contatos valiosos para seus próximos projetos.

Como posso me locomover?

Chiang Mai tem dois meios de transporte tradicionais, os Tuc Tucs e os Red Trucks

Os Tuc Tucs são uma espécie de táxi. Você negocia na hora o valor. Geralmente cabem 2, 3 ou 4 pessoas, dependendo do modelo.

Vale andar pelo menos uma vez, pela experiência. Chegamos a pagar 100 baht em uma corrida de pouco mais de 4 km.

Já os Red Trucks são como uma pick-up com cabine. Eles tem um certo trajeto definido, mas percebi que eles variam. Alguns deles, se estão vazios e você negociar, podem te levar até Bangkok! De Nimman até a Old City eu costumava pagar de 20 a 30 baht, dependendo da negociação. Para um comparativo, com os Tuc Tucs, a distância era pouco mais que 4 km também.

Além dos dois modelos tradicionais, você pode usar Uber que sai bem barato. Ou ainda alugar uma moto ou bicicleta. Dizem que a melhor maneira de conhecer a cidade é de moto, devido a liberdade.

Mas caso fique na região de Nimman, não terá problemas em se locomover a pé. Inclusive recomendo que explore as ruas e não fique apenas na avenida principal.

Como receber pagamentos?

Muito dos empreendedores que vivem em Chiang Mai, trabalham com programas de afiliados.

Uma das formas de receber esses pagamentos, e fazer saques, é o Payoneer. É um ótima escolha pois além de você receber pagamentos online, ganha um cartão para poder sacar em qualquer lugar do mundo (alerta: com taxas).

Não é fácil receber de pessoas via Payoneer. Porém, muitos empreendedores em Chiang Mai já possuem créditos no seu cartão. Então muito dinheiro acaba sendo movimentado entre contas Payoneer.

Outra forma é o velho conhecido PayPal. Faça a sua conta para poder receber pagamentos online, só não esqueça de computar as taxas extras que a plataforma cobra.

Essas foram as duas formas que recebi lá. Não conheci pessoas que abriram contas em bancos na Tailândia. Até porque muitos estavam apenas de passagem.

Existe qualidade de vida em Chiang Mai?

Esse é o ponto que me desanimou. Inicialmente o plano era ficar dois meses e dependendo da experiência ficaríamos até três! Mas pra mim, qualidade de vida é fundamental.

Cozinhar em casa, ter uma boa conexão de internet, me alimentar bem, estar em um lugar que considero bonito e que me estimule criativamente, isso tudo é qualidade de vida pra mim. E, infelizmente, não encontrei em Chiang Mai.

Muitas pessoas amam essa cidade. Mas acredito que devido a estrutura dela, não entra no meu Top 10. Por outro lado, em relação a conexões e contatos, entra certamente no meu Top 3.

Quanto tempo posso ficar e quais os documentos necessários?

Como somos brasileiros, não precisamos de visto. A autorização é concedida na entrada e é válida por 3 meses.

Para estender a estadia, muitos fazem uma manobra chamada Visa Run, consiste em você ir para outro país e voltar para então ganhar novamente mais 3 meses de permanência.

Conclusão

Chiang Mai tem o principal elemento para um freelancer, projetos e pessoas abertas a se conectar.

Não acredito que você encontrará projetos milionários. Porém, vai ter demandas para manter seu fluxo de trabalho e sua vida como freelancer.

O curioso é que, saindo de Chiang Mai, me deu vontade de ficar um pouco mais. Depois que você conhece a cidade, aprende a lidar com ela, faz uma grande quantidade de conexões com as pessoas, você começa rapidamente a criar raízes.

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 Publicado em 15/12/2016 Atualizado em 04/10/2018
Vinny Campos Designer apaixonado por música, arte, quadrinhos, viagem e cerveja. A frente do Studio Lhama, com clientes como Anderson Silva, CPM 22, Supla, Marcelo D2 entre outros. É freelancer há 8 anos e nômade digital há 2 anos.
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